Em meio a temor de apagões, empresas mineiras apostam em geradores para minimizar riscos
Diante do temor de sobrecarga na rede elétrica, impulsionado pelo crescimento da geração solar distribuída, empresas de diversos segmentos em Minas Gerais têm adotado uma nova estratégia para evitar prejuízos: a contratação preventiva de geradores de energia.
O alerta veio do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que identificou o fenômeno do “fluxo reverso” – quando a energia gerada por painéis solares em residências e comércios, e não consumida, retorna para a rede elétrica. Esse excedente, que cria uma “via de mão dupla” nos circuitos, pode levar à sobrecarga do sistema. Minas Gerais, segundo o relatório, é um dos estados com maior incidência do problema: 43% das subestações de fronteira já apresentam esse fluxo reverso.
Embora o ONS garanta que não há risco iminente de apagões, o setor produtivo de Minas tem buscado se antecipar. De janeiro a abril deste ano, a empresa Tecnogera, com filiais em Contagem e Uberlândia, registrou um aumento de 29% nos pedidos por geradores de energia no Estado em relação ao mesmo período de 2024. Somente em abril, a média de consultas em Minas saltou de 36 para 75, um crescimento de 110%.
“Seguro energia” vira estratégia de gestão

Segundo o diretor operacional da Tecnogera, Paulo Alves, os primeiros a procurarem por geradores foram negócios de varejo, como farmácias, panificadoras e petshops. Em seguida, o movimento se expandiu para grandes indústrias de bebidas, etanol e energia, que também estão interessadas em soluções mais sustentáveis.
“É importante salientar que são sistemas híbridos: hibridização solar, geração térmica, diesel ou gás, e bateria maximizando essa utilização”, afirma.
A principal estratégia adotada pelas empresas é o modelo stand by, em que o gerador já fica instalado e preparado para entrar em operação automaticamente em caso de queda de energia.
“O stand by tornou-se mais viável exatamente porque, com as fortes chuvas e apagões, muitas empresas não conseguem esse tipo de equipamento na hora da emergência. É o que chamamos de ‘seguro energia’, algo indispensável para enfrentar as instabilidades cada vez mais frequentes”, explica Alves.
Alta de 35% também é registrada pela MS Geradores

A MS Geradores, empresa que também atua no Estado, confirma a tendência de alta na demanda. Segundo o gerente comercial da empresa, Rafael Genaro, o número de solicitações cresceu 35% em relação ao ano passado.
“Observamos um aumento significativo na procura por geradores nos últimos meses, principalmente em Belo Horizonte e região metropolitana. Esse crescimento está diretamente relacionado ao receio de apagões, que tem feito muitas empresas buscarem soluções preventivas”, afirma Genaro.
“Os setores que mais têm liderado essa demanda são o varejo, data centers, supermercados, hospitais e empresas do agronegócio”, completa.
Ele também destaca outros fatores que têm pressionado o mercado de energia, como roubos de cabos, que têm gerado surpresas e prejuízos a empresas.
Setores críticos puxam fila por geradores de energia
A maior parte da demanda ainda é para uso emergencial (stand by), mas cresce o interesse por geradores para operação contínua, especialmente em áreas remotas ou em processos produtivos sensíveis.
“Os segmentos que mais se antecipam são os que não podem correr riscos de interrupção, como hospitais, data centers, supermercados e empresas industriais. Mas também temos percebido uma conscientização crescente por parte do comércio e de escritórios, além de um aumento exponencial da demanda em residências de alto padrão”, relata Genaro.
Além disso, o mercado privado tem crescido, enquanto a demanda do setor público recua, com menos editais e contratações governamentais.
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