Empresas de TI e internet dobram fusões e aquisições em Minas Gerais

Os setores de tecnologia da informação (TI) e de internet impulsionaram as operações de fusões e aquisições de empresas em Minas Gerais no primeiro trimestre deste ano. Segundo levantamento da KPMG, uma das quatro grandes empresas do ramo de auditoria e consultoria empresarial no mundo, o Estado registrou 37 operações do tipo no período, alta de 105,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 18 transações.
De acordo com o estudo, das 37 operações no Estado, nove foram no setor de tecnologia da informação e outras nove entre companhias de internet. Já no cenário nacional, as empresas brasileiras realizaram 330 operações de fusões e aquisições no primeiro trimestre do ano, uma queda de 6% na comparação ano a ano, quando foram fechados 350 negócios no País.
Segundo o sócio da KPMG da área de consultoria em fusões e aquisições, Paulo Guilherme Coimbra, o movimento de compra de empresas de TI e de internet faz parte do processo de transformação digital das organizações de Minas Gerais, o que acontece também de forma nacional. “A atividade de fusões e aquisições destes setores foi realizada por vários fundos que participaram de rodadas de investimentos no início deste ano”, disse.
A turbulência na economia mundial, com a guerra comercial causada pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e com a guerra na Ucrânia e as tensões no Oriente Médio, junto, no cenário interno, com o crescimento da taxa básica de juros, atualmente em 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006, dificulta o aumento dessas transações.
“A alta da taxa de juros dificulta o financiamento de funding de uma operação. Isso quer dizer que torna efetivamente uma dificuldade financiar, de concluir a transação, porque é preciso ter capital próprio”, analisa. “O segundo aspecto diz respeito à questão geopolítica internacional. São aspectos que também afetam o cenário econômico de Minas”, completa.
No entanto, o executivo da KPMG avalia que os investidores aproveitaram a realização das rodadas de investimentos das startups, no início do ano, para aportar em fusões e aquisições em setores fundamentais para automatização de processos, aumento de eficiência operacional e redução de custos das empresas, como as empresas de TI e as companhias de internet.
Na avaliação de Coimbra, o interesse dos fundos de investimento pela compra e venda de empresas de Minas Gerais relacionadas à tecnologia da informação e a internet deverá se manter, até por conta desse investimento ser um movimento nacional e visto pelo mercado como prioridade para organizações que querem reduzir custos.
“Contudo, a expectativa é que este ano ainda seja um ano que vai requerer cautela por parte dos investidores, por questões de taxa de juros, efetivamente, e ainda pela questão geopolítica. Por outro lado, haverá oportunidades que poderão gerar grandes transações, por conta das questões de reestruturação de empresas muito endividadas e de portfólios”, destaca Coimbra.
Maioria das fusões e aquisições em Minas Gerais foram entre empresas nacionais
O levantamento sobre fusões e aquisições da KPMG é realizado com empresas de 43 setores da economia brasileira. Além das operações no setor de TI e companhias de internet, no primeiro trimestre deste ano, em Minas Gerais, foram realizadas quatro transações com instituições financeiras, três nos ramos de seguros e outras três em companhias de energia.
Outras transações de fusões e aquisições ocorreram nos setores de educação e em mídia e telecomunicações, duas em cada ramo, além de uma nos ramos de revenda de veículos, na indústria alimentícia e de tabaco, no setor de transportes, na mineração e na construção.
Das 37 operações de fusões e aquisições mineiras nos primeiros três meses do ano, 28 foram domésticas, entre empresas nacionais. Outras sete operações em Minas Gerais ocorreram com a aquisição de empresas de brasileiros, com capital estabelecido no País, por parte de um empreendimento de capital majoritariamente estrangeiro.
As outras duas transações em Minas Gerais, no primeiro trimestre do ano, foram a aquisição de uma empresa com capital estabelecido no País, mas controlada por estrangeiros, por outra que conta com maior parte do capital no exterior, e um empreendimento com capital estabelecido no Brasil, mas também controlada por estrangeiros, sendo comprada por uma empresa de capital majoritariamente nacional.
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