Economia

Endividamento atinge 89,8% das pessoas em Belo Horizonte

Índice chega a 90,2% nas famílias com renda superior a dez salários mínimos, aponta pesquisa
Endividamento atinge 89,8% das pessoas em Belo Horizonte
Maior parte das dívidas em BH se concentra no cartão de crédito | Crédito: volff / stock.adobe.com

No mês de novembro, 89,8% dos consumidores estavam endividados em Belo Horizonte, o que representa uma elevação de 2,5 p.p., na comparação com o mês imediatamente anterior. O cartão de crédito segue como o principal compromisso financeiro assumido pelos consumidores na capital mineira, com 86,8% dos endividados comprometidos com esse tipo de dívida.

As informações são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e apurada pelo núcleo de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG).

O resultado representa o segundo aumento consecutivo do indicador. Na comparação com o igual período do ano passado, foi apurado aumento de 1,1 p.p.

A taxa aumenta para 90,2% entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, e baixa para 89,7% entre aquelas com até dez salários mínimos. Mesmo assim, a maioria dos moradores de Belo Horizonte se considera pouco endividada (45,6%).

A economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins, conta que a retomada do fluxo de pessoas no comércio e a proximidade com o Natal geram um aumento no consumo e, consequentemente, na procura por crédito. Ela explica que esse comportamento, somado a fatores como a inflação, contribuem para o aumento do endividamento das famílias. “Esse aumento do endividamento pode ser justificado pela maior busca do crédito pelas famílias para o consumo tradicional de final de ano”, explica.

Essas dívidas comprometem, em média, 31,9% da renda familiar, podendo elevar para 32,2% entre as famílias com até dez salários mínimos. O levantamento também apurou que 13,2% dos consumidores não terão condições de quitar suas dívidas, ou seja, 0,5 p.p. a menos que em outubro deste ano; no caso das famílias que recebem até dez salários mínimos, esse número sobe para 14,7%. De acordo com a Peic, os endividados possuem um tempo médio de comprometimento da renda de aproximadamente sete meses. 

Dentre as famílias com dívidas a pagar, 32% afirmam não ter condições de honrar com os compromissos; 43% disseram que poderiam quitar parte de suas contas atrasadas e 24,7% acreditam que serão capazes de pagá-las totalmente.

O cartão de crédito segue na liderança entre os tipos de dívidas. Ele é conhecido, entre os consumidores, por sua facilidade no uso, permitindo que as pessoas possam realizar suas compras do dia a dia com a modalidade de crédito. O resultado deste comportamento, segundo a pesquisa, é 86,8% dos endividados comprometidos com esta modalidade; entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, esse número sobe para 95,9%. Os demais destaques são: cheque especial (16,6%) e carnê (15,5%).

Gabriela Martins afirma que há uma tendência de aumento no endividamento por conta do Natal, mas a economista ressalta que o endividamento, por si só, não é algo ruim; ele se torna um problema depois que o consumidor se torna inadimplente. “Enquanto as famílias conseguem fazer a utilização do crédito e honrar com seus compromissos financeiros, o consumo aumenta por meio do crédito e isso gera um reflexo positivo para toda a economia, em especial para o setor do comércio. Essa época do ano, em especial, é marcada pelo aumento do consumo familiar, seja com presentes, festas e/ou viagens, o que pressiona os níveis de endividamento para cima, sendo portanto, um comportamento esperado”, esclarece.

Inadimplência é menor

Mesmo com esse aumento do endividamento, as famílias da capital mineira estão conseguindo honrar com seus compromissos. Em novembro deste ano, a taxa de inadimplência entre essas famílias reduziu 0,9 p.p. na comparação com o mês anterior, alcançando 41,3%; porém, esse índice cresce entre as famílias com renda igual ou inferior a dez salários mínimos (43,3%). Gabriela Martins conta que esse comportamento é influenciado pela injeção de dinheiro na economia, principalmente pelos recursos disponibilizados por meio do Auxílio Brasil; já que estes contribuem para o aumento da capacidade de pagamento e consumo das famílias de baixa renda.

“A diminuição da inadimplência é sempre um bom termômetro, visto que tal comportamento demonstra que a população está conseguindo manter seus compromissos financeiros em dia, permitindo a manutenção do acesso ao crédito e possibilitando maiores níveis de consumo”, destaca a economista.

Outro fator que deve contribuir para a redução do índice de inadimplência em Belo Horizonte, apontado pela economista da Fecomércio MG, é o pagamento do 13º salário. Ela relata que existe um comportamento do consumidor, já esperado, de utilizar esse recurso para quitar dívidas em atraso e de contas de início de ano – como IPTU, IPVA e matrícula escolar. “Só após o pagamento das dívidas em atraso, que os consumidores tendem a alocar sua verba para o pagamento de compras à vista. O 13º também se destaca no uso para investimentos variáveis e também em poupança”, relata Gabriela Martins.

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