Economia

Endividamento em Belo Horizonte segue em queda e inadimplência registra alta em maio

Conforme a pesquisa da Fecomércio MG, 21,3% acreditam que não poderão pagar as dívidas em atraso
Endividamento em Belo Horizonte segue em queda e inadimplência registra alta em maio
Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

O nível de endividamento das famílias de Belo Horizonte caiu 0,5 ponto percentual (p.p.) em maio frente ao mês anterior, chegando a 86,4%. Esse foi o quinto mês consecutivo de queda no indicador. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) aponta ainda para o avanço de 0,1 p.p. na taxa de inadimplência, que fechou o mês em 52%.

O estudo realizado pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG), mostra que 45,4% dos entrevistados se consideram pouco endividados e 28,1% maios ou menos endividados, enquanto 13,4% avaliam que estão muito endividados. Apenas 13,1% não possuem dívidas.

A economista da Fecomércio MG Gabriela Martins destaca que a redução na taxa de endividamento é um bom termômetro para as expectativas de consumo na capital mineira.

“Notamos que desde o início do ano o endividamento tem caído em BH e isso é bom para os setores do comércio de bens, serviços e turismo, visto que o consumidor vai ficando aos poucos menos cautelosos na hora de comprar”, relata.

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Ela também explica que a redução do endividamento pode estar atrelada ao aumento de renda das famílias, que passam a fazer compras à vista e pagar seus compromissos financeiros em dia.

“Além do reajuste do salário mínimo acima da inflação e das transferências de renda feitas pelo governo federal, as famílias também têm sido beneficiadas pela desaceleração do aumento de preços de alguns produtos, principalmente de bens essenciais”, acrescenta.

A especialista lembra que é comum que o endividamento das famílias aumente no início do ano e reduza ao decorrer dos meses, já que janeiro e fevereiro tendem a ser períodos marcados pelo pagamento de impostos e demais compromissos financeiros como a matrícula e materiais escolares, além do reajuste de seguros.

Tipos de dívida dos consumidores de Belo Horizonte

Entre os tipos de dívida, o mais comum são aqueles com cartão de crédito, apontadas por 94,2% dos consumidores na capital mineira. Essa taxa sobe para 97% entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos; enquanto aquelas com até esse limite, a taxa é de 93,7%.

A pesquisa destaca que, atualmente, muitos consumidores costumam pagar as contas com cartão de crédito e outros utilizam o método de pagamento para as compras do mês. Esse comportamento torna necessária a atenção e o planejamento para não perder o controle do orçamento. Isso porque a modalidade possui os maiores juros praticados no mercado, com média de 470,8% ao ano, no crédito rotativo.

O carnê (28,6%) e o financiamento de carro (13,1%) são os outros compromissos financeiros mais comuns entre os consumidores da Capital.

O nível de inadimplência das famílias belo-horizontinas é de 52%, mas esse número sobe para 53,2% entre aquelas com renda de até dez salários mínimos, contra 44,9% entre as famílias com salários superiores a esse limite.

Gabriela Martins explica que essa leve alta na taxa de inadimplência pode representar uma estabilidade, no ponto de vista estatístico. Segundo ela, o patamar atual pode estar atrelado à alta taxa de juros no mercado. “Com juros altos, o pagamento de dívidas já em atraso fica mais caro. Em outras palavras, o crédito fica mais caro”, diz.

A economista relata que, em uma situação como esta, as pessoas acabam entrando em uma “bola de neve”, em que a dívida fica mais cara a cada mês e o pagamento desses compromissos tendem a comprometer cada vez mais a renda disponível.

Dentre os endividados que participaram do estudo, 59,9% disseram que ainda não conseguiram honrar com os compromissos e estão com dívidas em atraso. Entre as famílias com renda mais baixa, essa taxa sobe para 60,4% do público.

Condições de pagamento das dívidas

Ao todo, 21,3% das famílias acreditam que não terão condições de pagar os compromissos financeiros em atraso, o que representa uma queda de 2,5 p.p. frente ao observado em abril deste ano. Esse índice sobe para 22,3% entre aquelas com até dez salários mínimos.

Apenas 24,3% dos respondentes esperam pagar todas as dívidas no próximo mês. Outros 40,9% disseram que não terão condições para honrar com os compromissos e 34,8% dos consumidores de Belo Horizonte acreditam que conseguirão pagar uma parte das contas em atraso. No caso das famílias com até dez salários mínimos, 41,9% não terão condições de pagar as dívidas.

A maioria (44,5%) das famílias entrevistadas possuem contas pendentes a mais de 90 dias. Entre aquelas com renda de até dez salários mínimos, essa taxa sobe para 45,3%. Já 29,6% possuem contas atrasadas entre 30 e 90 dias; outras 25,7% com até 30 dias de atraso.

O tempo médio de comprometimento de renda é de 7,7 meses, sendo que 36% estão comprometidos com dívidas por mais de um ano. Esse indicador aumenta para 38,8% entre as famílias com mais de dez salários mínimos na Capital, com tempo médio de 7,9 meses.

Quanto ao comprometimento da renda, a Peic destaca que, em média, as dívidas comprometem 32% do orçamento total das famílias belo-horizontinas, chegando a 32,3% entre aquelas com renda de até dez salários mínimos. Mais da metade (59%) dos entrevistados afirmam que os compromissos comprometem entre 11% e 50% da renda.

Gabriela Martins pontua que as expectativas para os próximos meses são positivas, apesar dos juros altos e do encarecimento do crédito. “Esperamos que o endividamento das famílias continue em trajetória de queda e também que a inadimplência retome a sua retração”, acrescenta.

Segundo a economista da Fecomércio MG, o aquecimento do mercado de trabalho, o ganho real da renda das famílias e a estabilização dos preços de alguns produtos poderão contribuir para a melhoria da saúde financeira das famílias de Belo Horizonte.

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