Economia

Endividamento em BH é o mais elevado do País

O percentual de famílias endividadas no município era de 94,9% em junho, 16,4 p.p. acima da média nacional
Endividamento em BH é o mais elevado do País
Foto: Adobe Stock

Em junho, 94,9% dos consumidores de Belo Horizonte estavam endividados. Esse resultado é dois pontos percentuais (p.p.) acima do registrado no mês anterior (92,9%). Ele também supera a média nacional (78,5%) em 16,4 p.p. e é o maior do Brasil.

É o que aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em parceria com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG).

O percentual de endividamento é maior entre as famílias com até dez salários mínimos, chegando a 95%. Enquanto entre as famílias com renda acima de dez salários mínimos, essa taxa é de 94,3%.

Apesar da elevada parcela de endividados na capital mineira, a maioria (41,3%) se considera pouco endividada, contra 35,9% que disseram estar muito endividados. Esse último grupo é um pouco mais expressivo entre as famílias com até dez salários mínimos, representando 36,2% do total.

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O cartão de crédito é o principal compromisso financeiro para 90,3% das famílias em junho. No caso das famílias com renda acima de dez salários mínimos, esse índice é ainda maior, passando para 94,3%, contra 89,7% entre aquelas com até dez salários mínimos.

De acordo com o levantamento realizado pelo Núcleo de Inteligência e Pesquisa da Fecomércio-MG, os consumidores têm utilizado o cartão de crédito para pagar suas contas e muitos também utilizam para as compras do mês.

A economista da Fecomércio-MG, Gabriela Martins, conta que, apesar da alta dos juros, o crédito continua sendo um mecanismo muito buscado pelas famílias para conseguir manter ou aumentar seu consumo.

“Dessa forma, com a retomada da economia e o avanço do serviço prestado às famílias – entre eles os bares, restaurantes, o serviço de hotelaria e eventos -, o uso do crédito também se eleva”, explica.

Ela ainda destaca que o endividamento consciente, com controle, pode ser positivo para a economia; considerando a importância dessa ferramenta para alavancar o consumo.

Inadimplência recua na Capital

Enquanto o índice de famílias endividadas aumenta na Capital, o percentual de consumidores inadimplentes fecha o mês em 53,4%, valor 3,5 p.p. abaixo do registrado em maio (56,9%).

O índice de famílias com algum compromisso financeiro em atraso é maior entre aquelas com renda igual ou inferior a dez salários mínimos, com 59,1% do total. Já entre as famílias com salários acima desse limite, o percentual é de 38%.

Dos endividados, 56,2% ainda não conseguiram honrar seus compromissos e estão com dívidas em atraso, contra 43,6% que não possuem dívidas em atraso atualmente.

Gabriela Martins explica que o recuo da inadimplência é resultado da melhora da renda disponível para as famílias. Por sua vez, esse progresso da renda está atrelado ao maior repasse de dinheiro pelo governo federal para a família de menor renda e o aquecimento do mercado de trabalho formal.

“Também é possível observar o alívio da inflação, que permite que as famílias tenham maior renda disponível e possam quitar seus compromissos de maneira mais efetiva”, conclui.

Já o número de consumidores que não terão condições de quitar suas dívidas somou 10,2%, apresentando aumento de 0,3 p. p. em relação ao mês anterior (9,9%). No caso das famílias com até dez salários mínimos, esse resultado sobe para 20,7%.

Se considerar os indivíduos com dívidas atrasadas, 19% entendem que não terão condições de honrar com os compromissos no próximo mês. Já 42,1% das famílias acreditam que poderão honrar totalmente e 38,9% em parte.

A pesquisa também revelou que 66,8% das famílias belo-horizontinas possuem mais de 10% de sua renda comprometida pelas dívidas. Dentre elas, 16,1% estão com dívidas que envolvem mais de 50% do seu orçamento mensal: essas são consideradas como superendividadas.

O comprometimento médio da renda em Belo Horizonte é de 27% do orçamento mensal. Entre as famílias com renda igual ou inferior a dez salários mínimos, esse percentual passa para 27,3%, enquanto o índice entre aquelas com renda superior é de 25%.

Tempo de pagamento e comprometimento

Quanto ao tempo de pagamento em atraso, a Peic de junho apontou que 32% das famílias da capital mineira possuem contas que já ultrapassaram três meses de atraso. Outros 37,9% possuem contas de até um mês e 30% relataram atrasos que variam entre 30 e 90 dias.

A pesquisa ainda mostra que as dívidas estão atrasadas, em média, há 52,6 dias. Esse valor sobe para 54,5 entre as famílias com renda de até dez salários mínimos. Já entre aquelas com renda acima de dez salários mínimos, o tempo médio é de 40,3 dias.

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