Endividamento dos consumidores de BH tem estabilidade em agosto; 90% das famílias têm dívidas

O nível de endividamento dos consumidores de Belo Horizonte apresentou estabilidade no mês de agosto, repetindo a mesma taxa do mês anterior, com 90,3% das famílias nessa situação. Já o percentual de pessoas com contas em atraso recuou 1,9 ponto percentual (p.p.) na comparação mensal, encerrando o período com 52,1% das famílias inadimplentes.
Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência (Peic) do Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG).
O estudo ainda aponta que 22,5% dos belo-horizontinos não terão condições de quitar suas dívidas, o que representa um crescimento de 1,5 p.p. frente a julho deste ano.
Veja a percepção dos entrevistados:
- 18,7% se consideram como muito endividados,
- 39,7% disseram estar pouco endividados
- e outros 31,8% relataram estar mais ou menos nessa situação.
- Apenas 9,7% dos consumidores afirmam não ter dívidas.
Cenário de estabilidade não deve durar
A economista da Fecomércio-MG, Gabriela Martins, avalia que esse cenário de estabilidade não deve perdurar por muito tempo, uma vez que o nível de consumo das famílias tende a aumentar no último trimestre do ano, influenciado pelas festas e datas comemorativas.
“Desta forma, muitos consumidores buscam o crédito para suprir suas demandas, o que leva o endividamento a aumentar. A preocupação está nas compras descontroladas sem um planejamento financeiro, o que pode levar ao aumento da inadimplência e da incapacidade de pagamento das famílias”, explica.
Dívida mais comum é do cartão de crédito
O levantamento ainda apontou que o tipo de dívida mais comum entre os consumidores da capital mineira são aquelas envolvendo cartão de crédito, com 89,1% das famílias. Esse resultado é ainda maior entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos (92,9%). Já entre aquelas com renda abaixo de dez salários mínimos, o percentual é de 89,1%.
Dentre as famílias da Capital, aquelas com renda abaixo de dez salários mínimos apresentaram maior taxa de inadimplência, com 54,9% das contas atrasadas contra 35,5% entre aquelas com renda superior a dez salários mínimos. No total, 57,7% dos consumidores da cidade possuíam contas em atraso em agosto.
A maioria (43,3%) dos consumidores belo-horizontinos não conseguirão pagar suas dívidas em setembro. Outros 36,7% esperam quitar parte do compromisso financeiro assumido e apenas 19,9% acreditam que poderão pagar todas as suas contas neste mês.
Para 48,6% dos consumidores, o tempo de atraso no pagamento das contas está acima de 90 dias. Outros 30% possuem contas de 30 a 90 dias de atraso e 21,4% com até 30 dias. Dessa forma, as dívidas em Belo Horizonte estão atrasadas, em média, há 64,9 dias.
O período de envolvimento com as dívidas é calculado, por 79,1% das famílias, como sendo igual ou maior que três meses. A maioria (42,9%) está comprometida com as dívidas por mais de um ano.
De acordo com dados da Fecomércio-MG, o comprometimento da renda das famílias para pagar as dívidas é em média de 30,4%. Dentre os entrevistados, 74,6% disseram que as dívidas comprometem de 11% a 50% da renda.
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