Economia

Endividamento cresce e atinge 87,5% dos consumidores na capital mineira

Endividamento cresce e atinge 87,5% dos consumidores na capital mineira
Crédito: José Cruz / Agência Brasil

A retomada das atividades econômicas com o maior controle da pandemia de Covid-19 estimulou o aumento do consumo ao longo do primeiro semestre de 2022 e já reflete no nível de endividamento dos consumidores de Belo Horizonte. De acordo com levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), o endividamento, em junho,  chegou a 87,5% dos consumidores da capital mineira, aumento de 1,5 ponto percentual (p.p) frente a maio. Com o resultado, no consolidado dos seis primeiros meses do ano, a média ficou em 88%, valor 16,3 p.p acima do observado no primeiro semestre de 2021.

De acordo com a economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins, o aumento do endividamento, por si só, não é negativo e mostra que os consumidores estão usando o crédito para ir às compras. Porém, a situação se complica quando a inadimplência cresce.

Em Belo Horizonte, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o índice de inadimplência encerrou junho em  43,3%, 0,2 p.p a menos que maio. Porém, quando comparado com igual mês do ano passado, foi registrada alta de 8,1 pontos percentuais. 

“O aumento do endividamento dos consumidores representa que as pessoas estão conseguindo consumir e usando o crédito para isso. Ainda há uma demanda reprimida em função da pandemia que está sendo suprida agora. As pessoas estão usando crédito para atividades de turismo, entretenimento, compras, entre outros. O grande problema é quando se tem uma inadimplência alta, o que preocupa bastante”. 

Conforme a pesquisa da Fecomércio, ao todo, 87,5% dos consumidores de Belo Horizonte possuem algum compromisso financeiro, sendo que 45,3% se consideram pouco endividados.

O principal compromisso financeiro assumido pelos consumidores de Belo Horizonte é o cartão de crédito. Em junho, 82,7% dos consumidores se comprometeram com essa modalidade. Carnês (22%), crédito pessoal (5,3%) e financiamentos de casa (5,6%) e carro (7%) também foram muito buscados pelos consumidores no período. 

O cheque especial, por sua vez, obteve uma redução de 0,8 p.p na comparação entre junho e maio e é a modalidade utilizada por 10,1% dos consumidores.

Dívidas em atraso

Já em relação à inadimplência, entre as famílias endividadas, 43,3% possuem algum compromisso financeiro em atraso. O índice é maior em famílias com renda igual ou inferior a dez salários mínimos (45,3%).

A pesquisa mostrou que, dos endividados, 49,5% ainda não conseguiram honrar seus compromissos e estão com dívidas em atraso.

“No atual cenário, há um peso inflacionário em bens essenciais, que nos últimos meses afetou os alimentos. Esse aumento inflacionário compromete a renda das famílias, que agora precisam dispor de mais recursos para consumir os mesmos produtos. Com isso, as pessoas acabam tendo maior comprometimento da renda e a dívida sai do controle”.

Gabriela Martins explica que o segundo semestre será influenciado por vários fatores. Devido às datas comemorativas, como Dia dos Pais, das Crianças, Black Friday e Natal, a tendência é de aumento do consumo e também pelo crédito, o que pode aumentar o endividamento.   

“Mas, em contrapartida, há o saque do FGTS,  antecipação de 13º salário e aumento do Auxílio Brasil que irão injetar dinheiro para as famílias, o que pode ajudar a quitar as dívidas. Então, podemos ter aumento do endividamento, mas também queda da inadimplência”.

A dica para que os consumidores não se percam nas dívidas é planejar bem o orçamento e evitar crédito com juros altos, como os cartões de crédito e cheques especiais.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas