Economia

Endividamento recua, mas inadimplência avança entre os consumidores de Belo Horizonte

De acordo com dados da Peic, o número de consumidores que não terão condições de quitar suas dívidas avançou 0,7 p.p. em setembro deste ano
Endividamento recua, mas inadimplência avança entre os consumidores de Belo Horizonte
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O nível de endividamento das famílias de Belo Horizonte registrou queda de 0,4 ponto percentual (p.p.) em setembro na comparação com o mês anterior, atingindo 87,8% dos consumidores da Capital. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) que mostra ainda que a taxa de inadimplência subiu 1,4 p.p. no período, fechando o mês com 61,4% dos belo-horizontinos com dívidas em atraso.

O levantamento realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG) também demonstra que o número de pessoas que não terão condições de quitar suas dívidas avançou 0,7 p.p., representando 20,5% dos consumidores no mês passado. Já as famílias superendividadas, que comprometem mais da metade do orçamento com dívidas, aumentaram de 2 p.p., de 20,5%, em agosto, para 22,5% em setembro deste ano.

A economista da Fecomércio-MG Gabriela Martins destaca que, apesar da leve redução do nível de endividamento das famílias, a alta da inadimplência é um fator alarmante para a economia da capital mineira. Segundo ela, esse crescimento reflete um descompasso entre o acesso ao crédito e à capacidade de pagamento.

“Esse cenário pode ser explicado por fatores como o uso excessivo do cartão de crédito e o comprometimento elevado da renda com dívidas, que em muitos casos ultrapassa 50% do orçamento mensal”, explica.

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A especialista ressalta que fatores como as altas taxas de juros, o custo de vida elevado e a renda ainda pressionada dificultam a quitação dos débitos. A questão envolvendo a renda impacta, principalmente, as famílias de menor poder aquisitivo.

“Isso gera um ciclo de inadimplência prolongada com atrasos superiores a 90 dias e baixa expectativa de regularização no curto prazo, afetando diretamente o acesso ao crédito das famílias e, consequentemente, o consumo”, completa.

Inadimplência é mais elevada entre as famílias com renda mais baixa

O estudo aponta que a inadimplência na Capital é 12,9% maior entre as famílias que ganham até dez salários mínimos se comparado com as famílias de renda acima dessa faixa, com 63,2% contra 50,3% em setembro deste ano. A maioria (69,9%) dos endividados ainda não conseguiu honrar seus compromissos financeiros e está com dívidas em atraso.

Entre as famílias de Belo Horizonte 20,5% não têm condições de honrar os compromissos financeiros no próximo mês. Esse índice é ainda maior em famílias com renda igual ou inferior a dez salários mínimos (22,1%), superando o grupo com renda acima de dez salários mínimos (11,8%). Entre os consumidores entrevistados com dívidas atrasadas, 33,3% entendem que não terão condições de honrar, em outubro, os compromissos adquiridos.

A pesquisa demonstra que as dívidas dos belo-horizontinos estão atrasadas em média há 58,5 dias, sendo que 39,4% das famílias da Capital estão com contas atrasadas há mais de 90 dias. A maioria das famílias (76,5%) possui compromissos por tempo igual ou superior a 90 dias. Já o tempo médio de comprometimento de renda é de 7,1 meses.

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Em setembro deste ano, 81,2% das famílias da Capital relataram que as dívidas comprometeram mais de 10% da renda familiar, sendo 22,5% o percentual de famílias com dívidas que envolvem mais de 50% do orçamento mensal. Em média, as dívidas comprometem 31% do orçamento mensal.

Entre os consumidores entrevistados, 47,2% disseram que estão pouco endividados em relação a compromissos financeiros como cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carro, seguros, entre outros. Outros 24,6% avaliam que estão mais ou menos endividados, 16% afirmam estar muito endividados e apenas 12,2% dos respondentes não têm dívidas do tipo.

Os dados da Peic demonstram que as dívidas relacionadas ao cartão de crédito atingem 96,3% dos consumidores de Belo Horizonte em agosto. No caso das famílias com renda maior ou igual a dez salários-mínimos esse percentual sobe para 98,4% de endividamento no cartão.

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