Endividamento atinge menor patamar em Belo Horizonte nos últimos 12 meses

O endividamento das famílias de Belo Horizonte segue em trajetória de queda e recuou pelo nono mês seguido. Em março, 89,7% dos consumidores da Capital estavam endividados, resultado 0,6 ponto percentual (p.p.) a menos que o observado em fevereiro e o menor dos últimos 12 meses. Conforme dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio (CNC) no período, cerca de 29,7% do orçamento mensal das famílias estava comprometido com dívidas mensais.
A economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG) Gabriela Martins explica que a queda deve-se a dois fatores: mais renda disponível na população, proporcionada pelo mercado de trabalho aquecido, e redução nos preços de determinados produtos.
O percentual de consumidores com contas em atraso na cidade aumentou 0,4 p.p. na comparação entre fevereiro e março, somando 50,3%. De maneira detalhada, no caso de famílias com renda igual ou inferior a dez salários-mínimos, o índice chegou a 53%, enquanto para famílias com salários acima dessa faixa de renda, foi de 34,1%.
A pesquisa sobre o endividamento também mostrou que as dívidas estão atrasadas, em média, há 56,3 dias em Belo Horizonte. A maioria das famílias (40,5%) com renda até dez salários está com débitos atrasados entre 30 a 90 dias. Já a maior parte das famílias com renda superior, 51,5%, contém pagamentos em atraso de até um mês.
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Inadimplência sobe de novo em Belo Horizonte
O levantamento da CNC também apontou aumento da inadimplência pela quarta vez seguida, com 13,2% dos respondentes em março declarando não ter condições de quitar suas dívidas, frente a 11,8% do mês anterior. No endividamento dos consumidores de Belo Horizonte, o principal compromisso financeiro assumido é o cartão de crédito. Em março, 92,9% das famílias da Capital comprometeram suas rendas com essa modalidade de pagamento.
Para grupos familiares que ganham acima de dez salários-mínimos, o levantamento mostrou que 95% estão endividadas no cartão. Já entre os consumidores com rendimentos abaixo de 10 salários, a proporção do endividamento é de 92,6%.
Quanto aos tipos de dívida das famílias, o levantamento da CNC indicou diferença no endividamento entre diferentes faixas de renda em Belo Horizonte. Para as que recebem até dez salários, a principal dívida após o cartão de crédito são os carnês, com 26,5% das menções dos entrevistados. Já para consumidores com renda superior a este patamar, a dívida mais importante são os financiamentos de veículos, citados por 24,8% das pessoas nessa categoria familiar.
Economista analisa endividamento de Belo Horizonte
Gabriela Martins afirma que o desemprego baixo aumenta a disponibilidade de renda na população, que, por consequência, possibilita que as pessoas quitem suas dívidas abertas ou façam compras à vista. Outro fator é uma redução nos preços de bens específicos, como despesas pessoais ou artigos para residência. “Não são cestas de produtos que têm um peso muito grande no consumo cotidiano, mas que também já ajudam, de certa forma, a estar controlando o orçamento”, disse.
A economista da Fecomércio MG alerta que se há redução no preço de alguns produtos, em outros há alta, como com alimentação e transporte. Como são custos considerados de subsistência, o aumento desses gastos faz com que muitas famílias de Belo Horizonte não consigam reduzir o endividamento.
“O cenário de inadimplência ainda é bastante complicado. Por mais que tenha tido o Desenrola Brasil, muitas famílias não conseguiram aderir ao programa, por vários motivos, então temos esse fato: o aumento dos custos de bem essenciais e também dos juros, apesar de estar caindo aos poucos, ainda estão muito elevados. A pessoa que tem uma conta em atraso está numa situação mais complicada”, explica Martins.
Endividamento mais “saudável”
A economista aponta que o cenário é de uma melhora na situação do endividamento em Belo Horizonte, proporcionado pela continuidade de indicadores econômicos em cenário favorável, como baixo desemprego, inflação controlada e taxa de juros em queda. “Provavelmente as famílias também vão conseguir ter um acesso ao crédito mais ‘saudável’, que não prejudica tanto o orçamento, e que consiga suprir demandas sem prejudicar a saúde orçamentária familiar”, finaliza.
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