Endividamento volta a aumentar na Capital

O endividamento das famílias de Belo Horizonte voltou subir pelo segundo mês consecutivo. Em fevereiro, 68,7% da população estavam endividados, uma alta de 1,0 ponto percentual em relação a janeiro. Já a inadimplência das famílias recuou para 31,3%, e a intenção de consumo se manteve estável (73,3%) no segundo mês do ano.
Os dados fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), com informações da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG).
O economista-chefe da Federação, Guilherme Almeida, explicou que está havendo uma composição da renda da população da Capital através do crédito, um fator considerado preocupante por ele.
“É um indicativo de que as famílias estão tomando mais crédito e comprometendo mais renda futura. Esse é um ponto de atenção, mesmo que estejamos observando uma queda na inadimplência. As famílias estão tentando regularizar sua situação financeira para voltar ao mercado de consumo. E isso tem que ser acompanhado com rigor, uma vez que os indicadores do mercado de trabalho e da recuperação econômica ainda não mostram boas perspectivas”, alertou.
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A pesquisa também revelou que, em fevereiro, 13,3% dos consumidores que afirmaram não ter condições de quitar suas dívidas (queda de 1,5 ponto percentual ante janeiro). O endividamento representa 10% da renda familiar em 77,1% dos casos e 50% do orçamento mensal para 22,2% dos entrevistados. Em média, o tempo de comprometimento de renda é de sete meses.
Entre as formas de pagamento, o cartão de crédito continua como a opção mais utilizada. A modalidade alcançou 82,7% da população, alta de 1,4 ponto, com adesão de 86,4% entre as famílias com mais de dez salários mínimos.
Outras modalidades de dívida também registraram queda em fevereiro: carnês (de 14,1% em janeiro para 12,5% em fevereiro); financiamento de carro (de 11,2% para 10,5%); financiamento imobiliário (de 9,8% para 9,7%); cheque especial (de 9,1% para 8,0%); crédito consignado (de 6,5% para 4,5%) e crédito pessoal (de 5,2% para 4,5%).
Confiança – O Índice de Confiança das Famílias (ICF) caiu para 73,3 pontos em fevereiro, permanecendo abaixo dos 100 pontos, fronteira que sinaliza o otimismo do consumidor.
“É uma queda esperada, pois é um indicador bastante sensível à oscilação de indicadores macroeconômicos. E nós viemos acompanhando nos últimos meses uma ascensão da inflação e uma deterioração dos indicadores do mercado de trabalho, emprego e renda, e isso acaba sendo incorporado pelas famílias na sua avaliação do momento econômico”, destacou Guilherme Almeida.
A oscilação do ICF foi influenciada pela alta de subindicadores como emprego atual (99,9 pontos em janeiro para 100,6 em fevereiro); renda atual (84,9 para 86,5) e perspectiva de consumo (74,1 para 77,1).
Para a pesquisa de fevereiro, foram entrevistadas mil famílias residentes na capital mineira, nos últimos dez dias de janeiro.
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