Economia

Conta de luz e educação impactam IPCA-15 na RMBH

A recomposição da tarifa de energia elétrica veio acompanhada dos aumentos na taxa de água e esgoto e no aluguel residencial
Atualizado em 25 de fevereiro de 2025 • 18:51
Conta de luz e educação impactam IPCA-15 na RMBH
Foto: Reprodução Adobe Stock

Impactado principalmente pela recomposição da conta de energia e reajustes da educação no início do ano letivo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) apresentou avanço de 1,27% em fevereiro frente ao mês anterior.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação registrada na região ficou acima da média nacional (1,23%) e foi o sexto maior resultado mensal entre todas as áreas pesquisadas.

Dentre os nove grupos de produtos e serviços analisados, sete apresentaram alta no indicador, com destaque para Habitação, com variação positiva de 4,81% no período. Em seguida vieram:

  • Educação (3,88%)
  • Transportes (0,82%)
  • Alimentação e Bebidas (0,72%)
  • Artigos de residência (0,63%)
  • Saúde e Cuidados Pessoais (0,50%)
  • Despesas Pessoais (0,37%)

Os grupos Comunicação e Vestuário registraram deflação de, respectivamente, -0,23% e -0,04% na RMBH.

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No mês de fevereiro, o custo da energia elétrica residencial subiu fortemente (14,65%), após a queda registrada em janeiro (-13,26%) com a incorporação do “bônus de Itaipu” na conta de energia. Foi o maior impacto individual positivo, de 0,50 ponto percentual (p.p.), no IPCA-15 e contribuiu para a inflação do grupo Habitação.

O bônus é um benefício incorporado na conta de luz a partir do saldo positivo da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional referente ao ano de 2023. O desconto é aplicado no consumo de consumidores residenciais e rurais que tiveram consumo menor que 350 quilowatts-hora (kWh) em ao menos um mês de 2023.

A recomposição da tarifa de energia elétrica veio acompanhada dos aumentos de 3,60% na taxa de água e esgoto e de 1,09% no aluguel residencial na RMBH no mês de fevereiro.

Já em Educação, com os reajustes tradicionalmente aplicados no início do ano letivo, em fevereiro, a inflação do grupo foi impulsionada pela alta nos preços dos cursos regulares (4,92%). O IBGE destacou aumentos nos custos com educação no ensino fundamental (7,14%), ensino médio (6,74%), pré-escola (5,43%) e ensino superior (3,85%).

Em Transportes, as altas no custo do ônibus intermunicipal (9,11%), transporte por aplicativo (10,54%), transporte escolar (8,49%), ônibus urbano (5,31%), etanol (4,05%), automóvel novo (1,62%), conserto de automóvel (1,17%) e da gasolina (0,84%) foram parcialmente compensadas pela queda no preço da passagem aérea (-19,63%).

Com o maior impacto individual negativo no IPCA-15, de -0,13 p.p., a deflação da passagem aérea contribuiu para segurar a inflação do grupo de transportes na RMBH.

O IBGE também indicou que a RMBH apresentou variação positiva de 5,67% nos últimos 12 meses, a maior variação do IPCA-15 entre todas as áreas pesquisadas. O resultado está bem acima da média do País, de 4,96% no período.

IPCA-15 pode estabilizar na RMBH após reajustes, mas depende de outros fatores

O economista, consultor e conselheiro de política econômica Stefan D’Amato aponta que, passada a incorporação da maioria dos reajustes nos preços tradicionais no início do ano, é possível uma maior estabilidade nos preços nos próximos meses, ao menos nos grupos de Habitação e Educação. “Esses setores tendem a ter menos variações após os reajustes iniciais do ano, o que pode contribuir para uma inflação mais controlada nos segmentos”, disse.

Entretanto, ele destaca que estabilidade nos preços não significa ausência de pressões inflacionárias. “Fatores como a dinâmica do mercado imobiliário, os custos de manutenção de serviços públicos e a demanda por educação continuarão a influenciar esses grupos”. Stefan D’Amato ressalta também que a volatilidade nos custos em outros setores – como transportes e combustíveis – pode impactar indiretamente a Habitação e a Educação.

Já o grupo de Alimentação e bebidas, que tradicionalmente impulsiona o IPCA-15, desacelerou frente ao resultado de 0,76% em janeiro e de 2,05% em dezembro.

O economista explica que uma menor pressão nos preços dos alimentos na RMBH foi influenciada por uma combinação de fatores, como a sazonalidade de alguns produtos, estabilização nos custos de insumos agrícolas e melhora nas condições de oferta, como a safra de grãos. “No entanto, é importante monitorar fatores externos como variações climáticas e custos de logística que ainda podem impactar a volatilidade desse grupo”, finaliza.

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