Energia elétrica, gasolina e alimentos contribuem para a queda da inflação na RMBH em agosto

Impulsionado pela queda no preço da energia elétrica, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) recuou 0,26% em agosto, na comparação com julho. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e apontam que a deflação foi maior do que a registrada no País, que foi de 0,11%.
No período, cinco dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram queda nos preços, com destaque para os grupos com maior peso:
- Alimentos e bebidas (-0,73%)
- Habitação (-0,67%)
- e Transportes (-0,64%)
A queda registrada no grupo de habitação veio da energia elétrica, que recuou 3,14% em decorrência da incorporação do bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês de agosto. O economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano, ressalta o fato de que ainda estava em vigor a bandeira tarifária vermelha no patamar 2, em que se adiciona R$ 7,87 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos.
Serrano chama atenção ainda para o grupo de alimentos em domicílio que caiu 0,73%. “A gente vem com alguns meses seguidos de alimentação puxando a inflação para baixo, o que é algo positivo”, avalia.
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O economista do BMG lembra que, do ano passado até o começo deste ano, foi um período crítico em que os preços dos alimentos subiram bastante. “Agora, com a normalização das condições de oferta, os preços estão ficando um pouco melhores”, diz.
Outro grupo que contribuiu para a deflação em agosto, foi o de transportes, conforme destaca o coordenador do IPCA na RMBH, Venâncio da Mata. De acordo com os números divulgados pelo IBGE, a queda nos preços dos combustíveis como a gasolina (-1,79%) e o etanol (-0,84%), impactam fortemente o índice no mês.
Das 16 regiões analisadas, apenas três registraram inflação em agosto: Vitória (0,23%), Distrito Federal (0,11) e São Paulo (0,10%).
Serviços ainda pressionam inflação na RMBH
Por outro lado, foi observado que o IPCA sofreu pressão por parte dos serviços. “Eles desaceleraram um pouco, mas continuam com patamares altos no acumulado do ano”, observa Serrano.
É o caso do grupo de Consertos e manutenção, com alta de 3,31% no acumulado do ano e o de Saúde e Cuidados pessoas, que registra alta acima de 4% para os subgrupos de serviços médicos, dentários, laboratoriais e hospitalares.
O grupo Educação também acumulou alta na RMBH com acréscimo de 0,74% no mês e 5,5% no acumulado do ano com destaque para alta nos cursos regulares.
“Temos uma melhora da inflação por parte dos produtos, mas por outro lado, uma pressão dos serviços proporcionada pelo mercado de trabalho forte. Registramos patamares de desemprego muito baixos e altos custos com a mão de obra em geral”, diz o economista do BMG.
Com os resultados, o IPCA da RMBH acumula acréscimo de 3,34% no ano e se coloca como a 5ª mais alta do País. As primeiras são São Paulo (3,57%), Vitória (3,56%), Aracaju (3,48%) e o Distrito Federal (3,37%).
Nos últimos doze meses, a alta na RMBH foi de 5,25%, enquanto a média nacional ficou em 5,13%, ambas acima da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 3%, com tolerância máxima de 4,5%.
Setembro deve ter alta na inflação, mas tendência é de desaceleração
Na avaliação dos especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio, a projeção é de alta no IPCA para setembro, influenciado pela saída do desconto na tarifa de energia elétrica decorrente do bônus de Itaipu.
O economista-chefe da MAG Investimentos, Felipe Rodrigo Oliveira, explica que com a saída do bônus no próximo mês, a tendência é de alta em setembro. “A inflação mensal deve voltar a acelerar, puxada exatamente pela ‘alta’ aparente da energia elétrica”, diz. Entretanto, até o final do ano, o índice deve continuar desacelerando com tendência para queda de juros no início do ano que vem.
O economista do BMG corrobora com a avaliação. “Vamos abrir espaço para o Banco Central cortar parte do aperto monetário. A gente não acredita num corte brusco para 10%, por exemplo, mas talvez chegue a 12 ou 12,5% no início do ano que vem”, conclui Serrano.
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