Setor de geração solar alerta para a necessidade de modernizar a infraestrutura de transmissão de energia

A geração de energia solar segue avançando pelo Brasil, ultrapassando a marca de 15 gigawatts (GW) de potência operacional nas grandes usinas, segundo o mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Apesar disso, empreendimentos solares têm sofrido cortes recorrentes em razão de déficits em infraestrutura.
Nos últimos dois anos, o desperdício acumulado de energia limpa, eólica e fotovoltaica somou cerca de R$ 1 bilhão em prejuízos. Na matriz solar, entre abril e julho deste ano, o impacto financeiro ultrapassa R$ 62 milhões, considerando os efeitos com base na geração padrão horária, que mensura a expectativa da usina em momentos de restrição.
Segundo o coordenador da Absolar em Minas Gerais, Bruno Catta Preta, os cortes acendem um alerta para a necessidade de ampliar investimentos no setor elétrico, que incluem a modernização das linhas de transmissões do modelo aéreo para subterrâneo. “O nosso modelo de transmissão aéreo é ultrapassado. Em países de primeiro mundo, tudo é subterrâneo e isso reduz o risco de interrupções”, afirma.
Ao analisar a matriz energética solar, Catta Preta destaca que o atual desafio passa pelo investimento em tecnologia de armazenamento, que acabou de chegar ao País. “Em breve, contratantes poderão investir em baterias para armazenar a energia solar gerada, garantindo maior independência para comércios e residências”, analisa.
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Ele destaca que a chegada de novos inversores ao País, principalmente de baterias com maior espaço de armazenamento, permitirá que o uso da energia seja viável, independente do horário e do clima – que ainda são fatores limitantes para a expansão da fonte solar. “O armazenamento já é algo consolidado no mercado mundial e será determinante para o nosso futuro”, ressalta.
Com maior capacidade de armazenamento, a expectativa é que a energia solar poderá ampliar a geração e suprir outra matriz que esteja passando por crises. “Quando o governo precisar de mais energia, ele vai poder contar com a fonte para despachar energia solar para o Brasil inteiro”, avalia Catta Preta.
A medida, segundo ele, permitirá melhor estabilidade no sistema de energia brasileiro, que ainda recorre a fontes não renováveis em momentos críticos. Além disso, o incentivo a geração e armazenamento próprio de energia permitirá uma menor demanda da população pelas linhas coletivas de transmissão.
Em relação à consolidação no País, Catta Preta projeta que nos próximos dois anos já seja comum uma usina solar fotovoltaica contar com armazenamento de bateria. “O governo deveria incentivar a população a ser independente energeticamente falando. Isso traz benefícios para as pessoas, para o governo e o meio ambiente”, pontua o especialista.
Minas Gerais pode protagonizar transformações
A partir de 2050, Catta Preta projeta que a energia solar será a fonte mais importante do Brasil e Minas Gerais poderá protagonizar o mercado fotovoltaico.
De acordo com a Absolar, o Estado lidera o ranking nacional com a maior concentração de usinas fotovoltaicas. De 2018 para 2025, os avanços passaram de 518,55 megawatts (MW) de potência instalada, para 9.001,79 MW: um crescimento superior a 17 vezes.
Em decorrência dos bons resultados, Minas Gerais hoje produz 33% do total da produção nacional em energia solar centralizada. Essa geração está presente em 26 municípios do Estado, com 139 empreendimentos em operação e mais 75 a serem construídos.
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