Energia solar: Minas Gerais alcança 4,5 GW de potência instalada de geração própria

Minas Gerais alcançou a marca de 4,5 gigawatts (GW) em potência instalada de geração própria de energia solar em telhados e pequenas propriedades, tornando-se o segundo estado do País em operações nas residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos. Porém, o uso ainda é considerado baixo pelo coordenador estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Bruno Catta Preta, que enxerga possibilidade de crescimento.
As informações são de um mapeamento realizado pela Absolar e retratam a geração distribuída, que é diferente da centralizada e responde pelas operações próprias dos consumidores. Quando somadas com a centralizada, que é aquela que produz eletricidade em grande escala e, geralmente, enviadas aos consumidores pelas linhas de transmissão, o Estado é líder de produção de energia solar no País alcançando mais de 11 GW de energia.
Como uma forma de comparação, Catta Preta cita a Usina Hidrelétrica de Itaipu. “Para se ter uma ideia do que esses números representam, a hidrelétrica de Itaipu, que é a maior da modalidade no Brasil e uma das maiores do mundo, produz 14 GW de energia. Então, Minas Gerais, se somar a energia distribuída com a centralizada, já produz quase a capacidade de Itaipu”, diz.
O coordenador estadual da Absolar ressalta que na geração distribuída todos os municípios de Minas Gerais já contam com a produção de energia fotovoltaica. De acordo com o mapeamento da Associação, Minas possui mais de 339 mil conexões operacionais, espalhadas pelas 853 cidades. São mais de 889 mil consumidores de energia elétrica que se beneficiam da redução da conta de luz.
Ainda avaliando a geração distribuída, em número de sistemas, as residências lideram a produção sendo responsáveis por 75,7% dos sistemas instalados no Estado. Em segundo lugar vem os sistemas rurais com 14,4% e em terceiro, o comércio e serviços com 11,7%. “Esses números mostram que a energia solar é bem popular, conhecida e está disseminada pelo estado mineiro”, avalia Catta Preta.
Números relevantes e com potencial de ampliação na análise de Catta Preta. De acordo com os dados, o Estado possui mais de 10 milhões de unidades consumidoras e apenas 8,7% participam da geração distribuída fotovoltaica. “Temos muito a crescer, nosso Estado é o berço da energia solar e ainda conta com um número muito baixo de pessoas usufruindo do sistema”, pontua.
Investimentos
Desde 2012, segundo os dados da Absolar, a geração própria de energia já atraiu R$ 22 bilhões de investimentos, número considerado alto, sobretudo no início, quando o setor ainda não estava amadurecido.
Catta Preta explica que quando a energia solar ainda não era difundida no País, havia poucas empresas trabalhando com os produtos no Brasil e uma dificuldade grande de acesso aos fabricantes, aos equipamentos e, principalmente, ao crédito. Ele conta que os pagamentos precisavam ser importados e à vista, o que dificultava a expansão do setor.
“Agora, com o mercado mais maduro, todas as grandes instituições financeiras públicas e privadas já oferecem linhas de crédito específicas para o setor solar fotovoltaico e ele não para de crescer. Neste momento, a gente está tendo acesso às novas tecnologias como os inversores híbridos e as baterias, movimentando o setor ainda mais e gerando mais empregos”, comenta.
Em 13 anos, segundo a Absolar, mais de 135 mil empregos foram gerados para os territórios mineiros.
Prédios públicos podem servir de exemplo para ampliação do uso da energia solar em Minas Gerais
Para ampliar a popularidade desse tipo de geração no Estado, a Absolar recomenda a criação e ampliação de políticas governamentais e mais incentivos para a adesão à energia solar e sugere que os governos devam agir pelo exemplo.
“Os órgãos públicos realmente têm que dar o exemplo de economia e de eficiência em nosso Estado. Temos aqui uma fatia muito pequena de órgãos públicos que utilizam a energia solar nos equipamentos básicos. É uma energia limpa, renovável e que não emite barulho, além de ter uma garantia muito longa”, diz.
Catta Preta pontua que serviços como a iluminação pública poderiam ser alimentados por energia solar fotovoltaica. “Tudo precisa de energia, é um bem cobiçado e necessário”.
Atualização do marco legal é defendida pela Absolar
Para a Absolar, uma medida crucial para a ampliação do uso da energia solar é a aprovação do Projeto de Lei nº 624/2023, que institui o Programa Renda Básica Energética (Rebe), atualmente em tramitação no Senado Federal.
“Esse projeto é fundamental para a geração distribuída solar, pois resolve, estruturalmente, via lei, o problema das negativas de conexão, feita pelas distribuidoras sob alegação de versão de fluxo de potência. Essas negativas estão impedindo milhares de consumidores brasileiros entre residência, pequenos negócios, produtores rurais de exercer o direito de gerar sua própria energia. Esse Projeto de Lei 624 vai atualizar a Lei 14.300, que é o marco legal da geração própria de energia solar fotovoltaica”, defende Catta Preta.
Com a aprovação deste projeto, as distribuidoras ficariam proibidas de impedir os consumidores de conectar sua microgeração distribuída. “E se for necessário algum reforço na infraestrutura elétrica para receber esta microgeração, a distribuidora ficaria responsável por fazer este investimento diretamente, em vez de repassar estes custos para o consumidor”, acrescenta o coordenador estadual da Absolar em Minas Gerais.
Com a aprovação deste projeto, as distribuidoras ficariam proibidas de impedir os consumidores de conectar sua microgeração distribuída. “E se for necessário algum reforço na infraestrutura elétrica para receber esta microgeração, a distribuidora ficaria responsável por fazer este investimento diretamente, em vez de repassar estes custos para o consumidor”, acrescenta o coordenador estadual da Absolar em Minas Gerais.
Descarte já é preocupação para setor de energia solar em Minas Gerais
Apesar das placas fotovoltaicas durarem 25 anos, o setor já se preocupa com o descarte das placas ou módulos fotovoltaicos. Isso porque, muitas vezes, elas não são descartadas pelo fim da vida útil.
Como explica Catta Preta, às vezes o descarte ocorre por um retrofit, ou pelo surgimento de novas tecnologias, com equipamentos com rendimento melhor, o que leva as empresas a substituírem. “No Brasil já existem empresas que dominam essa tecnologia de reciclar o módulo fotovoltaico. Alguns equipamentos possuem componentes bastante nobres como o alumínio, a prata, o cobre e principalmente o polisilício. Todos esses produtos podem ser reaproveitados e reciclados”, afirma.
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