Economia

Entenda como são formados os preços e fatores atuais que provocam escalada em produtos

Entenda como são formados os preços e fatores atuais que provocam escalada em produtos
Grãos foram primeiros impactados por alta de preços na pandemia por consequência de alta demanda mundial- Crédito: Pixabay

As filas em busca de ossos nos açougues recentemente marcaram as manchetes brasileiras. O retrato da luta contra a fome é também o indicativo do alimento que se tornou luxo na mesa: a carne. Essa escalada de preços, que pesa no bolso, na alimentação e nos sonhos, acomete os mais diferentes produtos e traz uma pergunta-chave: mas, afinal, como são formados os preços?

Segundo o economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Gustavo Aguiar, o preço final conhecido pelo consumidor considera os custos fixos e a possibilidade de lucro do vendedor sobre determinado produto

“Considerando que estamos em uma economia de mercado, o preço varia de acordo com a demanda e a concorrência. Às vezes, um vendedor define o lucro que deseja sobre um produto, mas quando ele vai vender esse produto, dependendo da concorrência, o lucro almejado não será um sucesso, porque as vendas não vão sair como o esperado. Então é importante observar a concorrência de mercado, a oferta de produtos”, explica Aguiar. 

O equilíbrio precisa ser o caminho 

Durante todo o período de pandemia da Covid-19, ainda enfrentada no Brasil e mundo, não foram raras as vezes em que os preços assustaram os brasileiros e provocaram a famosa frase “está tudo muito caro”. O arroz marcou a vida dos consumidores por meses, sendo que, mais recentemente, o aumento consecutivo dos preços da energia elétrica e dos combustíveis foram alguns dos itens que se destacaram nesse contexto. 

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No entanto, enquanto alguns setores da economia registraram, aparentemente, crescimento na pandemia e a alta demanda de alguns produtos associada à falta de matéria-prima provocou o aumento nos preços, vale perguntar: existe um crescimento real e coletivo quando os preços sobem? 

Nesse ponto, a economia irá convergir para a  necessidade do equilíbrio dos preços e do cenário econômico de forma macro. “Se não há um equilíbrio entre oferta e demanda, você tem uma inflação que impacta fortemente os pilares da economia e, da mesma forma, se você tem uma deflação, você também não consegue ver o país crescendo e gerando empregos”, aponta o economista Gustavo Aguiar. 

Os preços em meio à pandemia 

Ainda conforme análise de Aguiar, no início da pandemia, com o fechamento rigoroso das atividades econômicas e o retardo no pagamento dos auxílios emergenciais, o país passou em um primeiro momento por uma deflação que perdurou até julho e agosto de 2020. Esse fenômeno foi sucedido pela desvalorização do real, o que, segundo o economista, impactou fortemente os custos do empresariado e, por consequência, o preço. 

“Inicialmente, tivemos alta nos preços dos grãos, como o arroz, e a carne, porque tivemos uma demanda externa grande. Agora, estamos vendo um aumento geral de preços, provocados pelo dólar alto”, exemplifica Aguiar, que lembra, ainda, do encarecimento da energia elétrica, decorrente da seca atual, e dos combustíveis, já que o preço do produto acompanha o mercado internacional. 

O que será dos preços a curto prazo

Ainda de acordo com o economista, além dos impactos que a atual seca estão trazendo e podem trazer para a economia, o aumento no preço dos combustíveis é um fator significativo para todos, já que a infraestrutura brasileira de escoamento e de transporte é realizada em grande parte no modal terrestre

Conforme destaca Aguiar, a mão de obra não deve contribuir, neste momento, para a variação dos preços, já que com os níveis de desemprego atuais, existe mais oferta de trabalho. Para ele, a demanda reprimida de consumo é um dos pontos a serem observados com mais atenção. 

“Essa demanda reprimida impacta porque sempre que há aumento da demanda e a oferta não é condizente, há aumento no preço. Um exemplo disso é que pode haver uma demanda forte por turismo em determinados locais. Se as agências não tiverem oferta, é possível que elas aumentem os preços para equilibrar essa disputa de clientes pelo ponto turístico”, afirma Aguiar.   

Gustavo Aguiar, economista e vice-presidente do Corecon-MG


O fenômeno da escalada de preços na construção civil é notório nesse sentido. Conforme dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), de fevereiro de 2020 a fevereiro de 2021, o custo com os materiais de construção havia crescido em torno de 26,34%, o que reflete a alta demanda das famílias, a escassez dos produtos no mercado e, ao mesmo tempo, provoca o efeito de encarecer a moradia.

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