Entidades ainda pleiteiam novas discussões

O processo de transferência definitiva da área onde funcionava o Aeroporto Carlos Prates do governo federal para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) segue em curso, com previsão de conclusão para meados de setembro. Na última semana, inclusive, o Executivo municipal apresentou uma proposta urbanística para o terreno. Embora o projeto já esteja sob análise da União, a destinação ideal para o local permanece como alvo de discussões.
A presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), Virgínia Campos, defende que exista mais tempo de diálogo para análises técnicas aprofundadas e que, enquanto isso, as operações do aeródromo retornem. Ela ressalta que se trata de um assunto complexo, envolvendo diferentes governos, além de ter justificativas relevantes de todos os lados. Porém, acredita que com uma discussão aberta e ampla possa haver um entendimento conciliador a respeito do uso da área.
Virgínia Campos explica que o aeroporto estava instalado em uma área urbana com diversas dificuldades de atendimento, infraestrutura e mobilidade. Ao mesmo tempo, trazia inúmeros benefícios à sociedade, pois no local havia capacitação profissional, manutenção de aeronaves, apoio a atividades relacionadas ao resgate de pessoas com traumas, enfermos, entre outros.
Nessa perspectiva, a presidente da SME afirma que a desativação do aeródromo deve ser muito pensada para que os cidadãos não saiam prejudicados e tenham os mesmos atendimentos compatíveis com o que era fornecido no local. Também diz que, por ser um equipamento de mais de 80 anos, seu fechamento impacta diretamente atividades correlatas, havendo a necessidade de estudos profundos e o esgotamento de todas as possibilidades antes de uma definição.
Conforme ela, é preciso ser feito um balanço entre a paralisação do aeroporto e a implantação de novas utilizações. Neste meio-tempo, as operações devem ser mantidas, visto que uma área sem atividade está sujeita à ocupação urbana ilegal e não planejada, o que pode dificultar a sua gestão.
“Então é isso que a gente defende: maior diálogo e maior amadurecimento do melhor uso e ocupação daquela área para atender o cidadão de uma forma mais ampla e efetiva e que, durante essa etapa de planejamento, o aeroporto continue com suas atividades operacionais”, disse.
É válido recordar que, na quarta-feira (19), a SME e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) enviaram uma carta conjunta ao ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, solicitando o cancelamento do fechamento do aeródromo justamente para permitir uma discussão mais ampla e técnica sobre o uso do terreno. Segundo Virgínia Campos, o Ministério ainda não retornou, mas já protocolou o registro de recebimento da correspondência.
ACminas manifesta confiança no resultado das tratativas em andamento
A Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas) ressaltou, em nota, que cabe ao município propor e avaliar a melhor destinação para a área, que conta com propostas em aberto, inclusive da entidade. E manifestou confiança no resultado das tratativas e consultas em curso, ouvindo os cidadãos para saber se eles serão aderentes às reivindicações coletivas.
“A municipalidade, em convergência com as entidades de classe e representantes dos cidadãos, saberá conduzir da melhor maneira possível a destinação de uso daquela área em benefício da população – é o que se espera”, disse o presidente da ACMinas, José Anchieta da Silva.
Teodomiro Diniz lamenta debate político e destaca potencialidades da área
Já o empresário das áreas de Engenharia e Urbanismo, Teodomiro Diniz Camargos, lamentou que a discussão sobre o destino do terreno tenha se tornado um debate político e salientou que deveria ser técnico. Ele também destacou as diversas potencialidades do local e disse que, na visão dele, o aeroporto deveria, de fato, ser privatizado, podendo, assim, desempenhar um papel importante na mobilidade urbana presente e futura de Belo Horizonte.
Ainda segundo Diniz, o aeródromo tinha capacidade de ampliar a cadeia da indústria de aviação, o que seria relevante para a Capital, uma vez que, conforme ele, a cidade não tem outros locais para tal, e dispõe de potenciais reais para negócios em áreas como inovação e tecnologia.
“A Google não está aqui por acaso. Temos um nível de formação técnica e universitária de alto nível. Então, reside nesse campo uma das grandes potencialidades para Belo Horizonte, que vem sendo desenvolvida na própria economia criativa, no San Pedro Valley, na área de tecnologia, e o Aeroporto Carlos Prates seria um local importantíssimo para isso na área de aviação”, destacou.
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