Entidades tentam reverter fechamento do Aeroporto Carlos Prates

A desativação do Aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste da Capital, tem causado preocupação entre a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME). As entidades enviaram ontem uma carta conjunta ao ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França. O documento solicita o cancelamento da portaria que determinou o fechamento, visando permitir um debate mais amplo e técnico sobre o uso do terreno e estruturas diante de consequências sociais, ambientais e econômicas.
Com 80 anos de história, o terminal desempenhou um papel fundamental na formação de aviadores no Brasil. O terminal também abrigou a maior certificadora aeronáutica do País. Contudo, o encerramento abrupto das operações levanta questões sobre as atividades de segurança pública em Minas Gerais e aumenta os custos relacionados a resgates, transporte de enfermos e combate a incêndios, aponta o documento assinado pela presidente da SME, Virgínia Campos, e pelo presidente da Fiemg, Flávio Roscoe.
Formação prejudicada
Além de sua importância para a aviação e segurança pública, o Aeroporto Carlos Prates também desempenhava um papel relevante para as instituições de ensino, descreveram as entidades.
Na carta, Flávio Roscoe e Virgínia Campos ressaltam que o aeroporto serviu como laboratório prático para alunos de engenharia aeroespacial da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e de cursos afins em diferentes universidades. Outro destaque era o centro de manutenção de helicópteros, o maior e mais moderno de Minas Gerais. Conforme apurado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, o local atendia aproximadamente 1,1 mil alunos para as horas práticas de voo.
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Procurado pela reportagem, o representante da Comissão de Transportes da SME, Rodrigo Paiva, avalia que é preciso que seja estabelecido um diálogo técnico sobre o futuro do terminal. “Entendemos que o Aeroporto Carlos Prates deve se manter homologado até que tenhamos um debate técnico e apropriado sobre o empreendimento. Pelo que entendemos, isso ainda não foi feito”, disse.
Ele afirma que Minas Gerais perde um importante equipamento e os impactos já são sentidos pela sociedade, pelo setor de aviação e pelas entidades. “Normalmente não se fecha um aeroporto. Posto isso, a utilização da área do aeroporto para qualquer outra finalidade deve ser fruto de um estudo cuidadoso e não atabalhoado como temos visto, pois o aparelho é utilizado para a capacitação de pilotos e outros profissionais, o uso para fins de segurança (combate a incêndios, por exemplo), portanto precisamos de uma análise técnica apurada”, pede.
Projeto
Nesta semana, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apresentou o escopo do projeto para a criação de um bairro com 4,5 mil moradias no terreno onde funcionava o aeroporto. Além das unidades habitacionais, o plano é dotar a área com equipamentos públicos, como escolas e centro de saúde.
Porém, um grupo de vereadores pode atrapalhar os planos do Executivo municipal, uma vez que protocolaram um projeto de lei que muda o zoneamento da área do Aeroporto Carlos Prates. Caso a proposição seja aprovada pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, o projeto da PBH será inviabilizado.
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