Entrada de gigantes internacionais reforça vigor do mercado cripto brasileiro

O volume de importações de criptoativos no Brasil bateu recorde em 2024, somando 18,2 bilhões de dólares em compras, contra 12,3 bilhões de dólares no ano anterior, segundo dados do Banco Central, avanço de quase 50% em apenas doze meses.
Esses números confirmam o apetite cada vez maior dos investidores brasileiros e ajudam a explicar por que grandes nomes como Webull e Enegix escolheram o país como porta de entrada na América Latina. Com a sanção da chamada Lei dos Ativos Virtuais, o Brasil tornou-se a primeira grande economia da região a dotar o setor de um marco legal completo.
Delegando, ainda, ao Banco Central a supervisão dos prestadores de serviços de ativos virtuais (VASPs). Em janeiro, a autarquia estimou receber cerca de 100 pedidos de licença em 2025, com análises que podem durar até três anos.
É por isso que os investidores se perguntam quais serão as próximas criptomoedas que vão explodir, já que a clareza regulatória tende a favorecer projetos sólidos e liquidar aventureiros. Além disso, o Brasil tem um volume gigante. Entre julho de 2023 e junho de 2024, o país movimentou 90,3 bilhões de dólares em cripto, respondendo por mais de 22% de todo o valor transacionado na América Latina.
As stablecoins dominam com aproximadamente 70% das operações domésticas que já utilizam moedas estáveis. O novo arcabouço exigirá auditoria independente e critérios de capital para cada VASP, reforçando a segurança do investidor e reduzindo fraudes.
Em maio de 2024, a norte‑americana Circle oficializou sua operação no país durante o “Circle Forum São Paulo”. A empresa fechou acordo com BTG Pactual, que calcula um mercado potencial de R$300 bilhões em remessas, tesouraria corporativa e câmbio para pequenas e médias exportadoras, e com o Nubank para distribuir USDC diretamente aos clientes, usando o Pix para liquidação instantânea.
A Consulta Pública 117/25 foi aberta em março de 2025. A iniciativa conjunta de Banco Central e Conselho Monetário Nacional recebeu sugestões até de maio. O texto determina que fintechs, instituições de pagamento e VASPs só poderão usar termos como “banco” ou “bank” se tiverem licença bancária, estendendo a regra ao nome fantasia, site e aplicativo.
Também proíbe parcerias operacionais com empresas não autorizadas que façam esse tipo de marketing e fixa junho de 2026 como prazo‑limite para adequação. O BACEN argumenta que muitos usuários não conseguem distinguir fintechs de bancos tradicionais. Por isso, o objetivo é reforçar proteção ao consumidor e transparência antes mesmo de liberar novas licenças de prestadoras.
O Banco Central também iniciou a segunda fase do piloto do Drex, o real digital, selecionando 50 propostas de negócios para testar contratos inteligentes e liquidações instantâneas. A autarquia admite, contudo, que requisitos de privacidade ainda carecem de soluções maduras, motivo pelo qual o cronograma oficial empurrou o lançamento definitivo.
Nesse estágio, o regulador prioriza mecanismos que assegurem sigilo de dados sem sacrificar a rastreabilidade necessária ao combate à lavagem de dinheiro. A evolução do Drex, somada às futuras regras específicas para stablecoins em 2025, deve fortalecer a infraestrutura financeira local e, por consequência, ampliar a confiança do investidor estrangeiro.
A combinação de marco legal claro, estatísticas recordes e inovação monetária faz do Brasil um terreno fértil para novos projetos. Webull, por exemplo, desembarca com peso. Em junho de 2025, a corretora norte‑americana Webull fecha parceria com a Coinbase e lança negociação de criptomoedas no Brasil.
O grupo, avaliado em 5,5 bilhões de dólares na NASDAQ, mira especialmente mercados com arcabouço regulatório estruturado, exatamente o que o Brasil passou a oferecer após a Lei 14.478/22. E isso pressiona exchanges locais a reduzir spreads, ampliar listagens e investir em segurança de custódia.
Por outro lado, Enegix turbina a mineração verde. Também em junho, a cazaque Enegix assinou memorando para erguer um data center de 100 MW e até 120 milhões de dólares em Parnaíba‑PI, aproveitando excedentes de energia renovável e incentivos estaduais, como isenção de imposto de importação para máquinas de mineração.
O projeto deve gerar empregos diretos e criar um hub de “hashrate” limpo, reforçando a transição da matriz energética brasileira, hoje 85% renovável, como diferencial competitivo no setor cripto. Enquanto players globais chegam, incumbentes nacionais aceleram. O Itaú Asset mantém o ETF BITI11, pioneiro em Bitcoin na B3.A disputa entre Webull, Coinbase, Binance e plataformas locais tende a reduzir custos de transação e ampliar ferramentas avançadas (staking, opções, câmbio instantâneo). Já a mineração verde da Enegix pode atrair fundos ESG, aliviando críticas sobre pegada de carbono do Bitcoin. Sem dúvidas, a chegada de capital estrangeiro, infraestrutura de ponta e regras cada vez mais claras coloca o Brasil no radar mundial.
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