Economia

Usinas eólicas offshore podem aumentar em 3,6 vezes a geração no Brasil

De acordo com estudo realizado pela CNI, o Brasil possui um potencial energético offshore de cerca de 700 GW
Usinas eólicas offshore podem aumentar em 3,6 vezes a geração no Brasil
Foto: Reprodução Adobe Stock

O Brasil possui um potencial energético offshore, de cerca de 700 GW. Esse valor, referente à produção de energia nas instalações eólicas offshore, é o equivalente a 3,6 vezes a capacidade de energia já instalada no País. Como revela o estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O levantamento “Oportunidades e desafios para geração eólica offshore no Brasil e a produção de hidrogênio de baixo carbono” foi apresentado nesta terça-feira (12) pela CNI durante o evento pré-COP 28 em Brasília.

A produção de energia por meio de turbinas eólicas no mar, a chamada energia eólica offshore, já é realidade na Europa, Ásia e América do Norte. Globalmente, estima-se que 260 GW podem ser gerados até 2030, elevando o total global de instalações eólicas offshore para 316 GW ao final desta década. Para isso, estão previstos investimentos na ordem de US$ 1 trilhão.

O sistema de geração já começou a dar seus primeiros passos no Brasil, com pedidos de licenciamento no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Até 30 de agosto deste ano, o órgão já contabilizava 78 solicitações, somando 189 GW de potência instalada – quase a capacidade total de energia já instalada centralizada no País e conectada ao Sistema Interligado Nacional (194 GW).

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A consolidação dessa cadeia de valor no Brasil pode impulsionar a economia e facilitar a retomada da industrialização. Além de oferecer uma fonte de energia limpa e renovável, o setor também vai atrair empregos e investimento; estimular o desenvolvimento tecnológico e científico e ainda apoiar a promoção do hidrogênio de baixo carbono no País.

A CNI realizou um mapeamento na faixa costeira e identificou quais são as regiões com maiores oportunidades de exploração. A região Nordeste possui uma grande área de viabilidade na costa entre o estado do Piauí, do Ceará e no Rio Grande do Norte. Outras áreas de destaque estão no Sudeste, entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, e no Sul do Brasil, no Rio Grande do Sul, na Lagoa dos Patos.

Com cadeias de suprimentos maduras nos setores relacionados à energia eólica onshore, petróleo e gás, o País tem bagagem e experiência para alavancar a produção offshore nesses estados.

Além de ajudar o Brasil no cumprimento das metas definidas pelo Acordo de Paris, há também uma expectativa de que o setor eólico, tanto onshore quanto offshore, empregue cerca de 2,2 milhões de pessoas até 2030 e mais 2,1 milhões até 2050 no mundo, segundo a Agência Internacional de Energias Renováveis.

Outro fator que pode acabar colocando o País como um forte competidor na geração de energia eólica offshore é o conhecimento desenvolvido sobre energias renováveis e sua extensa costa com localização privilegiada para acessar os mercados com as maiores demandas para importação do hidrogênio.

A CNI também esclarece que apesar de o decreto 10.946, de janeiro de 2022, trazer uma regulamentação sobre a cessão do aproveitamento dos recursos naturais em águas para o desenvolvimento da energia eólica offshore, esse ato não foi o suficiente para trazer segurança jurídica aos investidores.

Na visão da instituição é preciso desenvolver um marco regulatório que traga previsibilidade e regras claras para este mercado. Nesse sentido, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que regulamenta o modelo de cessão de áreas, a cobrança de outorgas e os critérios para a realização dos leilões.

Hidrogênio de baixo carbono

Uma das questões levantadas pelo estudo da CNI é como o setor elétrico vai absorver toda essa expectativa de desenvolvimento e expansão da geração. O hidrogênio de baixo carbono, ou hidrogênio verde, então, surge como um caminho para viabilizar os projetos.

Atualmente, a maior parte do hidrogênio é produzida a partir de rotas fósseis, sendo cerca de 71% por meio do gás natural e 27%, da gaseificação do carvão. Porém, ele pode ser produzido a partir de diversas rotas, como da eletrólise com fontes de energia elétrica renovável, a exemplo da eólica offshore.

Ainda que o hidrogênio de baixo carbono provavelmente só tenha mercado consumidor em cerca de dois a três anos, a CNI avalia que é preciso iniciar acordos, memorandos de entendimento e desenvolvimento de infraestrutura para que o País possa se posicionar da melhor forma possível no mercado.

Ele tem grande utilidade na siderurgia, já que o hidrogênio de baixo carbono pode ser usado na produção de aço, conhecido como aço verde. O hidrogênio cinza é consumido em larga escala nas refinarias. Ele poderia, facilmente, ser substituído pelo hidrogênio de baixo carbono.

Outra alternativa de descarbonização considerada muito potente é a produção de metanol usando hidrogênio de baixo carbono. Além de suas aplicações nos setores de transporte e de armazenamento de energia elétrica.

Há ainda grande oportunidade de se utilização do hidrogênio produzido a partir de energia eólica offshore para o desenvolvimento de fertilizantes. Em 2022, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) registrou que 45,6% dos fertilizantes e adubos compostos por nitrogênio foram importados pelo Brasil.

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