Economia

Equatoriano alavanca negócio em Governador Valadares com a ajuda do Sebrae

Equatoriano alavanca negócio em Governador Valadares com a ajuda do Sebrae
Gerardo e Tatiane abriram delivery especializado em alta gastronomia e já pensam em expandir o negócio - Foto: Geraldo Soares

No Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), ir e vir tão natural da humanidade é um caminho rodeado de oportunidades. Aprender novas culturas, línguas, sabores e ensinar está presente nessa caminhada. E o mais importante é descobrir os estímulos que dão sentido à vida e ao permanecer, e entender que os instintos da mudança têm potencial realizador. 

Gerardo López Monge, natural de Quito, no Equador, já morou nos Estados Unidos (EUA), na Espanha e no Peru. Mas a paixão pelo Brasil e o desejo de fazer o novo transformaram a vida que antes conhecia. Hoje, ele é chefe de cozinha no Chef Monge – Laboratório Gastronômico, de Governador Valadares, negócio especializado em delivery da alta gastronomia que abriu em fevereiro de 2020 ao lado da esposa, Tatiane Castelani, e com o apoio do Sebrae. 

Caminhos até o Brasil 

Formado em jornalismo e letras, Gerardo se interessou por pesquisas nas áreas de linguística e literatura e logo saiu do seu país para lecionar espanhol no Reed College, em Portland (EUA), e dirigir o departamento de atividades culturais espanholas.

As atividades complementares de espanhol para os alunos sempre foram oportunidades para que Gerardo cozinhasse quitutes do Equador para os alunos, um “passatempo” que sempre o encantou. Após a temporada em Portland, ele viveu na Espanha para uma pesquisa científica. Com o retorno antecipado para o Equador, após o falecimento do seu orientador, ele começou a dar aulas de espanhol para estrangeiros e pensamento crítico para os equatorianos. 

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“Eu já tinha a minha vida assegurada, tudo tranquilo, com um salário bom, mas depois de sete anos lecionando eu me questionei se era aquilo que eu queria fazer até me aposentar. E entendi que aquilo não era comigo, não. Eu precisava de novos desafios. E eu gostava muito da cozinha e da ideia de não ter que depender de uma empresa”, conta Gerardo. 

O divisor de águas na culinária

A partir desse incômodo, o equatoriano se inscreveu para a escola de culinária Le Cordon Bleu, em Paris. Apesar de ter retornado ao Equador, após a formação na França, Gerardo descobriu o seu negócio – e vida – em Governador Valadares, em uma visita ao irmão, em 2018, que reside no município há 25 anos. “Nos últimos dias, conheci a minha esposa, que é engenheira de produção, e decidi morar aqui. A gente se casou e com um mês de casa já estávamos ampliando a cozinha para trabalharmos”, afirma. 

O negócio tem como carro-chefe a entrega de alimentos embalados à vácuo e foi aberto um mês antes da pandemia, mas teve o efeito inverso do que muitas empresas apresentaram, o que Gerado atribuiu ao tipo de gastronomia oferecido pelo nicho: “nós oferecemos alta gastronomia. E a maioria dos estabelecimentos que entrega para esse público não estava preparada para o delivery, o que foi uma alavanca, porque nós estávamos preparados”, explica. 

Joelho de Porco, chamado de eisbein, é um dos pratos com maior saída – Foto: Geraldo Soares

O papel do Sebrae Minas

Gerardo queria iniciar o negócio regularizado. Para isso, contou com o Sebrae Minas para entender os processos necessários legais e tributários para começar. “O Sebrae foi fundamental, eles nos ajudaram com todos os requerimentos. E entre janeiro e fevereiro de 2020 eu já estava com o alvará e o registro do MEI”, explica. 

Recentemente, o Sebrae Minas lançou o projeto Migrantes e Refugiados, que tem como objetivo apoiar a jornada empreendedora do estrangeiro que chega ao Estado quanto dos mineiros que saem do país em busca de mais qualidade de vida, conforme afirma Fernanda Silva, analista do Sebrae Minas. 

“Na maioria dos casos, esses migrantes querem retornar ao seu país de origem, mas não sabem onde investir aquele recurso financeiro que ele ganhou ao longo de anos de trabalho. Então o projeto leva orientação, conhecimento, ideias de negócios, além de toda a assessoria que o Sebrae tem para trabalhar temáticas importantes na abertura do negócio”, explica a analista. 

Ainda segundo a analista, as principais dificuldades dos migrantes e refugiados ao chegar em um novo país estão relacionadas à falta de conhecimento sobre gestão ou do cliente local, além da compreensão sobre as obrigações legais aplicáveis ao novo negócio, o que pode gerar insegurança no momento de investir. 

No caso do equatoriano Gerardo, além do conhecimento buscado junto ao Sebrae Minas, ele ainda adota a estratégia de não tentar concorrer com a culinária brasileira. “Eu trouxe o ceviche do jeito que é feito no meu país e no Peru. Eu tento aproveitar essa tradição e explorar os alimentos tipicamente brasileiros. Agora, comecei a produzir um prato que é brasileiro, que é o torresmo de barriga, mas eu faço ele com tecnologia de cozimento de 28 horas, à vácuo”, explica o chef. 

Além do ceviche peruano, os pratos mais pedidos são o ceviche nikkei de salmão, o eisbein (joelho de porco), a paella valenciana e quiches. Para o futuro do restaurante, Gerardo espera que a alta gastronomia seja mais acessível às pessoas e tenha mais toques da tecnologia. “A nossa visão também envolve a expansão para outras cidades vizinhas. Pensando no futuro, instalamos também painéis solares para ter um modelo (de negócio) que seja sustentável e o menos poluente possível”, acrescenta Gerardo. 

Chef Gerado traz ceviche com a tradição da cozinha do Pacífico – Foto: Arquivo Pessoal

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