Escalada no custo dos materiais onera construção civil em Minas

O aumento do custo dos materiais de construção e o atraso na entrega de matérias-primas têm preocupado o setor. No período de 12 meses encerrado em fevereiro, a alta já atingiu 26,34%. Com isso, as expectativas são de que os lançamentos de imóveis de padrão econômico, que se encaixam no programa do governo federal Casa Verde e Amarela, tenham um aumento nos preços de 15%, em meio a margens menores e teto para contratação.
Os dados, que foram divulgados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), também mostram as elevações mais representativas nos últimos meses.
Para se ter uma ideia, o aumento do preço dos fios de cobre chegou a 91,26% no período de 12 meses encerrado em fevereiro. Já o aço e o cimento registraram um avanço de 75% e 50,79%, respectivamente. Além disso, a entrega de cabos elétricos, esquadrias de alumínio, aço, louças, tubos de PVC e metais também têm atrasado bastante, de acordo com a entidade.
O cimento, por exemplo, que costumava ser entregue em 48 horas, atualmente chega até as empresas em cerca de 30 dias após o pedido. O prazo para o recebimento de materiais elétricos e aço, em geral, já é de 60 a 90 dias, conforme destaca a entidade. Segundo o presidente do Sinduscon-MG, Geraldo Linhares, alguns produtos chegam em até 150 dias.
“Antes da pandemia da Covid-19, a situação era outra”, conta ele, lembrando que muitas fábricas pararam de funcionar, o que impactou os prazos de entrega. “O atraso começou aproximadamente nos meses de setembro e outubro. O mercado deu um boom, vendeu muito”, diz ele.
Diante de todo esse cenário, Linhares conta que a entidade tem atuado fortemente, junto com a Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), para tentar reverter a situação.
De acordo com ele, também tem existido todo um diálogo com o governo federal, a fim de encontrar soluções para o quadro atual. Uma das sugestões que têm sido dadas passa pelo aumento do imposto de exportação do aço, por exemplo, para maior abastecimento interno.
Impactos
Os consecutivos aumentos dos preços dos materiais de construção e o atraso nas entregas poderão gerar vários impactos no setor e na economia de maneira geral, segundo Linhares. “O cenário está muito instável. Não temos noção de quando isso será resolvido”, diz ele.
Dessa forma, salienta o presidente do Sinduscon-MG, um dos reflexos pode ser a diminuição de postos de trabalho no setor, que abriu 25 mil novas vagas no Estado no ano passado. As altas de preços e o atraso nas entregas podem deixar os empresários mais comedidos, gerando demissões.
Com isso, os lançamentos também poderão ser prejudicados, conforme ressalta Linhares. De acordo com os dados da entidade, as vendas de imóveis em Minas Gerais ainda são mais elevadas do que o volume de novas unidades, impactando o estoque.
No ano passado, os lançamentos somaram 2.940 unidades, enquanto as comercializações chegaram a um total de 4.212. “A falta de previsibilidade do valor da obra retrai o mercado”, diz ele.
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