Economia

Escalada no valor do óleo diesel onera o custo do transporte de carga

Escalada no valor do óleo diesel onera o custo do transporte de carga
Com a alta do diesel neste mês, será inevitável um ajuste no setor de cargas, diz especialista | crédito: Divulgação

Depois dos recentes aumentos no preço dos combustíveis, o óleo diesel está respondendo por 70% do valor do frete, garantem os tanqueiros, como são chamados os transportadores de combustíveis.

“Hoje, empresas estão falindo e bancos estão tomando caminhões porque transportadores não estão conseguindo mais se sustentar ou pagar a prestação dos veículos. Além disso, contratos estão sendo quebrados pelos tomadores de serviços, que também não estão aguentando pagar. Em meio a isso tudo, o diesel, insumo mais oneroso para os transportadores, já ultrapassou 70% do valor do frete”, reclama o presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustível e Derivados do Petróleo de Minas Gerais (Sindtanque-MG), Irani Gomes.

“De quem é essa conta, quem estaria ganhando com toda essa situação que tem prejudicado não só aos transportadores, mas também a todos os consumidores brasileiros? O transportador não é culpado pelos aumentos dos combustíveis. Também somos vítimas desses reajustes e não estamos conseguindo arcar com os altos custos do diesel que consumimos”, completa.

O dirigente insiste na ajuda dos governos, já que, segundo ele, cada caminhão rodando nas estradas é como se fosse uma empresa, devido ao grande volume de impostos, taxas e insumos que paga. “Não dá para continuar morrendo abraçado, enquanto o governo arrecada cada vez mais e a Petrobras lucra uma fortuna. Com a alta dos preços dos combustíveis, o governo estadual multiplicou a arrecadação”, aponta o sindicalista.

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Se não houver nenhuma manifestação do governo, ameaça Gomes, os tanqueiros vão cruzar os braços. “Esta conta do País não é nossa, por isso, convocamos os tanqueiros, transportadores das demais modalidades e a população para irmos às ruas protestar. Os governos precisam diminuir os impostos e a Petrobras tem que reduzir seu lucro, para que os preços dos combustíveis baixem urgentemente”, conclama o presidente do Sindtanque-MG.

Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Gladstone Viana Diniz Lobato, o setor de transporte no País é muito diversificado, o que faz variar o peso do combustível no custo final do frete. “A média nacional no setor é de 35% a 40%; Em Minas, a infraestrutura deixa a desejar e, por esse motivo, o custo operacional aumenta”, observa.

Para ele, o governo já fez o que tinha que fazer, ao padronizar as alíquotas do ICMS – projeto aprovado que aguarda definição do Confaz – e zerar o PIS/Cofins. “O problema agora é que falta combustível. Como tem que importar, quem paga mais, leva. Mas frete é planilha; a gente não põe preço no que compra, mas coloca no que vende, como é o caso do frete. Então tem que repassar o custo, porque não tem como bancar o embarcador”, conclui Lobato.

Repasses

O diretor de Operações da Fretebras, plataforma on-line de transações entre transportadoras e caminhoneiros, Bruno Hacad, acredita que, com a mega alta do diesel este mês, será inevitável um ajuste nas próximas semanas.

“O que nós pudemos verificar é que, apesar das altas no combustível, ainda não vimos um repasse efetivo das transportadoras para os caminhoneiros autônomos. Como não temos acesso às negociações das transportadoras com os embarcadores, isto é, donos das cargas, não sabemos se este aumento de custo está sendo repassado. O que temos visto é uma pressão por controle de custos, então acreditamos que este repasse para os embarcadores, se houver, não será na mesma proporção da alta do diesel, que foi de mais de 40%”, afirma.  

Hacad sustenta que o combustível representa de 40% a 60% do custo do transporte, dependendo de fatores como idade da frota, rotas transitadas, peso da carga, entre outros. “Em alguns casos sim, supera os 70%, mas o que nós vemos com mais frequência é que fique em torno de 50%”, diz. 

Somados ao combustível, os custos de mão de obra e gastos com o veículo representam 90% dos custos operacionais e entre 60% e 80% do faturamento de uma transportadora, segundo a Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística).

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