Escassez de matéria-prima impacta setor de calçados

Apesar de todos os desafios pela frente, este ano para o setor de calçados deverá ser de recuperação das perdas de 2020 ocasionadas pela pandemia da Covid-19 e os seus reflexos.
Embora os dados ainda não estejam consolidados, o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados do Estado de Minas Gerais (Sindicalçados-MG), Luiz Barcelos, acredita que a queda no segmento no ano passado tenha sido de cerca de 10%. O número é menor do que o projetado inicialmente – cerca de 30% –, mas ainda assim impactante.
“As medidas que o governo tomou, como as de manutenção do emprego e o auxílio emergencial, deram uma boa amenizada nas perdas. Fizemos uma projeção maior”, afirma ele.
Matéria-prima – Apesar disso e das melhores expectativas para 2021, ainda há muitos desafios a serem superados, conforme relata Barcelos. Um deles diz respeito à falta de matéria-prima e, consequentemente, ao aumento dos preços. A situação teve início no ano passado e, embora esteja amenizando, ainda é uma realidade.
“Houve uma menor oferta de matéria-prima e aumento de custos. Isso possivelmente vai ser repassado para o consumidor em partes, com os lançamentos que vão entrar nas vitrines em março”, diz ele.
Segundo Barcelos, tudo ficou mais caro: do papelão ao couro, passando pela borracha e pelo metal. Alguns incrementos chegaram a 200%. “Não vai dar para repassar tudo”, salienta.
Mas esse não é o único entrave para o setor, conforme ressalta Barcelos. As incertezas ainda são muitas em relação à pandemia da Covid-19, e a retomada no varejo ainda não se deu por inteiro. As expectativas, salienta ele, estão na vacinação. “Essa retomada ainda vai vir”, diz.
Aliás, essa presença dos consumidores nas lojas físicas, diz o presidente do Sindicalçados-MG, é muito importante. Apesar de as empresas estarem investindo em vendas on-line, elas não são suficientes. Além disso, afirma ele, o comércio eletrônico de calçados não costuma ser a preferência das pessoas.
“Há uma pesquisa que mostra que cerca de 70% das pessoas preferem comprar calçados pessoalmente. Os consumidores diminuíram a resistência por falta de opção. Muitas empresas aproveitaram isso – aquelas que já tinham o e-commerce desenvolvido. Porém, não acho que é uma mudança de paradigma que mude o ponteiro da indústria”, destaca ele.
Dólar – Outro desafio que o setor vive atualmente diz respeito aos produtos importados e à concorrência com esses itens, principalmente em relação aos preços praticados.
Barcelos ressalta que a alta do dólar frente ao real traz oportunidades de exportações e inibe um pouco as importações. Mesmo assim, diz ele, os produtos asiáticos ainda têm preços muito baixos “por questões de competitividade difíceis de alcançar”, afirma ele, lembrando do custo Brasil.
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