Especialistas se dividem quanto a ajuste
A convergência entre especialistas sobre o papel do governo para estimular a economia e o emprego esbarra, porém, nas visões antagônicas que cada um tem sobre o grau do ajuste fiscal e a disponibilidade de dinheiro no caixa público.
Na avaliação do diretor do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, é necessário perseguir o equilíbrio das receitas e despesas nas contas públicas, “mas a médio prazo”. Para ele, a atuação do governo deve ser mais rápida e aguda.
“Perdemos emprego a 100 km/h e estamos recuperando a 20km/h. Nessa velocidade, a recuperação dos postos fechados na recessão pode levar mais de dez anos”.
A técnica do Ipea Maria Andréia Lameiras assinala que “destruir empregos é mais fácil e reconstruir oportunidades demora mais”. Para ela, a capacidade de investimento do novo governo dependerá de acenos com o ajuste fiscal e com a agenda de reformas, em especial da Previdência Social. “Traduzindo, isso gera tranquilidade”, explicou.
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A avaliação dela é de que sinais positivos, de que o governo atua para reequilibrar seu orçamento e reduzir as dívidas públicas, tira a pressão sobre os juros e desenha um cenário que estimula a iniciativa privada a investir.
“O emprego só vem quando o empresário tiver a percepção de que o País está em trajetória de crescimento sustentável”.
O economista da CNI, Marcelo Azevedo, acrescenta que, no caso da indústria, os empresários voltarão a contratar quando houver sinais de “retomada (do crescimento econômico) constante e previsível”. Além do equilíbrio fiscal, Azevedo inclui como fatores que pesam na abertura de vagas na indústria o quadro comercial externo, a mudança em marcos regulatórios para a indústria e a modernização das regras tributárias. (ABr)
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