Economia

Confiança dos empresários industriais em Minas Gerais se mantém estável em maio

O Icei-MG alcançou 50,4 pontos neste mês, mesmo índice de abril, e próximo da linha de 50 pontos - que separa a falta de confiança da confiança, indicando que o otimismo está moderado
Confiança dos empresários industriais em Minas Gerais se mantém estável em maio
Crédito: Eric Gonçalves/Arquivo Diário do Comércio

Os industriais mineiros permanecem confiantes pelo 16º mês consecutivo. O resultado foi constatado após o Índice de Confiança do Empresário Industrial de Minas Gerais (Icei-MG) manter-se estável em maio, registrando 50,4 pontos, a mesma marca de abril. Entretanto, a proximidade do índice com a linha de 50 pontos – que separa a falta de confiança da confiança – mostra que o otimismo está moderado.

Apesar do baixo entusiasmo, alguns fatores têm contribuído para a estabilidade da confiança mais uma vez. Na avaliação da economista da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Daniela Muniz, o cenário mostra a resiliência do mercado de trabalho, a redução gradual das taxas de juros, a desaceleração da inflação e as perspectivas favoráveis para o consumo das famílias, advindas da concessão do aumento real do salário mínimo, o que contribui para aumentar o poder de compra e o consumo.

“Embora as concessões monetárias sejam ainda restritivas, a gente já verifica um afrouxamento monetário para o mercado de crédito, bem como sinais de maior concessão para algumas famílias”, comenta.

Por outro lado, se compararmos os dados com o Icei de maio de 2023, quando o índice registrou 50,6 pontos, houve recuo de 0,2 ponto, situando-se 0,9 ponto abaixo da média histórica de 51,3 pontos para o mês. E analisando o cenário nacional, o Icei apresentou avanço de 0,7 ponto, subindo de 51,5 pontos em abril para 52,2 pontos em maio. A alta mostra uma confiança um pouco mais intensa e disseminada entre os empresários brasileiros.

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Apesar do otimismo, cenário é de cautela

Na visão da economista da Fiemg, a confiança não decola nem para os empresários mineiros e nem para os brasileiros. Ela atribui a estabilidade ao fato de ainda existir fatores que estão sugerindo cautela dos empresários. Na análise de Daniela Muniz, ainda é preciso persistência na busca de políticas econômicas que reduzam o endividamento público nos próximos anos e em ações que atuem nas reformas que aumentem o potencial de crescimento do País. 

“Para mim, o principal ponto são as contas públicas. Porque mesmo a arrecadação melhorando no curto prazo (fazendo referência aos avanços da reforma tributária), o principal obstáculo do equilíbrio fiscal, é o comportamento das despesas e elas continuam elevadas”, analisa.

Na percepção da economista, os empresários têm dúvidas sobre a disposição do governo para contingenciar despesas e os dados têm mostrado que elas têm aumentado. “Essa incerteza, somada ao equilíbrio das contas públicas, acaba afetando as expectativas de inflação e a percepção de risco-país e isso acaba limitando o processo de queda dos juros. A gente viu na última reunião, inclusive, que já houve redução menor da taxa de juros. O Banco Central já sinaliza uma preocupação de segurar um pouquinho o freio do afrouxamento monetário”, comenta.

Adicionado a essas questões, ela ressalta que também haverá os impactos da tragédia do Rio Grande do Sul. “A atividade industrial gaúcha foi muito afetada. Nove em cada dez empresas do estado estão em cidades atingidas pelas enchentes. Isso vai acabar tendo algum efeito e a preocupação maior é o efeito inflacionário”, conclui.

Entenda a estabilidade do índice

O Icei é calculado com base na ponderação dos índices de condições atuais e expectativas, variando de 0 a 100 pontos. Valores acima de 50 indicam uma percepção positiva da situação atual em relação aos seis meses anteriores e expectativas favoráveis para os próximos seis meses. 

O componente de condições atuais atingiu 45,8 pontos em maio, permanecendo abaixo dos 50 pontos pelo 18º mês consecutivo, o que reflete percepção negativa dos empresários em relação às condições econômicas do Brasil e de Minas Gerais, bem como dos seus próprios negócios. Comparado a abril, quando foram apurados 44,1 pontos, houve aumento de 1,7 ponto, e em relação a maio de 2023, com 45,1 pontos, o crescimento foi de 0,7 ponto.

Já o componente de expectativas marcou 52,7 pontos em maio, indicando otimismo para os próximos seis meses. Contudo, houve queda de 0,9 ponto em relação a abril, que registrou 53,6 pontos, e redução de 0,6 ponto em comparação a maio de 2023, que marcou 53,3 pontos, mostrando otimismo menos intenso e disseminado.

“A combinação desses dois componentes, um que melhorou um pouco e o outro que piorou, acaba refletindo a estabilidade no índice de confiança neste mês”, conclui a economista Daniela Muniz.

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