Estado anuncia início de obras da biofábrica Wolbachia para controle de arboviroses

O Governo de Minas informou, nesta segunda-feira, que as obras da Biofábrica Wolbachia começarão na segunda quinzena de abril. A novidade foi apresentada em reunião realizada na Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), durante exposição da situação das arboviroses em Minas Gerais ao governador Romeu Zema.
A construção da unidade para controle de arboviroses – como zika, dengue e chikungunya – está prevista no acordo judicial firmado pelo poder público com a Vale, em razão dos danos provocados pelo rompimento da barragem na Mina do Córrego Feijão, em Brumadinho, 2019. A tragédia tirou 272 vidas e gerou uma série de impactos sociais, ambientais e econômicos na bacia do Rio Paraopeba e em todo o Estado de Minas Gerais.
“Com a biofábrica, poderemos ter uma redução expressiva no número de casos”, pontuou o governador. “Provavelmente, este será o último ano aqui em Minas sem que tenhamos essa arma potente pronta para utilizar”, enfatizou o governador, tendo em vista que a expectativa é que a construção seja concluída em maio de 2024.
Instalação e atividade
A biofábrica será instalada em um terreno do Governo do Estado localizado no bairro Gameleira, região Oeste de Belo Horizonte, com um valor de construção de mais de R$ 20 milhões.
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Em um primeiro momento, atenderá 22 municípios da Bacia do Rio Paraopeba (Betim, Brumadinho, Cachoeira da Prata, Caetanópolis, Curvelo, Esmeraldas, Felixlândia, Florestal, Fortuna de Minas, Ibirité, Igarapé, Juatuba, Maravilhas, Mário Campos, Papagaios, Pará de Minas, Paraopeba, Pequi, Pompéu, São Joaquim de Bicas, São José da Varginha e Três Marias), mas já há planos de atender o Estado todo.
Acompanhamento e obrigações
A execução do projeto está sendo acompanhada pela auditoria socioeconômica da Fundação Getulio Vargas (FGV) e pelos compromitentes do Termo de Reparação – Governo de Minas, Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Ministério Público Federal (MPF) e Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG). A ordem de início foi emitida pelos compromitentes em fevereiro deste ano após a análise do projeto apresentado pela mineradora e o parecer favorável da FGV.
Conforme previsto no Acordo Judicial, a Vale tem a responsabilidade de construir, equipar e mobiliar a biofábrica, que será de propriedade do Estado de Minas Gerais. A empresa também é obrigada a custear o funcionamento da biofábrica por cinco anos, contados a partir da licença de operação e com valor previsto de cerca de R$ 57 milhões. Além disso, cabe à Vale pagar as despesas de segurança e de conservação do local no período entre a conclusão da obra e o início da operação.
Os trabalhos na biofábrica serão conduzidos pela SES-MG, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o World Mosquito Program (WMP) – iniciativa internacional que atua na proteção das pessoas às doenças transmitidas por mosquitos Aedes aegypti.
Cenário epidemiológico
O governador e o secretário de Estado de Saúde também apresentaram, em coletiva, o cenário epidemiológico das arboviroses no Estado e as ações que estão em curso para enfrentamento às doenças.
“A ação principal é orientar os municípios e unidades de saúde sobre a condução clínica dos pacientes que venham a procurar atendimento”, reforçou o governador. “Lembro que sempre podemos contribuir nas nossas casas. Qualquer vasilha, vaso e reservatório que esteja com água parada é um foco em potencial para a reprodução do mosquito, e toda medida que é feita nesse sentido ameniza e muito”, acrescentou.
“Quando olhamos no mapa de incidência, percebemos que o Norte e o Triângulo Mineiro estão com grande número de casos e, agora, esses se espalham pela Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que é muito populosa e, obviamente, a circulação do vírus aumenta. A expectativa é que os casos do Norte do Estado entrem em queda, seguido pelo Triângulo, e que, depois, essa curva comece a cair na região metropolitana também, onde o pico dos casos está previsto para o mês de abril”, explicou o secretário.
Para reforçar o monitoramento dessas doenças, a SES-MG lançou o Painel Arboviroses: Vigilância Epidemiológica, que divulga os números de casos, óbitos e incidência no Estado. A ferramenta possibilita o acesso direto aos dados a toda a população. No painel, que tem como fonte o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), o usuário consegue fazer buscas pelo tipo de arbovirose, período, semana epidemiológica, entre outros.
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