Estado pode produzir vacina contra Covid até dezembro

Minas Gerais poderá produzir, até o final do ano, vacina contra a Covid-19. A informação é do presidente da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Dario Brock Ramalho. Segundo ele, a fundação segue por dois diferentes caminhos para conseguir fabricar o imunizante. Um deles, o mais promissor, está ligado a uma parceria junto à Covaxx, divisão da norte-americana United Biomedical.

Outro caminho seria via Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que trabalha em uma vacina com insumos 100% brasileiros. Nos dois casos, porém, ainda não houve finalização dos estudos clínicos, sem contar que seriam necessários investimentos na estrutura na Funed, o que torna uma produção imediata neste primeiro semestre praticamente impossível.

O primeiro caso, segundo Ramalho, é mais factível para este ano, uma vez que as negociações do governo do Estado junto à Covaxx estão adiantadas, e os testes clínicos da vacina, avançados. “Nesse caso, trata-se de uma vacina com maior potencial, aplicável a diferentes perfis. É um imunizante mais moderno e sofisticado, quando comparado à Coronavac, à de Oxford e outras vacinas que já estão no mercado”, explicou.

O presidente da Funed afirmou que a Covaxx está com os estudos avançados, entrando em abril na fase 3, que realiza testes em humanos. “Neste caso, dando tudo certo, haverá fornecimento e transferência de tecnologia. Mas, para isso, precisaremos construir uma nova estrutura para a produção da vacina”.

Ramalho explicou que a estrutura que a Funed tem hoje para produção de vacina contra a meningite não é aproveitável para a produção de vacinas contra a Covid. “No caso do Instituto Butantan e da Fiocruz, eles saíram na frente porque já existia, há décadas, estrutura usada para a produção da vacina contra influenza, que pôde ser utilizada nas vacinas contra Covid. A Funed não dispõe dessa estrutura ainda”.

O presidente da fundação mineira não mencionou valores necessários à construção da nova planta. Apenas adiantou que o governo do Estado está empenhado nesse propósito.

Vacina da UFMG

No caso da vacina da UFMG, a Funed já possui uma estrutura, sendo necessários alguns ajustes, segundo Ramalho. Os pesquisadores estão testando o imunizante em animais, e dependem do recebimento de recursos da ordem de R$ 400 milhões para dar seguimento às pesquisas.

“O Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação está empenhado na busca de recursos. Paralelamente, estamos mobilizando a iniciativa privada. Como é uma vacina com insumos totalmente brasileiros, significaria a autossuficiência do Brasil em vacina de Covid, considerando que a imunização terá que ser feita de tempos em tempos”, explicou o virologista da universidade, Fávio Fonseca, um dos pesquisadores à frente do projeto.

Fonseca, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, destacou que, caso os recursos sejam liberados, a expectativa é que a vacina seja concluída no próximo ano. “Aí a parceria com a Funed é fundamental para fabricar essa vacina. As duas instituições – UFMG e Funed – nunca estiveram tão alinhadas Significará que não vamos ficar reféns de farmacêuticas de outros países no futuro. O Brasil poderá ter, quem sabe já no próximo ano, sua independência nesse sentido”, disse o cientista.