Estado tem grande potencial para descarbonização

Minas Gerais tem grande potencial para se despontar na descarbonização da economia. Para que isso aconteça, um estudo feito pelo centro de excelência britânico Energy Systems Catapult aponta que será importante trabalhar com inovações a partir de uma visão holística de todo o sistema econômico. A inovação passará por tecnologias, mudanças comportamentais, políticas, regulamentações e design de mercado.
O gerente de Desenvolvimento de Negócios Internacionais da Energy Systems Catapult, Felipe Cruz, explicou que devem ser desenvolvidas ações por parte do governo de Minas Gerais para que o Estado avance na descarbonização.
Entre elas, são necessárias medidas para trazer segurança ao mercado, estimulando os empresários a investirem. Isso envolve, por exemplo, a definição de modelos de rota de menor custo para descarbonizar a economia e a avaliação das tecnologias que fazem sentido e aproveitam os recursos que o Estado tem.
Além disso, é preciso definir políticas e regulamentações voltadas para a nova realidade de uma economia de baixo carbono, para que os arranjos de mercado necessários tragam segurança jurídica e destravem os investimentos.
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Cruz destacou, ainda, que a corrida para a emissão zero exige inovação e que nem todas as tecnologias que são necessárias para a descarbonizar a economia estão maduras. “Então, o aspecto de inovação é crítico. Neste momento, não é só como Minas Gerais pode despontar na frente do Brasil, mas como pode sair na frente do mundo inteiro. Existe uma corrida mundial para o desenvolvimento de tecnologias”.
Segundo ele, é preciso desenvolver uma cadeia de valor local, para que se desenvolva tecnologias e capacite pessoas.
“Esse avanço pode promover a descarbonização do Estado, mas é interessante que o Estado passe a exportar para a descarbonização mundial. Isso passa por destravar a inovação, que envolve a identificação das barreiras, criação de políticas, regulações e também na criação de infraestrutura que dê suporte às startups, pequenas e médias empresas para o desenvolvimento do hubs de inovação, de laboratórios de vida real onde os inovadores possam testar as soluções”.
Também será importante a criação de programas onde o governo, com suporte de incubadoras, faça assessoria técnica. Assim como o desenvolvimento de ações coordenadas de intervenções locais para que poder público, indústria e academia coloquem projetos de pesquisa e desenvolvimento e provas de conceito necessários para desenvolvimento de tecnologias ainda imaturas e em fase de prototipagem.
Todas as ações precisam ser desenvolvidas em conjunto. O governo, no papel de facilitador, precisa trazer todos estes agentes para discutir ações coordenadas.
“Tem uma série de tecnologias que são comuns, passam por setores múltiplos como mineração, siderurgia e metalurgia, cimento, químicos, vidraçaria, assim como
em setores não diretamente correlatos, como subprodutos, biomassa residual do setor agropecuário que podem ser utilizados para o desenvolvimento de novos vetores energéticos”.
Indústrias promovem ações para reduzir emissões
O presidente do Conselho de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Valadares Mello, explica que a Fiemg e muitas indústrias do Estado já estão envolvidas em ações que promovam a descarbonização da economia.
“As grandes empresas instaladas em Minas Gerais já têm uma agenda climática muito desenvolvida, já possuem projetos de mitigação dos gases que provocam o efeito estufa e vários estudos voltados para a eficiência energética. Nosso objetivo é avançar mais e incluir mais industrias”.
Segundo Mello, a Fiemg está desenvolvendo um projeto para que as empresas façam um inventário de emissões de gases, o que já é feito pela maioria das grandes empresas, por isso, a ideia é levar para as de menor porte.
“O inventário será a base para qualquer tipo de ação voltada para a redução da emissão e também para gerar oportunidades. O principal potencial de oportunidade é que, ao verificar as emissões, vai-se implantar tecnologias e inovações em busca da redução dos gases. Isso traz um ganho imediato para o bolso dos empresários. A partir do momento que tem o inventário e sabe o que emite, é possível identificar as etapas em todos os processos – seja na indústria, no transporte, na logística – e corrigir”.
As indústrias mineiras também terão papel importante no fornecimento de novas opções de energia, como as de mineração.
“Produtos que são gerados pelos dois setores vão contribuir muito para a descarbonização do mundo. Exemplo disso, na mineração, é o nióbio e o lítio, que são componentes de baterias elétricas mais eficientes e que no futuro próximo serão usados nos automóveis. A mineração é fundamental pelos minerais estratégicos que vão compor os produtos inovadores de baixa emissão”.
Ainda segundo Mello, a siderurgia é responsável por fabricar aço usado em torres eólicas e que contribuem muito na produção de energia renovável e limpa do mundo inteiro.
Outro setor é o florestal. “Com a preservação da floresta em pé, possui a maior floresta plantada do País, contribuindo para a absorção do carbono e preservação dos biomas”.
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