Economia

Estoque de imóveis está quase zerado na Capital

Na outra ponta, pequenas salas comerciais e lojas de rua estão “à deriva”
Estoque de imóveis está quase zerado na Capital
A oferta está muito baixa e, como consequência, os preços subiram até 20% em algumas regiões | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

Nos momentos mais críticos da pandemia, o isolamento social escondeu as pessoas dentro de casa. Privilegiado era quem tinha uma área privativa em seu apartamento; quem não tinha, teve que procurar seu lugar ao sol. Um verdadeiro êxodo deslocou pessoas de Belo Horizonte – e outras grandes cidades – para casas de campo ou condomínio, sítios, enfim, qualquer lugar onde fosse possível morar e trabalhar em home office, com qualidade de vida.

Com o arrefecimento da pandemia e a retomada das atividades presenciais, o movimento se dá em sentido contrário, e as pessoas estão voltando. Hoje, quem procura um imóvel residencial para alugar em Belo Horizonte, em especial na região Centro-Sul, está tendo dificuldades. O estoque está praticamente zerado em algumas regiões. “A oferta está muito baixa e, como consequência, os preços subiram até 20% em determinadas regiões”, aponta o diretor da área de Locação da Netimóveis, Achilles Seabra.

No primeiro trimestre deste ano, a Netimóveis registrou 1.512 contratos de locação, 15% a mais do que no mesmo período de 2021, quando foram fechados 1.316 aluguéis. “Os estudantes que estavam no interior estão voltando a locar imóveis, e em bairros próximos a universidades, como Coração Eucarístico ou Buritis, os estoques foram praticamente zerados”, afirma Seabra.

Bairros como o Buritis também são o destino daqueles que, por causa da pandemia, adiaram o casamento. Com a retomada dos eventos, os jovens casais marcaram a festa e saíram em busca de um ninho para alugar. Assim, são poucas as opções para quem quer um apartamento de dois quartos em bairros como Funcionários, Sion, Anchieta e Carmo.

Segundo o diretor da Netimóveis, em regiões como Savassi e Buritis, não tem quase nada para alugar. Afinal, todo mundo quer ficar perto da escola ou do trabalho que voltou a ser presencial, especialmente em segmentos como o de lazer. Em consequência, o aluguel nesses locais aumentou entre 15% e 20%. Um apartamento de um quarto, que custava R$ 1.000 antes da pandemia, agora não sai por menos de R$ 1.200. O aluguel de imóveis de dois quartos chega a custar R$ 2.500.

Ressignificação do lar

No auge da pandemia, as pessoas experimentaram o que passou a ser conhecido como ressignificação do lar. Deixaram para trás os apartamentos na cidade, que viraram um ponto de apoio para quem, agora, passava a maior parte do tempo no campo ou no condomínio. E até mesmo esses espaços sofreram reconfigurações para abrigar família, residência e local de trabalho. “As pessoas queriam casas com placas fotovoltaicas, espaço definido para o escritório, para os equipamentos de ginástica e até divisórias de vidro para separar crianças do ambiente de trabalho”, conta Achilles Seabra. 

Na retomada, muitas dessas novas configurações se mantêm. Mas um segmento que está surpreendendo, apesar da transformação radical nas relações de trabalho, é o de andares corridos, onde também há poucas opções disponíveis para locação. Mesmo que muitas empresas tenham desmobilizado seus escritórios, outras se readequaram e buscaram novos espaços. “São empresas que não adotaram o home office ou que mantêm um sistema híbrido de trabalho, devido à importância da interação entre as equipes”, avalia o diretor da Netimóveis.

Um outro fator que, segundo Seabra, pode ter aquecido o mercado de locação, foi o aumento do preço de imóveis novos, provocado pela alta dos insumos da construção civil. “Financiamentos caros, com juros altos, desestimulam a aquisição e todo mundo corre para o aluguel”, conclui. 

Salas

Já o segmento de salas menores, de 18 m² a 50 m², está em flagrante decadência. O aluguel deste tipo de imóvel foi bastante esvaziado devido à pandemia, que levou profissionais liberais como advogados, contadores e projetistas a trabalharem em casa. “Com isso, temos uma grande vacância em salas com essa característica”, constata Seabra. “Os que ainda ocupam este tipo de sala, como médicos, psicólogos e dentistas, costumam comprar e não alugar”, acrescenta.

As lojas de rua são outro tipo de imóvel que está sendo abandonado, substituídas pelos marketplaces do comércio virtual. “Ao mesmo tempo, o segmento de galpões, dos quais se alugam módulos ou armazéns, comemora um ótimo momento. As vendas on-line levaram muitas empresas a reforçarem suas posições logísticas, montando centros de distribuição que permitam o rápido escoamento dos produtos”, revela o executivo. A valorização foi imediata: no início da pandemia, tais galpões eram alugados por R$ 18 a R$ 20 o metro quadrado; hoje, o preço é R$ 32. Se o interessado encontrar.

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