Puxada pelo etanol, venda de combustíveis cresce 6,7% em Minas Gerais

As vendas de combustíveis encerraram o primeiro semestre do ano com alta de 6,7% em Minas Gerais, totalizando 8,35 milhões de metros cúbicos vendidos. A alta foi puxada, principalmente, pela maior demanda de etanol hidratado, em que o consumo foi 69% maior que no primeiro semestre do ano passado. O destaque também vai para o óleo diesel, que apresentou aumento de 4,6% no Estado, um recorde de vendas. Em contrapartida, a gasolina registrou queda de 10,4%.
Conforme os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em nível nacional, as vendas de combustíveis ficaram 4,6% maiores no primeiro semestre. Ao todo, as vendas das distribuidoras somaram 75,3 milhões de metros cúbicos.
Em Minas Gerais, durante os seis primeiros meses de 2024, a maior alta na venda de combustíveis foi do etanol hidratado. Ao todo foram 1,25 milhão de metros cúbicos negociados no primeiro semestre, volume 69% maior que o comercializado no mesmo período de 2023.
Etanol tem preços mais competitivos
A venda do etanol está favorecida em função dos preços mais competitivos que a de sua maior concorrente, a gasolina. Para o professor de Ciências Contábeis e diretor do Centro Universitário Estácio Floresta, Alisson Batista, a alta do consumo reflete a redução do preço deste tipo de combustível em detrimento dos demais combustíveis fósseis como gasolina e o diesel, que tiveram aumento, além das empresas optarem pelo combustível limpo em virtude das políticas de ESG. “É um aumento mercadológico mesmo. Quando o motorista para na bomba e vê que a gasolina vai pesar mais no bolso, ela acaba optando pelo etanol”, diz.
Considerando apenas o mês de junho, quando as vendas do etanol foram de 187 mil metros cúbicos, a alta foi de 45% frente a igual mês de 2023, e queda de 12,2% quando comparado com o mês imediatamente anterior.
Para o economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Carlos da Silva, a alta demanda também é resultado do aquecimento da atividade econômica. “A economia está voltando a reaquecer depois de um arrefecimento em função da taxa de juros elevada entre outros fatores. Passando este efeito, a gente começa a observar um crescimento da atividade econômica e isso impacta no segmento de combustíveis”, comentou.
Em Minas Gerais, considerando as vendas gerais das distribuidoras só no mês de junho, o volume de combustíveis chegou a 1,4 milhão de metros cúbicos, alta de 2,6% frente a junho de 2023, e queda de 4,33% quando comparado ao mês anterior (maio).
Diesel bate recorde de vendas
O diesel também registrou alta e bateu recorde de vendas para o período analisado. Foi o maior volume de combustível registrado nos primeiros semestres dos últimos 12 anos, alcançando o volume de 4,02 milhões de metros cúbicos negociados no Estado de janeiro a junho.
O avanço foi impulsionado, principalmente, pelo aumento das exportações. “Tivemos no primeiro semestre um aumento considerável de vendas para o exterior. Isso fomenta o nosso transporte interno que é em grande parte realizado pela malha rodoviária, aumentando a demanda pelos fretes e, consequentemente, do consumo de óleo diesel”, pontuou o professor Batista, considerando o bom desempenho das indústrias de transformação, agropecuária e extrativista.
O economista do BDMG pontua que o estado de Minas Gerais tem crescido e puxado a grande demanda pelo transporte de carga no Brasil e, com isso, observa-se os resultados desse movimento nos insumos de transporte de carga. “Por isso, o aumento da demanda dos combustíveis por aqui cresce mais que a do Brasil”, avaliou.
Venda de gasolina cai 7,4% no primeiro semestre
No sentido oposto, conforme os dados da ANP, a gasolina apresentou recuo de 10,6% nas vendas estaduais, seguindo a tendência nacional, quando as vendas reduziram 7,4% no primeiro semestre quando comparadas ao mesmo período de 2023. Nesse intervalo, as vendas somaram 2,1 milhões de metros cúbicos ante a 2,4 milhões em 2023.
O reajuste da Petrobras de 7,12% no preço do litro da gasolina vendida às distribuidoras no início de julho, fez o combustível romper a barreira dos R$ 6 da gasolina no Estado, tornando-a ainda menos competitiva. Além disso, há o aquecimento da atividade econômica.
“A gasolina teve aumento recente e já estava relativamente mais cara nos últimos meses. Isso faz com que o consumidor migre seu consumo para o etanol. Além disso, há o aquecimento da economia, com mais pessoas no mercado de trabalho, mais emprego e renda, e mais consumo”, ressalta o economista Denis Medina.
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