Economia

Executivas são exemplos de sucesso em Minas

Diário do Comércio conta a trajetória de sucesso de algumas profissionais de grandes empresas no Estado
Executivas são exemplos de sucesso em Minas
Carolina Duarte enfrentou casos de preconceito | Crédito: Divulgação

No Brasil, as mulheres são mais da metade da população, possuem mais tempo de estudo e são maioria nas universidades públicas e privadas. Duas em cada dez mulheres, de 25 a 44 anos, tem ensino superior completo, e quando concluem a universidade, ocupam cada vez mais espaços no mercado corporativo. Em números, representam mais de 44% da força produtiva, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, em média, os homens ainda são a maioria em cargos de liderança pelo País. 

Entender essa realidade é partir de um cenário repleto de fatores históricos, culturais e sociais. A tônica pela necessidade de uma equidade de gênero avança cada vez mais nos escritórios e setores da indústria. O DIÁRIO DO COMÉRCIO convidou mulheres que ocupam aqui em Minas cargos de liderança de grandes marcas do Brasil para contar suas trajetórias no mercado de trabalho.

Durante a sua trajetória, a diretora Executiva do Banco Mercantil do Brasil, Carolina Marinho do Vale Duarte, enfrentou desafios comuns aos profissionais empenhados em construir uma carreira sólida. No entanto, precisou adaptar-se a vários deles.

“Ser mulher nunca me atrapalhou. Nunca tive a percepção, no meu dia a dia profissional, de que era tratada de forma diferente por ser mulher”, disse a executiva. Porém, preconceito explícito mesmo ela sofreu apenas uma vez. 

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“Estava num grupo de trabalho, com parceiros da empresa na qual trabalhava, e fui literalmente ignorada por um profissional de uma das empresas. Eu ia falar e ele simplesmente desconsiderava as minhas colocações, como se eu não estivesse ali. Já o meu colega, que defendia os mesmos pontos, era totalmente respeitado. Chegou a ser constrangedor. Quando o preconceito era implícito, durava pouco, acho que até pelo fato de eu não ser ligada nesse aspecto”, relembra.

Comandando a contabilidade e a controladoria da mineradora Kinross Brasil, Maria Claudia Bitencourt decidiu colocar os pés numa área totalmente dominada por homens. “No meu caso, duplamente, porque além da área financeira, escolhi o segmento de mineração. Considero que o desafio foi constante nesse cenário”.

“Busquei vencer as minhas próprias barreiras internas e, também, as externas. No início foi mais difícil, mas à medida que amadureci, demonstrando o conhecimento existente, apresentei resultados consistentes do meu trabalho, e consegui conquistar respeito e espaço”, conta Bitencourt. Na companhia, 36,4% dos postos de trabalho gerados em 2022 foram ocupados pelo público feminino.

Maria Claudia Bitencourt, da mineradora Kinross Brasil | Crédito: Divulgação/Kinross

Apesar de que a aceitação da mulher ainda é um pouco tímida, os avanços no mercado só ocorreram nos últimos anos com a pressão da própria sociedade por mudanças. “Eu, por exemplo, era jovem, recém-saída da faculdade e tive, na indústria automotiva, minha primeira experiência na liderança. Eu acabei encontrando um ambiente extremamente masculino na montagem. Eu era uma das quatro ou cinco mulheres na época entre uns 5 mil homens”, conta Erika Santos que ocupa a função global de liderar indicadores e melhoria de processos em estampagem e injeção na Stellantis, fusão da Fiat Chrysler com Peugeot Citroën.

Segundo ela, a forma de gestão está muito mais ligada ao estilo do líder do que propriamente ao gênero. Mas Erika Santos afirma que há, é claro, diferenças físicas e psicológicas entre homens e mulheres. “Observo que as mulheres são mais atenciosas, detalhistas e até mais exigentes principalmente no que se refere à relação consigo mesmas.  É preciso potencializar estas características e transformá-las em aspectos positivos, sem esquecer que o que importa no final das contas é o resultado que a liderança é capaz de gerar”, avalia. 

Erika Santos é uma das lideranças femininas da Stellantis | Crédito: Paula Amaral / Divulgação

Na Stellantis, há uma política abrangente de Diversidade & Inclusão, que se reflete nas práticas de gestão de Recursos Humanos. Em 2022, as mulheres representaram 41,5% das contratações de trabalhadores nas plantas da América do Sul. O objetivo para este ano é de que representem 50%, isto é, homens e mulheres serão contratados em igual número.

A empresa tem objetivos globais ambiciosos. Em 2025, a meta é que as mulheres ocupem 30% dos cargos administrativos e de gestão da empresa em todo o mundo. Em 2030, as mulheres devem ser 35% das lideranças da companhia.

Ocupando a cadeira de diretora de Relacionamento com Cooperado da Unimed-BH, a médica Maria das Mercês entende que a união das potencialidades de ambos os sexos é um fator extremamente positivo para as empresas. “Acho, justamente pela complementaridade de suas características. Afinal, acredito que, no futuro, estas diferenças tendem a diminuir. As mulheres hoje têm menos filhos, dividem as tarefas domésticas com os homens, conhecem mais suas potencialidades”. 

Segundo Mercês, o fato de ser mulher num ambiente que também era dominado por homens, nunca foi um empecilho para a sua trajetória profissional. “Ter outras colegas médicas e até professoras me ajudou a entender que aquele ambiente também era meu”, diz. E, mesmo que ela tenha ocupado um espaço que era ocupado, em sua grande maioria, por médicos, “isso não me impediu de seguir meus sonhos”, acrescenta Mercês. Hoje, na Unimed-BH, 40% do corpo médico são de profissionais mulheres. 

Dra Maria das Mercês: união das potencialidades é positiva | Crédito: Marcus Desimoni / NITRO

No Banco Mercantil do Brasil essa realidade de equilíbrio e representatividade também é trabalhada. Atualmente, 40,5% da liderança e 39,5% do quadro geral de colaboradores são formados por mulheres. 

Carolina Duarte ainda revela que, mesmo sendo mulher, quem sempre a inspirou como gestora foi o seu marido. “Apesar de termos estilos bem diferentes, aprendi muito com ele, principalmente no início da minha carreira em cargos de gestão. Ocupar espaços sendo você mesma, fica muito mais fácil, leve e efetivo”, complementa. 

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