Expansão da energia em Minas cai 58% e retomada depende de novos projetos
A expansão acelerada da oferta de energia nos últimos anos começa a dar sinais de arrefecimento em Minas Gerais. Entre janeiro e novembro, o Estado adicionou 1,2 gigawatt (GW) em novas usinas, puxado pela fonte solar. O volume representa uma queda de 58% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o acréscimo foi de 2,9 GW.
A desaceleração estaria atrelada à demanda, que não acompanhou a evolução da oferta. Agora, para retomar o crescimento, o Estado depende da atração de projetos de consumo intensivo, como data centers e plantas de hidrogênio verde.
O consultor de mercado de energia da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Sérgio Pataca, explica que, após a “fase de ouro” dos projetos, viabilizada por incentivos governamentais, a tendência é de uma redução gradual nos avanços. “Parte dos resultados observados em 2025 é o sobressalente de iniciativas dos anos anteriores”, ressalta.
Além dos projetos robustos, um eventual crescimento nos próximos anos está condicionado ao desempenho econômico do País, atrelado a aumentos expressivos no consumo de energia industrial. “Se não elevarmos a demanda de consumo industrial, não haverá uma expansão tão grande nos próximos anos”, destaca.
Atualmente, o consultor avalia que o País passa por uma fase de sobreoferta de energia, e que ainda não apresentou crescimento expressivo frente aos investimentos robustos que foram realizados, especialmente entre 2022 e 2024. “Nesse sentido temos uma curva que se encaminha para uma estabilização da demanda”, completa.
A vantagem, segundo ele, são os baixos custos, que tornam os projetos rentáveis, mesmo com aumento no payback, que indica o tempo necessário para retorno do investimento. Os menores custos dispensaram a necessidade de incentivos públicos, embora possam ocorrer em outros formatos.
“Quanto ao governo, é possível incentivar subsidiando grandes consumidores de energia ou ampliando a possibilidade tarifas horárias, com maior apelo para horários de menor consumo, como 12h às 15h”, argumenta Pataca.
Mesmo com desaceleração, Minas Gerais protagoniza crescimento da matriz elétrica em 2025
Até novembro, Minas Gerais ampliou a oferta de energia em 1.214,75 megawatts (MW). Os projetos são majoritariamente fotovoltaicos, concentrados em regiões como Norte, Nordeste e Triângulo Mineiro.
No período, o Brasil reforçou a matriz elétrica com a adição de 6.751,03 provenientes de 118 novas usinas. A expansão foi liderada pelas termelétricas, que somaram 2.493 MW ao sistema, seguidas de perto pela fonte solar, com um incremento de 2.464 MW.
A expansão da oferta de energia alcançou 17 estados brasileiros. No ranking nacional, Minas Gerais ocupa a vice-liderança, atrás apenas do Rio de Janeiro, que somou 1.672,60 MW. A Bahia completa o top 3 com 1.011 MW de potência adicionada.
Ouça a rádio de Minas