Expectativas da indústria de calçados para o segundo semestre são positivas

Amargar os efeitos da crise da Covid-19 na economia é uma realidade comum para diversos setores. Com a indústria e o comércio de calçados, não é diferente. Segundo o economista da Fiemg Marcos Marçal, o setor calçadista sofreu no ano passado não só pelas restrições de circulação das pessoas nas cidades, mas pela própria interrupção na indústria para manter o controle dos casos em suas unidades fabris.
Com mais pessoas em casa e empresas aderindo ao trabalho remoto – o home office – e a renda da população caindo, as indústrias e comércios que atuam no segmento de calçados casuais e sociais tiveram impactos ainda mais significativos, conforme aponta o economista. “Os segmentos de chinelos e calçados que atuam como equipamentos de proteção individual foram responsáveis por segurar uma queda mais forte do setor de calçados a nível nacional”, afirma Marçal.
Contudo, a adoção de estratégias digitais e de proximidade com os clientes foi a aposta que mudou o cenário para algumas empresas, enquanto o segundo semestre do ano é figura como uma promessa de recuperação.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados do Estado de Minas Gerais (Sindicalçados-MG), Luiz Barcelos, o segundo semestre de 2021 deve garantir mais fôlego para o setor, já que as indústrias vendem seus produtos da coleção primavera-verão em julho e, em agosto, é a vez do comércio efetivar suas vendas para o consumidor final.
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A retomada do crescimento, segundo ele, que é diretor financeiro e de expansão da Luiza Barcelos Calçados, que atua na produção e varejo, também deve ter como termômetro o faturamento de outubro e novembro, quando o calendário concentra as vendas de Natal e Black Friday. Apesar da busca pelo crescimento ser constante em diversas empresas, Luiz Barcelos teve uma caminhada mais exitosa em seu próprio negócio, mesmo em meio à pandemia, superação que se solidificou com as estratégias adotadas pela empresa.
“Em relação a 2019, tivemos uma queda de 6% em nosso faturamento de 2020. Mas, neste ano, as vendas da empresa cresceram, garantindo um faturamento maior do que no período pré-crise. Esse crescimento acontece graças à estratégia bem construída de relacionamento com nossos clientes”, afirma.
Apesar desse crescimento, Luiz Barcelos acredita que o setor, como um todo, se recupera a ritmo lento, sem robustez no crescimento. “Muita gente ficou no meio do caminho, porque a crise foi muito pesada. Quando houve escassez de matéria-prima, nós tivemos que repassar o aumento ao consumidor final. O couro, que é o nosso principal insumo foi um grande vilão, com um aumento de mais de 20 % no valor de compra”, declara Barcelos, que acredita que o avanço da vacinação trará um panorama esperançoso.
O que dizem os números
De acordo com o Panorama Setorial de Couro e Calçados, levantado pela Fiemg com base em dados do IBGE, do Ministério da Economia e da Secretaria Estadual da Fazenda de Minas Gerais, no acumulado referente aos meses de janeiro a junho de 2020 a arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) do setor calçadista no Estado foi de R$ 29,75 milhões.
No mesmo período deste ano (2021), a arrecadação é de R$ 41,75 milhões, uma variação de 40,35 %. “A arrecadação mostra que a atividade do setor está aumentando. Quanto mais vendas são registradas, temos o indicativo de que o setor está performando melhor em comparação a 2020, quando as restrições de circulação foram maiores do que as que vimos neste ano”, analisa o economista Marcos Marçal.
Além disso, conforme dados do Panorama Setorial, a variação de empregos começa a dar sinais de melhora, já que fechou, nos meses de abril e maio, com saldo positivo na diferença entre o número de admitidos e demitidos no setor de couro e calçados. Em maio de 2020, o saldo de empregos ficou negativo, com 6.827 pessoas demitidas, sendo que no mesmo mês deste ano o saldo se mostrou positivo com a geração de 2.715 postos de trabalho.
Conforme dados atualizados Sindicalçados-MG, as empresas produtoras de calçados do Estado, que, em maioria, são de pequeno e médio porte, empregam 28 mil pessoas diretamente, com uma produção de 54 milhões de pares ao ano nas 1,2 mil indústria do setor.
O futuro do setor
O economista da Fiemg, Marcos Marçal, caso o avanço da vacinação se confirme e a crise sanitária brasileira seja controlada, a circulação das pessoas deve contribuir para o avanço das vendas e produção, principalmente do segmento de calçados casuais e sociais, já que aumenta as expectativas de festividades do final do ano e, ainda, do retorno ao trabalho presencial massivo.
Apesar do cenário relacionado anteriormente, o economista alerta para o controle da pandemia a nível mundial e fatores que tornam essa retomada mais lenta. “A taxa de câmbio depreciada deve favorecer a exportação de calçados produzidos nacionalmente e garantir que eles tenham mais competitividade. No entanto, os países que importam também precisam ter estabilidade no controle da pandemia para efetivar as compras. A inflação segue como um desafio para a renda das pessoas e o preço dos insumos também, características que devem confirmar um crescimento significativo apenas em 2022”, explica Marcos Marçal.
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