Exportação industrial de Minas Gerais para a China salta quase 30% com foco em lítio e nióbio
A exportação industrial de Minas Gerais para a China deve encerrar 2025 em alta impulsionada por produtos com maior valor agregado. De janeiro a setembro deste ano, as vendas mineiras do setor para o país asiático cresceram 29,8% em valor e 48,9% em volume em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Enquanto o valor total das exportações mineiras caiu 7,9% no período – reflexo da desvalorização do minério de ferro, que ainda domina a pauta -, a indústria de transformação mostrou desempenho acima da média nacional, acompanhando o movimento de industrialização das exportações brasileiras.
“Minas Gerais também acompanha esse movimento de aumento das exportações de itens da indústria da transformação para a China, assim como o Brasil”, afirma a coordenadora de Facilitação de Negócios Internacionais da Fiemg, Verônica Winter.
Entre 2022 e 2024, o perfil exportador de Minas esteve concentrado em produtos da indústria extrativa (64,3%), seguido por agropecuária (18,5%) e indústria de transformação (17,2%). Agora, o Estado mostra um avanço consistente de produtos industrializados, sobretudo nas categorias de média-alta e alta intensidade tecnológica, cuja participação subiu 10% neste ano.
De commodities a produtos industrializados
Entre os principais setores industriais mineiros que mais vendem para a China estão carnes processadas, ferroligas (sobretudo as de nióbio), celulose, açúcares e químicos derivados de metais críticos.
De acordo com a Fiemg, as ferroligas representam hoje 30% das exportações industriais de Minas para o país asiático, seguidas por carnes processadas (34%) e celulose (16%).
“Ligas de nióbio são muito utilizadas na indústria siderúrgica, que está em alta. Novas parcerias e investimentos da China relacionados a minerais críticos justificam esse aumento. Além disso, passamos a exportar o óxido de lítio, enquanto nos anos anteriores exportávamos apenas o espodumênio (minério do lítio)”, explica Verônica Winter.
Minas entra na rota tecnológica

Os produtos químicos derivados de nióbio ou lítio tiveram aumento de 419% em valor e 17.098% em volume na comparação entre janeiro e setembro de 2025 e o mesmo período do ano passado.
O avanço das exportações de óxido de lítio e de produtos químicos derivados do nióbio mostra que Minas começa a se posicionar na cadeia global de produtos tecnológicos, especialmente os ligados à transição energética.
“Existe uma pressão forte na indústria para que o Brasil avance na cadeia produtiva, em especial na extração mineral. Movimentos como o laboratório-fábrica de ímãs permanentes de terras raras da Fiemg apontam nessa direção”, destaca Verônica Winter.
China segue como principal destino da exportação de Minas
A China mantém-se como o principal parceiro comercial de Minas Gerais, respondendo por 35,3% do valor exportado pelo Estado e 77,2% do volume total.
A tendência de crescimento da pauta mineira em direção a produtos mais processados é impulsionada, em parte, por questões de mercado e geopolítica, segundo a análise da federação das indústrias.
“Muitos produtos desde carnes, cafés, açúcares até granitos responderam com aumento expressivo nas exportações à China, como desvio de comércio após tarifas de Donald Trump contra o Brasil”, aponta Verônica Winter.
Mesmo com a queda no preço das commodities, a demanda chinesa continua a impulsionar a indústria mineira, especialmente em produtos de média-alta complexidade, como químicos, ferroligas e alimentos processados.
“É muito positivo que quaisquer desses setores com maior nível de processamento sejam consumidos pela China, para que nossa pauta se torne, ainda que de forma limitada, menos dependente de commodities. Uma pequena fatia da China que consuma produtos como carne ou café, já representa uma parcela maior do que muitos países, dada sua extensão e população”, ressalta a coordenadora da Fiemg.
Tendência de alta para a exportação em 2026
Para a federação, a tendência é que o crescimento se mantenha. “Tem havido um avanço moderado das exportações da indústria de transformação de Minas para a China, sobretudo focada em semicommodities industrializadas, como ferroligas, carnes, café, celulose e agora o óxido de lítio. A tendência é de continuidade”, explica.
A Fiemg também prepara uma nova missão empresarial à China em novembro, que deve reunir dezenas de empresários mineiros interessados em expandir negócios, importar tecnologia e buscar parcerias.
“A China é um parceiro essencial para a indústria mineira e, ao mesmo tempo, um grande laboratório de inovação e eficiência produtiva. O objetivo é que Minas continue ampliando sua presença nesse mercado, diversificando e agregando valor à pauta exportadora”, conclui Verônica Winter.
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