Economia

Exportações brasileiras devem ficar aquém do esperado em 2024

Queda nos preços de commodities, como o minério de ferro, deve puxar os resultados neste ano, segundo a AEB
Exportações brasileiras devem ficar aquém do esperado em 2024
Foto: José Fernado Ogura / ANPR

As exportações brasileiras devem somar US$ 327,6 bilhões em 2024. O montante é 3,5% inferior às projeções iniciais da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). A revisão das estimativas foi puxada pela queda nos preços das commodities, como o minério de ferro, principal item da pauta de Minas Gerais. Além disso, a entrada de veículos elétricos no País deve derrubar o superávit da balança comercial.

Por outro lado, a estimativa de importações foi revisada para cima, passando de US$ 240,8 bilhões para US$ 250,6 bilhões, alta de 4%. Com isso, o superávit da balança comercial deverá atingir US$ 77 bilhões, resultado 22% menor que o recorde de US$ 98,8 bilhões registrado em 2023.

A maioria das commodities exportadas pelo Brasil sinaliza queda de preços em 2024, cenário diretamente responsável pela redução nas exportações totais do Brasil e para a consequente redução projetada para o superávit comercial. Segundo o presidente executivo da entidade, José Augusto de Castro, na pauta de importação a questão mais inesperada foi o maior volume de automóveis elétricos que chegaram ao mercado nacional.

“O cenário não estava previsto por nenhum analista e, simplesmente, a partir do segundo trimestre deste ano, começou a crescer muito o volume de importação dos veículos elétricos, que impactou na balança comercial. Estamos saindo de um volume de importação inicial na faixa de US$ 3 bilhões para US$ 10 bilhões. Com isso, o superávit comercial ficou menor que o do ano passado, que havia sido recorde”, avaliou o presidente da AEB.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Outro fator apontado pelo dirigente foi a queda na produção de soja, perdendo a liderança no comércio exterior brasileiro, por conta do preço e da quantidade. “O petróleo subiu, um pequeno percentual, mas também registrou alta. O milho sofreu queda de 20 milhões de toneladas na produção, o que impacta, juntamente com minério de ferro e soja, na balança comercial de Minas Gerais”, avaliou ele.

Para 2024, as exportações de soja em grão, petróleo bruto e minério de ferro são projetadas em US$ 120,8 bilhões, correspondendo à participação acumulada estimada em 36,9% das exportações totais do Brasil, levemente inferior aos 37,2% apurados em 2023.

Segundo Castro, o futuro do comércio exterior brasileiro continua dependendo da realização de reformas estruturais, com destaque para a reforma tributária, e iniciativas para a redução do custo-Brasil. “Sem o avanço destas ações, o Brasil continuará sendo um grande exportador de commodities. E a ausência de concretização dessas reformas é diretamente responsável pelas exportações de commodities serem destaque na pauta de exportação nacional, ao contrário dos produtos manufaturados, que permanecem com reduzida participação”, avaliou.

Com isso, o cenário atual mostra que, devido aos preços mais baixos, porém ainda competitivos, o Brasil torna-se mais dependente das exportações de commodities e sem perspectivas de agregar valor ao seu produto, pois o Brasil e suas empresas exportadoras não têm controle sobre preços e quantidade demandada destes produtos.

“Assim o Brasil permanece na dependência da decisão das empresas importadoras e de seus países, que em geral são desenvolvidos e fazem valer sua larga tradição em negociações internacionais”, apontou Castro.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas