Exportações de minério de ferro perdem força
São Paulo – As exportações de minério de ferro do Brasil no acumulado de março perderam força, na primeira fraqueza nos embarques do País desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, de acordo com dados divulgados ontem pelo governo brasileiro.
Os embarques do País, que cresceram 9,5% em fevereiro na comparação com igual mês do ano passado, apresentaram queda na média diária até a terceira semana de março em relação ao ritmo do início do mês, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Os preços médios, contudo, estão 16,6% mais altos em março, na esteira da alta das cotações internacionais com os cortes de produção pela Vale, cuja capacidade produtiva foi reduzida em mais de 80 milhões de toneladas/ano por conta dos desdobramentos da tragédia em Brumadinho, que fez mais de 300 vítimas, entre mortos e desaparecidos, em 25 de janeiro.
No acumulado do mês até a terceira semana de março, o Brasil exportou em média 1,29 milhão de toneladas ao dia, ante 1,68 milhão de toneladas da média verificada em março até a segunda semana, de acordo com a Secex.
A média diária de fevereiro havia sido de 1,446 milhão de toneladas ao dia, enquanto em março de 2018 foi de 1,42 milhão de toneladas ao dia.
No primeiro bimestre, as exportações de minério de ferro do Brasil, amplamente dominadas pelos embarques da Vale, totalizaram cerca de 62 milhões de toneladas, alta de 14% ante o mesmo período do ano passado.
Procurada, a Vale não tem se pronunciado sobre sua estratégia de vendas, se os embarques maiores no primeiro bimestre ocorreram com a utilização de estoques ou capacidade produtiva não atingida por cortes de produção decorrentes do rompimento da barragem – a maior parte da extração da companhia, e de melhor qualidade, está no Pará.
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Atualmente, o minério de ferro entregue na China, principal cliente do produto brasileiro e da Vale, está cotado a US$ 88,50 por tonelada, após um pico de mais de US$ 94 em 11 de fevereiro, segundo dados da consultoria SteelHome. No acumulado do ano, os preços subiram cerca de 22%, com impulso dos problemas no Brasil.
Esse aumento na cotação começou a aparecer no valor do produto exportado. Segundo dados da Secex, o preço do minério embarcado pelo Brasil foi de US$ 61,70 por tonelada no início de março, em média, alta de quase 17% na comparação com a média de fevereiro.
Mais recentemente, além dos cortes já anunciados de capacidade produtiva, a Vale sofreu os efeitos da interdição do terminal portuário de minério de ferro na Ilha da Guaíba, pela Prefeitura de Mangaratiba (RJ), que citou problemas de poluição. O terminal tem exportado cerca de 40 milhões de toneladas ao ano. (Reuters)
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