Exportações de Minas para os EUA: confira os produtos excluídos do tarifaço de Trump

Os Estados Unidos excluíram, nesta quarta-feira (30), alguns dos principais itens das exportações mineiras para o país da tarifa de 50% que o presidente norte-americano, Donald Trump, impôs ao Brasil. Dentre os itens excluídos do tarifaço estão suco de laranja, ferro-gusa, minério de ferro, aço e celulose. No entanto, seguem entre os itens taxados, por exemplo, café, manga e carne.
As novas tarifas, que entrarão em vigor em 6 de agosto, são uma extensão da ordem executiva de 2 de abril, quando foram impostas taxas específicas para cada país, atendendo ao princípio de reciprocidade, na concepção das autoridades americanas.
Nessa perspectiva, o Brasil se enquadrava na categoria de países com alíquota geral de 10%, à exceção do aço e do alumínio, que, no caso específico do Brasil, passaram a ser tributados em 50%.
Agora, no entanto, o presidente dos EUA adotou um tom político ao impor um adicional de 40% que elevará para 50% a taxação sobre os produtos brasileiros. Dos 4 mil itens que o Brasil exporta para os EUA, as exceções contemplam cerca de 700 itens.
“O presidente Donald J. Trump assinou uma Ordem Executiva implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o valor total da tarifa para 50%, para lidar com políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”, diz o comunicado da Casa Branca.
A Ordem Executiva considera que “a perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivado pelo Governo do Brasil contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores são graves violações dos direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil”, continua o texto da Casa Branca.
EUA compram um terço do café exportado por MG
Em 2024, Minas Gerais exportou US$ 4,6 bilhões para os EUA, mais de 10% do total de US$ 42 bilhões comercializados no mercado internacional, segundo levantamento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil)
Dentre os produtos fortemente atingidos pela nova alíquota está o café, já que 33,1% das exportações mineiras do grão são para os EUA, somando US$ 1,5 bilhão no ano passado. As exportações de carnes bovinas, com US$ 114 milhões, também serão afetadas.

“Minas é fortemente dependente desses setores exportadores. A perda de competitividade no mercado americano pode levar a uma queda no PIB estadual e na geração de empregos”, aponta o relatório da ApexBrasil.
Amcham Brasil alerta para risco às relações bilaterais
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) manifestou preocupação com a decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas de 50% sobre determinados produtos brasileiros. Segundo a entidade, a medida representa um retrocesso nas relações econômicas entre os dois países e poderá afetar diretamente a competitividade das empresas, a geração de empregos e o poder de compra dos consumidores.
A Amcham avalia que a decisão norte-americana enfraquece uma parceria de mais de dois séculos, construída com base em interesses econômicos comuns, diplomacia contínua e intenso intercâmbio empresarial. A organização defende que divergências comerciais sejam resolvidas por meio de diálogo construtivo entre os governos, com foco na preservação da cooperação econômica.
Uma pesquisa realizada pela própria Amcham entre os dias 24 e 30 de julho aponta que mais da metade das empresas exportadoras brasileiras acreditam que a nova tarifa poderá provocar a interrupção total ou a redução acentuada das vendas para os Estados Unidos, em muitos casos, com queda superior a 50%.
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