Economia

Exportações mineiras para os EUA caem 49,5% em agosto sob impacto do tarifaço

China e Estados Unidos foram os principais destinos dos embarques do Estado
Exportações mineiras para os EUA caem 49,5% em agosto sob impacto do tarifaço
Entre os destaques está o café, cujo VBP cresceu 62,5% e está estimado em R$ 66,3 bilhões | Foto: Marcus Desimoni / Nitro

As exportações de Minas Gerais para os Estados Unidos reduziram 49,5% em agosto se comparado com julho deste ano, com recuo de US$ 431 milhões para US$ 213 milhões. As tarifas impostas pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros, aplicadas desde o dia 6 de agosto, refletiram nas negociações com o país norte-americano. A economia do Estado mostrou resiliência e, apesar de impactada, está conseguindo encontrar alternativas para os produtos.

Conforme dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic) e compilados pela Fundação João Pinheiro (FJP) e pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a balança comercial de Minas Gerais fechou o mês de agosto com superávit de US$ 1,5 bilhão, menor do que os US$ 2,1 bilhões de julho e do que o US$ 1,8 bilhão de agosto de 2024. No acumulado do ano, o saldo positivo é de US$ 16,9 bilhões. Enquanto as exportações somaram R$ 28,9 bilhões, as importações contabilizaram US$ 12 bilhões no período.

Minas Gerais foi o terceiro maior Estado exportador brasileiro no oitavo mês do ano, com participação de 10,9% no comércio internacional do País, atrás de São Paulo (19,2%) e Rio de Janeiro (11,5%). Entretanto, registrou queda nas exportações em relação a julho de 15% e de 7,1% em relação a agosto do ano passado, enquanto as importações subiram 2,6%.

Principais destinos das exportações

Os principais destinos das exportações mineiras no mês foram a China e os Estados Unidos. Enquanto a participação da China aumentou de 36,6% em agosto de 2024 para 41% em agosto deste ano, a dos Estados Unidos, que era de 10,9%, caiu para 6,6%, revelando os impactos da taxação. 

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Na avaliação da analista de Negócios Internacionais do Fiemg, Verônica Winter, a queda observada nas negociações com os EUA é resultado das incertezas das empresas somadas aos custos dos produtos que não foram isentos da taxação. “Anteriormente, a gente já havia observado queda nas exportações como impacto dos primeiros tarifaços, como os sobre aço e alumínio, depois o de autopeças, mas o mais acentuado foi agora em função do maior volume de produtos e do percentual maior aplicado, com a taxa de 50%”.

Segundo Verônica Winter, apesar da queda, algumas empresas ainda estão conseguindo criar alternativas para aguardar os novos desdobramentos da negociação tarifária. “Quem conseguiu esperar vai aguardar para ver quais medidas tomar daqui para frente. Outros setores conseguiram diversificar mercados, como o café. Porém, algumas empresas, sem alternativas, acabaram enviando um volume menor para os EUA, o que se refletiu nos números do mês”, diz.

Em sentido contrário, os negócios com a China cresceram, passando de US$ 1,32 bilhão em julho para US$ 1,33 bilhão em agosto, apontando uma leve alta. Nesse caso, a analista da Fiemg comenta que não se pode afirmar que já seja um desvio de comércio em função do curto espaço de tempo. Além disso, a analista pontua que a natureza dos produtos exportados para os dois países é diferente. “A maioria dos produtos que exportamos para China são commodities e essa variação pode ser atribuída a fatores sazonais, períodos de safras ou grandes contratos”.

Resultados do acumulado de 2025

A mesma justificativa é usada pela analista para os valores acumulados do ano. De janeiro a agosto, as exportações para os EUA ainda demonstram crescimento em 2025, enquanto para a China apresentam queda, se comparadas com o mesmo período de 2024. Movimentos contrários aos percebidos em agosto, sob o impacto do tarifaço.

Nos primeiros oito meses do ano passado, Minas Gerais negociou US$ 2,66 bilhões com os EUA, frente aos US$ 3,13 bilhões de agora. Para a China, foram contabilizados US$ 10 bilhões este ano, frente aos US$ 11,5 bilhões do ano passado, no mesmo espaço de tempo. “Essa queda no acumulado do ano da China também reflete a questão do minério de ferro, que o mundo todo vem enfrentando. A China reduziu a demanda, é um produto importante na nossa pauta de exportação, e tem perdido valor em função do excesso de oferta”, diz.

Minério de ferro e café são os principais produtos exportados

Em agosto, cerca de 50% das exportações mineiras foram representadas pelo minério de ferro e pelo café. O minério de ferro, com 29,3% de participação, recuou 5,4% em valor, porém teve alta de 7,1% em volume em relação a agosto de 2024.

Já o café, que representou 20,1% das vendas internacionais, teve acréscimo de 22,4% em valor apesar da retração de 16,2% em volume na comparação com o mesmo mês do ano passado.

O volume das vendas de café para os EUA teve ganho de 17,2% em valor, compensando o recuo de 16% em volume em relação a agosto de 2024. Para a Alemanha, segundo principal destino, houve queda mais acentuada, 47,2% em volume e 22,1% em valor.

No acumulado de 2025, o valor exportado de minério de ferro, 25,7% do total, recuou 21,1% em valor e 3,5% em volume. O café, com 23,7% de participação, registrou acréscimo de 52,4% do valor e retração de 11,1% em volume em relação ao mesmo período do ano anterior.

“O valor do café aumentou muito puxado pelas questões climáticas. Houve uma escassez da produção e o valor aumentou. Já o minério de ferro está enfrentando uma desaceleração da industrialização, o que tem reduzido a demanda, causando um excesso de oferta”, conclui.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas