Economia

Exportações de Sete Lagoas e Contagem sofrem impactos diferentes do tarifaço; entenda

Valor das exportações de Contagem para os EUA subiu após o início da nova taxação, enquanto os embarques de Sete Lagoas despencaram
Exportações de Sete Lagoas e Contagem sofrem impactos diferentes do tarifaço; entenda
Os embarques de transformadores de potência da Tsea favorecem Contagem | Foto: Divulgação TSEA

Em um estado com uma economia tão diversa como Minas Gerais, os municípios têm observado efeitos distintos do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às importações brasileiras. Com um mês de vigência da sobretaxa, as empresas já alteraram os preços dos produtos em algumas cidades, enquanto em outras houve queda nas exportações – ainda que ocasional – e a incerteza não sai do radar dos negócios.

Os embarques de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), para os Estados Unidos, por exemplo, representam mais da metade da exportação da cidade ao exterior. As tarifas trumpistas poderiam impactar duramente a pauta exportadora de um município que havia conseguido reverter recentemente os déficits dos últimos anos na balança comercial com os EUA, quando registrou superávit de US$ 59,6 milhões no ano passado.

Acontece que, passado um mês da entrada do tarifaço, o valor das exportações da cidade cresceu substancialmente. Os embarques de Contagem para os Estados Unidos somaram US$ 16,7 milhões em agosto, um crescimento de 106,7% em relação com julho, quando foram registrados US$ 8,1 milhões. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

Em relação a agosto do ano passado, as exportações do município para a maior economia do mundo caíram 24,3%, mas o movimento está em linha com as oscilações para o mês registradas nos últimos anos – até mesmo em menor patamar.

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O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Contagem, Luciano José de Oliveira, revela que as empresas instaladas na cidade, com exportações para os Estados Unidos, realizaram acordos comerciais com seus clientes norte-americanos para incorporar o tarifaço nos preços dos produtos.

O movimento elevou o custo dos produtos, o que fez aumentar o valor das exportações da cidade, e o acréscimo deverá ser repassado ao mercado consumidor dos Estados Unidos. “Entre fornecedor e comprador, os dois assimilaram o percentual da tarifa, ou seja, o fornecedor cede daqui o cliente cede dali, mas continuou a exportação, não parou”, disse.

Uma dessas empresas foi a Tsea Energia, que vai investir R$ 700 milhões em uma nova planta na cidade para duplicar sua capacidade de produção, principalmente de transformadores de potência, o carro-chefe da marca. A exportação do produto, inclusive, foi o que impulsionou o crescimento mensal no valor das exportações de Contagem para os EUA.

Outra alternativa adotada pelas empresas da cidade, aponta o secretário, é exportar os produtos por meio de suas filiais instaladas em outros países – que estão fora do tarifaço.

Sete Lagoas registra queda, espera retomada e vive com incerteza

Já Sete Lagoas, na região Central do Estado, que até o ano passado destinava mais da metade das suas exportações aos Estados Unidos, registrou uma expressiva queda de 64,5% dos embarques ao país de Trump na passagem de julho para agosto deste ano. Comparado a agosto do ano anterior, a redução foi de 40%.

O coordenador de Assuntos Institucionais da Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento de Sete Lagoas, Juca Bahia, aponta que, ainda em julho, apenas o anúncio do tarifaço pelo presidente norte-americano foi o suficiente para os clientes das empresas exportadoras da região, sobretudo as de ferro-gusa, cancelarem os pedidos para evitar as pesadas tarifas de 50%.

O receio naquele momento, afirma Bahia, era de que as empresas do setor pudessem paralisar as atividades. Quase 80% da exportação de ferro-gusa de Sete Lagoas são destinados aos Estados Unidos. Mas, ao anunciar uma longa lista de exceções ao tarifaço, com centenas de produtos, entre eles, o ferro-gusa, Trump aliviou, por um momento, os ânimos do setor, sem deixar os negócios da cidade longe da incerteza.

“Se as empresas tivessem sido taxadas mesmo, provavelmente iriam fechar. Mas, agora, com os pedidos sendo retomados, esperamos que volte ao normal”, disse Bahia. “Incerteza no mercado, infelizmente, sempre tem agora. Um dia tarifa, outro dia tira, gera uma insegurança no mercado que é complicada para o empresário”, completa.

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