Economia

Exportações de minério de ferro atingem o menor nível desde 2020 em Minas Gerais

No primeiro semestre de 2025, a receita com os embarques foi de US$ 5,2 bilhões
Exportações de minério de ferro atingem o menor nível desde 2020 em Minas Gerais
Crédito: Reprodução Reuters

Entre janeiro e junho deste ano, as exportações de minério de ferro de Minas Gerais somaram 79,4 milhões de toneladas, gerando uma receita de US$ 5,2 bilhões. Os resultados foram 24,3% e 8,9%, respectivamente, inferiores em relação ao mesmo intervalo de 2024. Em termos de valor, foi o menor patamar alcançado para um primeiro semestre desde 2020.

Os dados constam no Comex Stat, plataforma do governo federal. Conforme explica a doutora em economia no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Diana Chaib, vários fatores motivaram o desempenho negativo. O principal deles é a desaceleração da demanda global, sobretudo da China, o principal destino do produto exportado pelo Estado e pelo Brasil.

Ela ressalta que a economia chinesa enfrenta um momento de ajuste estrutural, com uma desaceleração mais prolongada do setor imobiliário e um crescimento mais baseado em consumo e tecnologia, setores que demandam menos minério do que o modelo anterior, baseado em infraestrutura pesada. Isso afeta diretamente estados como Minas Gerais, cuja pauta exportadora é fortemente concentrada em bens primários, como o minério de ferro.

Segundo Diana Chaib, outro fator que afetou a performance mineira foi o preço da commodity no mercado internacional, que vem oscilando em patamares mais baixos, impactando também no recuo da receita. “A queda de 24% em valor, frente a um recuo de apenas 9% no volume, mostra que a principal explicação está na deterioração dos preços internacionais, o que faz com que a rentabilidade das exportações se reduza”, destaca.

Diana Chaib
Diana Chaib aponta a menor demanda por minério como principal fator de desvalorização do minério | Foto: Divulgação Arquivo Pessoal

Para a doutora em economia no Cedeplar/UFMG, o cenário desfavorável reforça uma reflexão importante sobre a dependência estrutural, não só do Estado, como do País inteiro, em relação às commodities. “Um modelo baseado essencialmente na exportação de produtos de baixo valor agregado faz com que a nossa economia fique extremamente vulnerável às flutuações externas como essas que estamos acompanhando”, reitera.

Problemas logísticos, concorrência internacional e reforço de exigências ambientais

Somados à redução do consumo chinês e à baixa dos preços globais – fatores ligados à demanda –, os problemas logísticos, a concorrência internacional e o reforço das exigências ambientais – fatores relacionados à oferta – contribuíram para que as exportações de minério de ferro diminuíssem em Minas Gerais nos primeiros seis meses de 2025, tanto em valor quanto volume. A análise é do professor da FIA Business School, Claudio Felisoni.

De acordo com ele, questões climáticas dificultaram a operação de retirada e movimentação de minério no início deste ano. Além disso, outros exportadores da commodity, em especial, a Austrália, vêm ganhando espaço no mercado internacional. Adicionalmente, os organismos internacionais têm ampliado as fiscalizações ambientais e dificultado as licenças para exploração, levando a restrições operacionais de algumas minas.

Cenário das exportações no segundo semestre tende a ser semelhante

Na opinião dos especialistas, o cenário nos últimos seis meses do ano tende a ser parecido com o observado no período de janeiro a junho. Diana Chaib não acredita em uma recuperação expressiva nos preços ou volumes exportados de minério de ferro, a não ser que haja uma mudança significativa na geopolítica global ou em estímulos chineses.

O professor da FIA Business School reforça a avaliação, dizendo não esperar uma mudança de rota na segunda metade de 2025. “As questões associadas à demanda vão continuar muito difíceis de serem enfrentadas. No que diz respeito ao mercado chinês, isso não vai mudar. E as questões de oferta não serão superadas tão rapidamente assim”, observa.

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