Economia

Fabricação de produtos de cimento em MG cresce 8,3%

Avanço no 1º trimestre anima, mas setor vê incertezas com custos e Covid
Fabricação de produtos de cimento em MG cresce 8,3%
Segundo Lúcio Silva, a produção está próxima da demanda | Crédito: Divulgação

A construção da Arena MRV, a indústria de mineração que cresceu na pandemia e novos investimentos – como os de R$ 200 milhões na instalação da fábrica de argamassa Fassa Bortolo em Matozinhos – são notícias positivas que impulsionam a indústria de produtos de cimento em Minas e aumentam a confiança do setor.

Segundo o Sindicato das Indústrias de Produtos de Cimento do Estado de Minas Gerais (Siprocimg), o setor tem vencido as barreiras e caminha produzindo muito bem. Cresceu 10% em 2020, primeiro ano da pandemia, e, só nos primeiros três meses de 2022, a produção teve um incremento de 8,3% quando comparado ao mesmo período do ano passado.

Para o restante do ano, porém, os industriais do setor não fazem prognósticos. São muitas as incertezas, sejam elas as que cercam as eleições brasileiras, a guerra na Ucrânia e a própria pandemia, que dá mostras de ainda não estar controlada. Mas a situação já foi mais complicada, segundo o presidente do sindicato, Lúcio Silva.

“No início de 2020, com a pandemia, veio o fantasma de que a economia iria sofrer muito, o que fez com que algumas indústrias dessem uma desacelerada. Em janeiro deste ano, as chuvas muito fortes, que vieram destruindo tudo, foram outro susto. Em alguns momentos, muitas indústrias tiveram sua produção comprometida por falta de matéria-prima como cimento ou aço, que aliás aumentaram muito (preços)”, relatou Silva.

“Hoje a situação se reequilibrou, mantendo a produção mais próxima da demanda. A Secretaria de Desenvolvimento do Estado tem conseguido um bom resultado na busca de investimentos para cá e isso impulsiona o mercado”, acrescentou o presidente do sindicato, que representa aproximadamente 2.400 empresas filiadas e cerca de 60 associadas.

O Siprocimg tem como base todas as indústrias mineiras que fabricam produtos de cimento, sejam eles blocos de concreto, piso intertravado, todos os tipos de pisos cimentícios, lajes, tubos de concreto, galerias de concreto, enfim, qualquer produto que tiver como uma das matérias-primas o cimento. Este insumo, em especial, aumentou cerca de 50% só no último ano e promete mais um reajuste em agosto.

“Este é um desafio que permanece para as nossas indústrias. Os constantes reajustes das matérias-primas são difíceis de repassar, já que não conseguimos corrigir os preços ao mesmo tempo em que recebemos os aumentos. Precisamos de um tempo maior até porque os percentuais de reajuste não estão baixos”, observou Lúcio Silva.

Combustíveis

Outra dificuldade para o setor são os reajustes dos combustíveis. “Dependemos deles para produzir, transportar matéria-prima e entregar produto acabado. Alinhar com todos os transportadores números adequados não é fácil, já que eles também sofrem com os reajustes”, completou.

Para enfrentar as dificuldades que desafiam a produção, as indústrias de produtos de cimento apostam no diálogo incessante com fornecedores e clientes. Ao mesmo tempo, segundo Silva, buscam diminuir custos, com uma produção bem enxuta, evitando desperdícios e implementando novas tecnologias. “A indústria que não faz investimento fica para trás. O que muda é o tempo. O não-investimento precisa ser momentâneo”, diz.

Performance melhor das construtoras

De maneira geral, o setor de produtos de cimento trabalha no atendimento a três clientes principais: construtoras, distribuidores e o chamado cliente de porta, que não tem atividade constante, mas, muitas vezes, pelo porte do empreendimento, vai direto à indústria na hora de comprar.

A DVG Precon, empresa com quase 60 anos de história, atua no segmento de construtoras, mas concentra 80% dos seus negócios nas revendas de material de construção. Até agora, seu faturamento cresceu 5% em relação ao mesmo período de 2021.

“O mercado de construtoras teve performance melhor do que o mercado de revenda de material de construção, onde a venda é mais pulverizada. A alta dos juros e a redução do poder de compra por causa da inflação alta prejudicaram no geral a margem das empresas no primeiro semestre de 2022”, observou a diretora do grupo, Kelly Teixeira.

Segundo ela,  no ano passado houve uma quantidade importante de lançamentos imobiliários, fazendo com que as construtoras tivessem um semestre melhor do que o varejo. “Do ponto de vista geral, a pressão de custo dos fornecedores está muito alta, os insumos continuam subindo e isso tem prejudicado as empresas. Os insumos que mais pressionaram foram aço, cimento e combustível”, informou a executiva.

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