Fabricantes têm queda de 70% na receita em Minas Gerais

Em Belo Horizonte, bares e restaurantes continuam sofrendo com as restrições de funcionamento em função da pandemia de Covid-19 e praticamente 60% dos negócios já foram extintos. Como consequência, os impactos junto às indústrias de bebidas foram inevitáveis e dados do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindibebidas-MG) dão conta de queda de 70% no faturamento em relação ao ano anterior.
De acordo com o vice-presidente da entidade, Marco Falcone, nem mesmo as estratégias de delivery e e-commerce foram suficientes para suprir as perdas causadas por oito meses de sacrifícios. Para ele, a recuperação, no melhor dos cenários, virá em, no mínimo, dois anos.
“Nos tornamos a ex-capital dos bares. O ano de 2020 foi atípico e cruel para o setor e não deveria ter existido. Começamos com o caso ‘Backer’, depois tivemos as chuvas torrenciais que caíram sobre Belo Horizonte e logo após a pandemia”, recordou enfatizando que o segmento de cervejas artesanais em Minas vinha crescendo a uma média de 20% ao ano.
Com tantos impactos, as indústrias de bebidas viram suas demandas cair drasticamente e intensificaram as vendas para supermercados e padarias, bem como criaram ou fortaleceram seus canais próprios de comercialização. Mas, quem conseguiu adotar novas estratégias utilizou os ganhos para manter o negócio, os empregos e só.
Ainda conforme Falcone, quando em setembro a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) autorizou a retomada gradual do funcionamento de bares e restaurantes da cidade, o setor como um todo conseguiu recuperar 20% do faturamento, uma vez que o grosso das vendas da indústria de bebidas destina-se ao setor. Porém, no início de dezembro, os estabelecimentos foram novamente proibidos de comercializar bebidas alcoólicas, o que interrompeu a retomada dos níveis produtivos no parque fabril do Estado.
“Realmente, vários bares e restaurantes foram irresponsáveis e não cumpriram os protocolos, mas outros cumpriram. Por isso, o Executivo municipal deveria criar um sistema de selos para classificar os bares e restaurantes e, assim, não prejudicar quem cumpre os protocolos”, sugeriu.
Em relação a 2021, o dirigente afirmou que ainda não é possível fazer projeções, porque nem as próprias autoridades sabem como a chamada segunda onda se comportará. “Nós teremos muitos fabricantes falidos e fechados no final disso tudo, mas quem sobreviver vai sair bem fortalecido”, afirmou.
Players
Sobre a chegada de importantes players do mercado cervejeiro em Minas Gerais, como o Grupo Petrópolis, que instalou sua maior fábrica em Uberaba (Triângulo), no ano passado, e a Heineken que confirmou a construção de uma planta em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Falcone, que também é cervejeiro, disse que o setor artesanal vê com bons olhos e não as enxergam como concorrentes.
“É mais um incentivo ao mercado e ao consumo consciente. A cerveja é uma bebida que acompanha a humanidade desde os primórdios, possui baixo teor alcoólico e agrega e cria empatia entre as pessoas”, finalizou.
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