Polo de autopeças no Estado produz 40% menos que antes da pandemia

O mercado automotivo continua em recuperação, embora a falta de componentes permaneça assombrando o ritmo de produção nas montadoras. O desabastecimento de componentes eletrônicos é um problema mundial e não deve se normalizar antes de 2022.
Diante da escassez de chips semicondutores, multinacionais seguem em constante alerta e o polo de autopeças localizado no Estado vive um período de altos e baixos, produzindo ainda 40% menos que no período anterior à crise imposta pela pandemia de Covid-19.
Desde o ano passado, um desequilíbrio na oferta dos semicondutores tem afetado diversos setores, inclusive a cadeia automotiva, levando as montadoras a diminuir o ritmo de produção, conceder férias coletivas aos funcionários, cancelar turnos de trabalho, suspender contratos ou até mesmo suspender linhas de montagens inteiras.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Autopeças de Minas Gerais (Sindipeças-MG), Fabio Alexandre Sacioto, o setor chegou a esboçar uma reação, mas voltou a cair nas últimas semanas. Tamanha oscilação segue em função da falta de insumos.
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“É, inclusive, este o motivo que tem levado as montadoras do Estado adequar os ritmos de produção e a conceder férias coletivas. Não vemos perspectivas de melhora no curto prazo. Uma normalização talvez só no ano que vem“, avalia.
Segundo Sacioto, o grande problema da inconstância é o aumento dos custos. “Você programa uma linha, planeja o estoque e de repente tem que parar. Cada semana tem sido uma surpresa”, completa.
Em relação ao desempenho do setor, ele diz que em comparação ao ano passado – “que foi terrível” – existe uma recuperação. Já em relação a 2019 “ainda há uma queda importante”.
Em sua projeção mais recente, o Sindipeças nacional estima crescimento de 12,9% no faturamento líquido do setor, que deve chegar a R$ 142,6 bilhões ante os R$ 126,3 bilhões do ano passado, obtidos a partir das vendas para montadoras, reposição, mercado externo e transações intersetoriais. A queda em 2020 sobre 2019, quando a receita ficou em R$ 153,1 bilhões, foi de 17,5%.
Apenas no primeiro semestre de 2021, o faturamento líquido nominal da indústria de autopeças contabilizou expansão de 96,8%. O resultado se deve ao colapso verificado no período entre abril e junho de 2020, com o fechamento de plantas industriais e o isolamento social nas grandes cidades. Todos os canais de distribuição apresentaram resultados vigorosos, sendo que as vendas para montadoras, que representam mais de 60% do faturamento das autopeças, alcançaram 112%.
No acumulado dos últimos 12 meses foi registrado crescimento de 40,0% do faturamento do setor e a utilização fabril atingiu 75% da capacidade instalada na média nacional.
Montadoras monitoram falta de componentes
No momento, as montadoras com plantas em Minas Gerais estão com as atividades normalizadas, mas seguem monitorando o abastecimento do setor.
Por meio de nota, a Mercedes-Benz, com fábrica em em Juiz de Fora, na Zona da Mata, informou que o fornecimento de matérias-primas segue sendo um grande desafio para todas as fabricantes desde 2020 e que os maiores desafios são em relação à entrega de componentes eletrônicos, como semicondutores e chips, e também de alguns produtos de origem química, metálica e polimérica. No entanto, a montadora ressaltou que não há previsão de parada na Mercedes-Benz do Brasil.
A companhia destacou ainda que criou um comitê multiáreas que monitora constantemente os processos de abastecimento e de produção para poder atender os clientes da melhor forma possível e tentar minimizar as dificuldades de abastecimento da rede global e local de logística.
Já a Fiat (do grupo Stellantis), com planta industrial em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), informou que o problema global de escassez de componentes, principalmente os chips, já dura por meses e deve se estender ainda por mais alguns.
A empresa ressaltou que está administrando o ritmo de produção conforme a disponibilidade de suprimentos e que, neste momento, não há paradas estratégicas. Mas ponderou que se trata de uma situação permanente, cuja intensidade oscila ao longo do tempo.
Já a Iveco, com planta em Sete Lagoas, na região Central de Minas, informou que não está com problemas relacionados aos componentes.
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