Economia

Falta de incentivos adia vinda de fábricas de células de baterias

Estado vem se tornando referência na cadeia do lítio, mas fabricação de maior valor agregado ainda é realidade distante
Falta de incentivos adia vinda de fábricas de células de baterias
Produção de baterias foi um dos assuntos discutidos durante o evento Brazil Lithium Summit realizado entre quarta-feira (12) e ontem na capital mineira Crédito: Diário do Comércio / Thyago Henrique

Minas Gerais tem um imenso potencial para receber a instalação de fabricantes de células de baterias de lítio, o que poderia completar a cadeia produtiva do setor no Estado. Contudo, sem ações governamentais efetivas, a região não deve receber empreendimentos desse tipo tão cedo, perdendo a oportunidade de avançar no segmento estratégico para a transição energética.

Na avaliação do CEO da Bravo Motor Company, Eduardo Javier Muñoz, o potencial mineiro, de fato, existe, porém, não é materializado. Essa transformação vai acontecer somente se houver investimentos em infraestrutura, financiamento adequado, atração de companhias e agregação de valor, segundo ele. Conforme o executivo, há uma adversidade de mercado, contudo, isso vai passar, e até lá é preciso estar preparado, caso contrário, haverá uma invasão de importados.

Nos últimos anos, os investimentos em projetos de extração de lítio tem subido exponencialmente no Estado, mas exportar a matéria-prima enquanto se importa produtos acabados não é benéfico para a economia. O dirigente ressalta que essa movimentação torna a região mais pobre do que era antes, visto que o passivo ambiental e diversos outros problemas permanecem no local.

“Perde-se uma oportunidade de desenvolvimento em um patamar totalmente diferente do que se tem hoje. Se formos ver a potencialidade e as proporcionalidades desse movimento, o não aproveitamento é um pecado, porque deixa de se desenvolver para desenvolver outros”, enfatizou Muñoz ao Diário do Comércio, durante o Brazil Lithium Summit, evento que reuniu, nos dois últimos dias, em Belo Horizonte, grandes players do setor de lítio para debater o mercado.

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No encontro, o CEO apresentou o estudo de caso “O impulso da matéria-prima para veículos elétricos”. Desde 2020, o executivo trabalha para implementar no Brasil uma fábrica de baterias de lítio, sistemas de armazenamento de energia e veículos elétricos para mobilidade pública. Batizado de Colossus Cluster, o parque industrial da Bravo Motor Company chegou a ser anunciado para Minas Gerais, mas por falta de incentivos deve ser realocado para outro estado

Fábrica de células de baterias de lítio completaria a cadeia produtiva do setor

O membro do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Vinicius Alvarenga, tem uma opinião semelhante à de Muñoz. Para ele, seguramente, o Estado tem potencial para receber uma fábrica de células de lítio, já que dispõe de insumos e empresas tecnológicas em montagem de baterias e com conhecimento acerca do tema. Contudo, isso não deve acontecer em um curto prazo, uma vez que inexiste iniciativas de fomento dos governos.

Para o representante da entidade, esse processo poderia ser acelerado se houvesse, efetivamente, políticas de incentivo a demanda, tanto baterias quanto de veículos eletrificados. Ele destaca que a fabricação das células – principal componente para a produção das baterias utilizadas nos automóveis elétricos – é o que falta para completar a cadeia produtiva do setor no Estado.

“Creio que há um potencial natural para que essa cadeia fique completa em Minas Gerais, mas talvez o prazo seja alongado por falta de demanda nacional. Acredito que seja mais difícil estabelecer uma indústria forte pensando majoritariamente em exportação. Uma política do Estado e do governo federal, de incentivar à demanda, é essencial para acelerar o aproveitamento desse potencial”, salientou Alvarenga ao Diário do Comércio no Brazil Lithium Summit.

No evento, no qual apresentou a temática “Potencial do Brasil na produção de baterias de lítio”, o membro da ABVE disse que as vendas de eletrificados estão crescendo no País. Porém, reiterou que os números estão subindo por outros fatores, faltando ainda incentivos governamentais. 

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