Faltam corretores qualificados na Capital

O mercado imobiliário de Belo Horizonte tem buscado, cada vez mais, corretores de imóveis dispostos a investir em qualificação. É que existe uma carência por esse tipo de profissional no mercado, segundo a presidente da CMI/Secovi-MG, Cássia Ximenes, e o presidente da Netimóveis e CEO das imobiliárias Cia Mineira e J Lemara, Leirson Cunha.
“Existe uma carência do profissional que está sempre com uma qualificação atualizada. Hoje temos grande apoio da inteligência artificial e o nosso público demanda mais agilidade e a utilização desses recursos de forma muito maior e mais exigente do que tempos atrás”, explica Cássia Ximenes.
Segundo ela, um corretor bem qualificado e preparado tem sempre espaço em qualquer lugar. E as características que definem esse profissional são: credenciamento junto ao Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Minas Gerais (Creci-MG); empatia pelo cliente; conhecimento da legislação da cidade e conhecimentos sobre os benefícios da inteligência artificial.
“A carência existe porque muitos profissionais, não apenas na área de corretores de imóveis, se acomodam numa posição sem entender a necessidade de buscar um aprendizado continuado. São exigências do mercado”, diz.
Já o presidente da Netimóveis destaca que o profissional que atua nesta área pensando apenas em construir rapidamente uma carreira e ganhar dinheiro não consegue alcança um futuro promissor. “A pessoa tem que ser profissional, tem que entender e tem que se capacitar. Sempre vai ter espaço para quem investe na carreira. Agora, as pessoas que querem passear pelo mercado, essas não ficam”, afirma.
Ele reforça a necessidade de o profissional se identificar com a profissão e conta que a Netimóveis oferece um plano de carreira para os funcionários da área, além de um workshop chamado Curso Básico Netimóveis (CBN).
De maneira complementar, Cássia Ximenes explica que as empresas que investem na qualificação de seus profissionais, tendem a despontar frente à concorrência. “Principalmente diante da entrada de novos players mais agressivos e mais abusados. Eles chegam também movimentando o mercado de forma a impulsionar aqueles que não acreditavam nessa necessidade de qualificação, que passam a entender a necessidade”, explica.
A presidente da CMI/Secovi-MG lembra que a instituição possui uma universidade corporativa, a Unisecovi, que oferece ampla grade de cursos para atender a necessidade dos corretores imobiliários que pretendem se atualizar. “Temos desde cursos de atualização ou apresentação de novas técnicas até cursos mais longos de graduação e de pós-graduação”, conta.
“Hoje, o profissional do mercado imobiliário, que eu gosto de chamar de ‘imobiliarista’, que queira ter destaque no mercado precisa estar presente nos congressos buscando atualização. Tem que ler, participar de cursos… Porque se não, não tem espaço. Quem manda e dita as regras é o cliente e o cliente, hoje, quer um profissional qualificado para atendê-lo”, completa.
Relação de trabalho
Por fim, o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Minas Gerais (Creci-MG), 4º Região, Alexandre Medeiros Rennó, defende que o corretor de imóveis é, basicamente, um empreendedor individual, que atua, em muitos casos, como autônomo. “O corretor pessoa física pode ter um CNPJ, então, objetivamente, ele é um empreendedor individual, estando ou não ligado a uma imobiliária de maior porte”, explica.
Dessa forma, Rennó conta que a leitura correta a se fazer da empregabilidade deste profissional é muito mais de mercado, em um aspecto macro, do que da relação tradicional entre empregador e empregado. “A gente está falando de uma categoria de um profissional liberal e de uma prestação de serviço. Isso é diferente da relação de emprego”, conclui.
Expectativa da construção volta a cair
São Paulo – Construtoras reduziram pela segunda vez neste ano sua previsão de crescimento em 2023, segundo dados divulgados ontem pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), citando fatores que incluem cenário de juros altos e redução de lançamentos imobiliários.
A entidade havia previsto em dezembro crescimento de 2,5% para o setor este ano, que já marcaria uma desaceleração sobre a expansão de 6,9% de 2022 e a alta de 10% de 2021.
O dado foi revisto em abril para avanço de 2% do setor em 2023 e mais uma vez cortado, nesta segunda-feira, para crescimento de 1,5%. “Taxa de juros elevada é o principal desafio para a construção sustentar o seu ciclo de crescimento”, afirmou a Cbic em apresentação a jornalistas. “Crescimento de 1,5% é muito baixo para que a construção consiga retomar o pico de suas atividades alcançado em 2013”, acrescentou a entidade.
Apesar da redução da projeção de crescimento, o índice de expectativas dos empresários do setor seguiu apresentando crescimento, chegando a 55 pontos em julho, acima dos 54,3 de junho, mas abaixo dos 57,5 de um ano antes, segundo a Cbic, que citou dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador de julho está acima da linha divisória que separa crescimento de redução desde fevereiro deste ano.
Parte do otimismo do empresariado decorre de mudanças nas regras de crédito aos consumidores, afirma a Cbic, que citou a elevação em julho de 42% no orçamento do FGTS para financiamento habitacional, passando de 68,1 bilhões para 96,9 bilhões de reais. Os recursos adicionais serão usados para reforço do programa Minha Casa Minha Vida e para a linha de crédito habitacional Pró-Cotista, disse a entidade.
Questionado sobre o nível de firmeza da nova projeção diante das novas regras do FGTS e da perspectiva de queda de juros, o presidente da Cbic, Renato Correia, afirmou que vai depender “da agilidade de se transformar o recurso alocado em agilidade até o canteiro de obra”.
“A partir do terreno aprovado, tem 150 dias para a contratação da obra. Se isso acontecer mais rápido podemos ter um desempenho um pouco melhor”, continuou Correia.
O setor ainda aguarda que o governo federal anuncie um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), previsto para agosto, além da expectativa pela redução da Selic.
A economista da Cbic, Ieda Vasconcelos, frisou que apesar do novo corte na projeção, a estimativa para o setor ainda é de um terceiro ano de crescimento consecutivo, algo que não acontece “há muito tempo”. (Reuters)
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