Economia

Famílias de BH sustentam expectativa de consumo maior para os próximos meses  

Segundo a pesquisa Intenção de Consumo das Famílias, a intenção de consumo vem se mantendo, principalmente, por conta da confiança no emprego atual
Famílias de BH sustentam expectativa de consumo maior para os próximos meses  
Foto: Alessandro Carvalho Diário do Comércio

As famílias de Belo Horizonte pretendem manter o consumo em alta nos próximos meses, ancoradas pela segurança no emprego e pela satisfação com a renda atual. Ainda assim, a pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF) na Capital registrou queda de 1,3 ponto em fevereiro, com o indicador geral registrando 88,1 pontos, abaixo do nível de satisfação que é de 100 pontos.

Já o indicador para a segurança no emprego se mantém em nível de satisfação, aos 108,9 pontos, mas ainda assim sofreu oscilação negativa de 0,3 ponto em relação ao mês de janeiro. Os dados foram analisados pelo núcleo de Pesquisa & Inteligência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG) e aplicados pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). 

De acordo com a economista da Fecomércio MG Gabriela Martins a intenção de consumo vem se mantendo, principalmente, por conta da confiança das famílias no emprego atual, visto que o mercado de trabalho ainda se mantém aquecido.

“Acrescido a isso, as famílias apresentaram uma melhor percepção quanto a renda atual, apesar da inflação que persiste entre itens de subsistência como, por exemplo, na alimentação. Essa percepção quanto a melhoria da renda atual, por sua vez, pode estar atrelada ao aumento real obtido no reajuste do salário mínimo”, observa.

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O indicador para o grupo das famílias que ganham até dez salários mínimos se mantém positivo aos 105,9 pontos, mas ainda menor que o verificado entre as famílias com renda superior, que é de 128,4 pontos.

Para 45,3% dos entrevistados, a segurança quanto ao emprego atual não se alterou em relação a igual período de 2024 e um percentual de 29% se considera mais seguro no emprego. Os que se sentem menos seguros somam 20,1%. 

A perspectiva profissional para o chefe da família em seis meses, com 83,8 pontos, registrou queda de 4,5 pontos em fevereiro na comparação com janeiro. Para 54,2% dos entrevistados não haverá melhora para o chefe de família nos próximos meses, enquanto que para 38% haverá.

A expectativa positiva é maior entre as famílias com renda acima de dez salários, atingindo a pontuação de 51,0%. Entre as de menor renda, a expectativa negativa para a melhoria profissional do chefe de família em seis meses atinge 56,8%.

O indicador de satisfação com a renda atual, em comparação ao mesmo período do ano passado, subiu 2,3 pontos alcançando 98,1 pontos em fevereiro. Entre as famílias com renda acima de dez salários, o indicador vai a 115,5 pontos ficando em 95,4 para as de menor renda. Para 50,1% dos entrevistados, a renda de fevereiro está igual ao mesmo mês de 2024 e para 24% está melhor. Para 25% a renda está pior atualmente, o que não favorece o consumo em Belo Horizonte. 

O acesso ao crédito aumentou 3,6 pontos chegando a 85,5 em fevereiro. Enquanto para as famílias com ganho acima de dez salários ele é insatisfatório, com 82,3 pontos, entre as de maior renda alcança nível de satisfação aos 105,7 pontos. Para 37,9% dos consumidores, está mais difícil comprar a prazo no segundo mês de 2025, enquanto para 37,3% a situação se iguala ao mês de fevereiro de 2024. 

A economista da Fecomércio MG avalia que, apesar da situação do emprego atual das famílias ainda estar em um ponto de satisfação, esse índice retraiu em relação ao mês anterior. Em contrapartida, a perspectiva profissional das famílias já se encontra em um nível de insatisfação e está retraindo consideravelmente nos últimos meses.

“Esse comportamento pode estar atrelado a percepção das famílias quanto ao momento atual da economia, com juros altos e a possibilidade de desaquecimento do mercado de trabalho. Esta percepção, por sua vez, afeta diretamente o nível de consumo atual, deixando os agentes mais cautelosos na hora de consumir”, explica Gabriela Martins.

Já o nível de consumo em Belo Horizonte registrou queda de 1,6 ponto chegando a 80,4 pontos em fevereiro. Para 45,4% dos entrevistados a família está comprando menos neste ano. Outros 25,8% dizem estar comprando mais atualmente e 28,6% indicam que a família está comprando agora em patamares iguais aos de fevereiro de 2024. 

O indicador de perspectiva de compra nos próximos meses foi aos 103,9 pontos com queda de 1,5 ponto em relação ao mês anterior. Os dois grupos de famílias entrevistados indicam que esperam comprar mais nos próximos meses do que compraram no segundo semestre de 2024. Enquanto 32,3% apontam que comprarão mais, 39,2% dizem que comprarão de forma igual ao segundo semestre do ano passado e 28,3% dos entrevistados afirmam que as compras ficarão abaixo daquele período nos próximos meses.

Apesar do mercado de trabalho aquecido e do ganho real de renda de boa parte das famílias, estamos enfrentando um período em que os juros altos e os preços de itens básicos estão sofrendo muito com a inflação. Por isso, os consumidores devem buscar sempre um equilíbrio entre os gastos e a saúde financeira, atentando-se ao planejamento financeiro e evitando o uso de modalidades de crédito que possuam juros muito altos”, orienta Gabriela Martins. 

O ICF de fevereiro mostra também para 70,9% dos consumidores de Belo Horizonte o momento não é bom para o consumo de bens duráveis.

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