Farmacêutica Novo Nordisk vai investir R$ 6,4 bi para expansão de fábrica de Montes Claros

A farmacêutica Novo Nordisk anunciou, nesta segunda-feira (7), R$ 6,4 bilhões em investimentos destinados para o projeto de expansão da fábrica em Montes Claros, na região Norte de Minas Gerais. O objetivo da multinacional é ampliar a capacidade de fabricação de medicamentos para tratamento de doenças crônicas graves na unidade. A cerimônia de anúncio dos investimentos contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin e diversos ministros.
O projeto prevê a implantação de novos processos de produção asséptica, um almoxarifado e um novo laboratório de controle de qualidade na unidade fabril de 64 mil metros quadrados (m²). A nova operação contará com tecnologia e terá foco na sustentabilidade, com toda energia consumida produzida por painéis solares, além de adotar coleta e reutilização de água da chuva.
A expectativa da companhia é de que essa expansão possa gerar cerca de 600 empregos permanentes na região, após a conclusão das instalações. Atualmente, a fábrica conta com cerca de 1,8 mil colaboradores. O início das operações está previsto para o começo de 2028.
Durante seu discurso, Lula lembrou que, nos anos 1980, Montes Claros era conhecida como cemitério de empresas, mas, hoje ela recebe o maior investimento privado da história da indústria farmacêutica nacional.
“O nosso governo será sempre parceiro daqueles que trabalham para o desenvolvimento do Brasil e para a evolução da competitividade de nossa economia. Nós consideramos a Novo Nordisk um grande parceiro nesta empreitada”, declara Lula.
O CEO global da Novo Nordisk, Lars Jørgensen, destacou a história da companhia no Brasil, desde as primeiras insulinas fornecidas aos pacientes brasileiros há mais de 30 anos, passando pela produção local de medicamentos na unidade de Montes Claros, até os projetos recentes da empresa. “Nós atendemos mais de 4 milhões de pacientes no Brasil todos os anos”, afirma.
Ele também ressaltou a importância da fábrica mineira para a multinacional, uma vez que a unidade fornece medicamentos para mais de 70 países. Atualmente, 25% da insulina produzida globalmente pela Novo Nordisk é enviada de Montes Claros. Além disso, o mercado brasileiro está entre os cinco maiores da farmacêutica dinamarquesa, que vende para aproximadamente 170 países.
Para o dirigente, este projeto aumentará a capacidade da empresa de atender a demanda atual por medicamentos inovadores. “O anúncio de hoje é histórico tanto para a Novo Nordisk quanto para o Brasil”, declara.
Já o vice-presidente corporativo da fábrica da Novo Nordisk em Montes Claros, Reinaldo Costa, lembra que a companhia já havia anunciado, em 2024, mais de R$ 1 bilhão em investimentos para a unidade fabril. “O Brasil é um país super estratégico para a companhia”, afirma.
Ele ainda ressalta que a multinacional tem contribuído para o desenvolvimento econômico, social e sustentável da região. “Nós estimamos que as operações da Novo Nordisk, no Brasil inteiro, contribui com cerca de R$ 7 bilhões para o PIB brasileiro por ano”, aponta.
“Nós vamos, efetivamente, construir uma nova fábrica nessa mesma área…de 74 mil m²… com tecnologia de ponta”, afirma Costa, acrescentando que a capacidade de produção terá “um aumento considerável e significativo”, mas sem detalhar números. A fábrica atual tem um espaço de 64 mil m².
Tanto Costa quanto Jørgensen pontuam que a farmacêutica tem como objetivo extinguir todas as doenças crônicas graves no mundo. Eles também destacam o papel do País e desse projeto de expansão nessa missão da empresa.
O prefeito de Montes Claros, Guilherme Guimarães (União Brasil), ressalta a importância da união do governo estadual e federal para o desenvolvimento deste tipo de projeto. Ele ainda destaca as vantagens que a cidade oferece para as empresas instaladas no município mineiro.
“Montes Claros é forte por causa da sua situação geográfica e das estradas que passam pela cidade”, diz.
Obras de expansão já começaram na Novo Nordisk
De acordo com a Novo Nordisk as obras de construção já começaram. A fábrica atenderá a diversos formatos de produtos, incluindo produtos GLP-1, como a semaglutida, princípio ativo do Ozempic e Wegovy, ambos da Novo Nordisk, usados no tratamento de doenças crônicas como diabetes tipo 2 e também em obesidade.
“Com essa nova expansão, estamos trazendo o que é de mais inovador da Novo em termos de produtos… Continuamos fazendo os produtos atuais, mas também estamos trazendo produtos inovadores da Novo para o Brasil”, acrescentou Costa.
Em 2024, a empresa anunciou investimentos de R$ 1,364 bilhão para a fábrica mineira, onde a Novo Nordisk produz desde 2021 a enteroquinase, enzima essencial para a fabricação de ingredientes farmacêuticos ativos para análogos de GLP-1, e desde 2008 a ALP, enzima usada na produção da insulina.
Além da fábrica em Minas Gerais, inaugurada em 2007, a Novo Nordisk também tem uma sede administrativa em São Paulo (SP) e um centro de distribuição em São José dos Pinhais (PR).
Patentes
O investimento foi anunciado em um momento em que farmacêuticas brasileiras se preparam para entrar com força no segmento do Ozempic. “Nosso compromisso de longo prazo com o Brasil continua”, afirmou Jørgensen ao anúnciar o investimento em Minas Gerais.
No final de março, executivos da farmacêutica brasileira Hypera afirmaram que a companhia planeja lançar no Brasil um medicamento baseado no princípio do Ozempic assim que a patente do medicamento cair em março do ano que vem no País.
Costa afirmou que a Novo Nordisk não vê a expiração da patente no Brasil no próximo ano e em outros países no futuro com preocupação, explicando que se trata de um processo normal da indústria farmacêutica.
“A mensagem importante é que nós nos consideramos uma empresa pioneira focada em inovação, então, tendo essa possibilidade, sendo uma empresa pioneira e inovadora, estar no mercado com esse produto antes é muito importante para gente”, afirmou. “Não vemos isso como uma preocupação.”
No caso específico no Brasil, ele reforçou que a fábrica é uma das mais estratégicas da empresa no mundo, atende ao mercado brasileiro, mas também ao mercado internacional, e “essa direção estratégica se mantém com essa expansão.”
“A decisão de fazer o investimento não está relacionada com a patente em si, porque fazemos parte de uma rede global de fabricação… Uma vez que está aumentando a demanda de produtos da Novo no mundo inteiro, temos a necessidade de aumentar a capacidade produtiva nessa rede global”, reforçou.
O executivo também minimizou potenciais efeitos da guerra comercial global desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele afirmou que a Novo Nordisk tem uma fábrica muito grande nos EUA, que também está sendo expandida, enquanto aquele país não faz parte do destino dos produtos fabricados no Brasil.
(Com Agência Reuters)
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