Faturamento de pequenos e médios empreendedores on-line cresce 16% em Minas

Os pequenos e médios empreendedores on-line mineiros faturaram 16% a mais com as vendas no primeiro semestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado. Os segmentos de moda e acessórios foram os setores que mais faturaram no Estado. Os dados são do levantamento realizado semestralmente pela Nuvemshop, plataforma de e-commerce com cerca de 120 mil lojas on-line.

Para o economista-chefe da Fecomércio MG, Stefan D’Amato, a pandemia de Covid-19 acelerou a mudança de padrão de consumo, impulsionando a popularidade das compras on-line. Ele explica que a conveniência, a segurança, a variedade de produtos e os avanços tecnológicos contribuíram para essa mudança significativa, permitindo que os consumidores comprem a qualquer hora e de qualquer lugar. “As empresas se adaptaram e expandiram suas operações on-line, enquanto consumidores adotaram o comércio eletrônico como uma forma conveniente e segura de adquirir produtos e serviços”, avalia.

Nos primeiros seis meses deste ano, de acordo com o estudo da Nuvemshop, foram vendidos dois milhões de produtos em Minas Gerais, movimentando R$ 148,5 milhões. O montante é 5% superior ao mesmo período do ano passado, quando R$ 1,9 milhão foram movimentados. Para Guilherme Arantes, especialista em e-commerce da Nuvemshop, os lojistas do Estado e de todo o Brasil se adaptaram às necessidades dos consumidores. “Eles buscaram novas tecnologias e soluções que impulsionaram o varejo on-line e atingiram um público cada vez mais conectado e acostumado às compras on-line”, analisa.

Para Stefan D’Amato, os avanços tecnológicos contínuos também contribuíram para a maior confiança neste tipo de compra. “Interfaces intuitivas, pagamentos seguros e logística eficiente de entrega são fatores que combinados foram os protagonistas do crescimento do segmento de compras on-line durante o primeiro semestre”, avalia.

O economista alerta, entretanto, que há desafios ainda a serem superados no setor. A logística é um deles. “No Estado e no País, a infraestrutura logística é precária e a falta de conectividade em algumas regiões é um problema. Há também as preocupações com a segurança e a confiança dos consumidores, que são itens que devemos destacar”, diz.

Ele ressalta também que a complexidade da carga tributária e a burocracia, além da intensa competição no mercado, são aspectos importantes a serem considerados. “Superar esses gargalos requer investimentos em infraestrutura, políticas governamentais favoráveis e inovação contínua”, alerta.

Ticket e setores

O levantamento da Nuvemshop mostrou ainda que o ticket médio por compra chegou a R$ 241,20 e que o número de pedidos também aumentou. Passando de 565 mil em 2022 para 616 mil em 2023, ou seja, um crescimento de 9%. E na análise do economista da Fecomércio, a tendência é de uma expansão contínua.

No estudo, o setor de Moda foi o segmento que mais faturou no período, registrando R$ 70,6 milhões; Acessórios, em segundo, com mais de R$ 8 milhões, e Saúde & Beleza, com faturamento superior a R$ 7 milhões. Os três se destacaram no ranking do Estado.

Para D’Amato, o destaque nesses segmentos no ranking de faturamento demonstra que esses setores têm um bom desempenho e provavelmente continuarão a impulsionar o crescimento. “Além disso, o aumento no número de produtos vendidos e o crescimento no valor médio por compra são indicadores de um mercado aquecido. Assim, espera-se que o comércio eletrônico em Minas Gerais continue a prosperar no segundo semestre de 2023”, projeta.

O especialista da Nuvemshop ressalta que uma tendência em observação é a junção do on-line com o físico, ou seja, compras virtuais que podem ser retiradas em lojas físicas, por exemplo. “Outra tendência promissora no varejo eletrônico é o link de pagamento, que permite que o lojista faça vendas de forma simples mesmo em canais fora do seu e-commerce próprio, como no presencial ou pelas redes sociais”, lembra.

Reforma tributária gera atenção do segmento

Sendo o setor bastante refém dos tributos, a reforma tributária é uma expectativa que gera atenção para o futuro do segmento varejista on-line. O economista da Fecomércio-MG analisa que a reforma pode trazer mudanças significativas para o comércio eletrônico e os empreendedores precisam ficar atentos.

“Uma redução da carga tributária sobre as atividades do comércio eletrônico poderia estimular o crescimento e a competitividade do setor, incentivando mais empreendedores a entrar no mercado e aumentando o poder de compra dos consumidores. Por outro lado, se houver aumento da carga tributária ou a inclusão de novos impostos específicos para o comércio on-line, isso poderia criar desafios adicionais para as empresas do setor”, prospecta.

Outra questão levantada é que a reforma pode impactar a forma como as obrigações fiscais e a arrecadação de impostos são implementadas e gerenciadas. “Sistemas eletrônicos de emissão de notas fiscais podem ser adotados e a simplificação dos processos de recolhimento de impostos podem facilitar a conformidade tributária para as empresas do comércio eletrônico”, diz.

Apesar da alta, resultado fica abaixo da média nacional

Apesar do crescimento das vendas mineiras, os números dos negócios ficaram abaixo da média nacional. Em todo o Brasil, as pequenas e médias empresas faturaram R$ 1,5 bilhão com o varejo on-line no primeiro semestre, registrando aumento de 25% em relação a 2022.

Sobre isso, Guilherme Arantes, da Nuvemshop, explica que é natural alguns Estados em que o comércio on-line esteja se fortalecendo agora, como Ceará, Goiás e Santa Catarina, registrem crescimentos mais acelerados e alavanquem a média nacional para cima. “Outros estados tradicionais, por já estarem estabelecidos, registraram crescimentos de forma mais estável, como é o caso de São Paulo e Minas Gerais. Porém, Minas cresce de forma contínua, ficando sempre entre os três primeiros do ranking nacional de maiores faturamentos nos levantamentos realizados pela Nuvemshop”, revela.

Para a análise, foram consideradas as vendas realizadas entre janeiro e junho de 2022 e 2023 de toda a base de lojistas brasileiros da Nuvemshop.