Faturamento da indústria cai 8,2% em Minas Gerais

O setor industrial mineiro ainda não deu sinais de uma recuperação consistente. Foi o que mostrou a pesquisa Indicadores Industriais (Index), referente a julho, divulgada ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). No sétimo mês do ano foi apurada queda em quase todos os índices, em relação a junho. O faturamento real da indústria geral, composta pelos setores de transformação e extrativa, recuou 8,2% nessa base de comparação. Foi o pior resultado registrado para julho, desde o início da série histórica, em 2003.
O desempenho negativo do faturamento real em julho, após uma alta de 8,9% em junho, é explicado tanto pela queda nas indústrias de transformação (-8,1%) quanto extrativa (-6,3%). De acordo com a analista de Estudos Econômicos da Fiemg, Júlia Silper, o recuo no setor de transformação é resultado de questões específicas, como por exemplo o atraso no embarque de mercadorias para exportação e também devido à sazionalidade em alguns setores.
“Em junho, época de fechamento de semestre, há algum esforço para bater metas, o que pode explicar a diferença observada em relação a julho”, explica.
Na comparação com julho de 2018, a queda no faturamento real foi ainda mais expressiva, de 10%, puxada pelas indústrias de transformação (-2,8%), mas, principalmente, pela extrativa (-59,4%). Esse resultado, segundo Júlia, pode ser atribuído às paralisações de mineradoras no Estado, após o rompimento da barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), ocorrido em 25 de janeiro deste ano.
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O mesmo desempenho negativo é observado no acumulado do ano até julho, quando o faturamento da indústria geral retraiu 4,8%, em razão da redução de 49,4% na indústria extrativa. Na indústria de transformação, houve pequeno aumento, de 0,2%, no período.
Em 12 meses, houve queda de 1,7% no faturamento da indústria geral, puxada pelo recuo de 22,8% na indústria extrativa.
Apatia – De acordo com a pesquisa da Fiemg, no acumulado de janeiro a julho, não apenas o faturamento real, mas também outros indicadores da indústria “continuaram refletindo a apatia da atividade no Estado”. À exceção do emprego, que subiu 0,4% no período em relação a 2018, os índices de horas trabalhadas, massa salarial e rendimento médio real apresentaram resultados piores do que os apurados no mesmo período de 2017 e 2018.
Entre os motivos que dificultaram a retomada da atividade industrial mineira no acumulado até julho, a analista da Fiemg destaca a manutenção de paralisações parciais no setor extrativo mineral e um “cenário externo conturbado”, com perspectivas de desaceleração nas principais economias mundiais, como China, Estados Unidos e Alemanha, além da crise na Argentina, que é importante mercado para o Brasil.
Expectativas – Apesar das dificuldades e de uma conjuntura externa desfavorável, há perspectiva de melhora da atividade industrial no Estado a partir do último quadrimestre do ano. Entre os fatores que podem contribuir para a retomada estão medidas macroeconômicas já anunciadas, como a liberação do FGTS/PIS, e a redução da Selic, hoje com taxa de 6% ao ano, mas que, segundo previsões do mercado, ainda pode cair para 5% neste ano.
Também é considerada um fator positivo a agenda econômica, que inclui a MP da Liberdade Econômica, além das reformas da Previdência, em fase de conclusão, e a tributária, ainda em momento de discussões.
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O faturamento da indústria brasileira aumentou 2% em julho na comparação com junho, na série livre de influências sazonais.
“Esse foi o segundo mês consecutivo de crescimento e a primeira vez no ano em que o faturamento cresce por dois meses seguidos”, afirma a pesquisa Indicadores Industriais, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Contudo, na comparação com julho do ano passado, o faturamento do setor registra queda de 0,5%.
Outros indicadores positivos em julho foram a utilização da capacidade instalada, com aumento de 0,1 ponto percentual, e a massa real de salários, que subiu 0,2% frente a junho, na série dessazonalizada. A utilização da capacidade instalada alcançou 77,7% e está 0,1 ponto percentual abaixo da verificada em julho de 2018. A massa real de salários ficou 0,9% inferior é de julho do ano passado.
No entanto, as horas trabalhadas na produção, o emprego e o rendimento médio real do trabalhador recuaram em julho. As horas trabalhadas na produção caíram 0,5% em relação a junho, na série com ajuste sazonal. Foi a terceira queda consecutiva do indicador, que está 0,3% menor do que o verificado em julho de 2018. O emprego recuou 0,1% e o rendimento médio do trabalhador diminuiu 0,2% em julho frente a junho, na série dessazonalizada. Na comparação com junho do ano passado, a queda no emprego é de 0,5% e a do rendimento médio é de 0,4%.
“A indústria continua sem registrar recuperação significativa na comparação com 2018”, avalia a CNI. “A indústria se ressente de uma demanda mais forte, que estimule o aumento da produção e a ocupação da capacidade instalada. A redução da ociosidade é fundamental para a retomada do investimento, o que aceleraria a recuperação da indústria”, afirma o economista da CNI, Marcelo Azevedo. (Agência CNI)
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