Economia

Faturamento da indústria em Minas recua no 1º bimestre

Faturamento da indústria em Minas recua no 1º bimestre
Em fevereiro, o emprego na indústria mineira caiu 0,2% | Crédito: Divulgação

O faturamento da indústria mineira caiu pela segunda vez consecutiva neste ano. Entre janeiro e fevereiro o setor registrou uma queda de 2,3%, acumulando retração de 7,2% no primeiro bimestre, ante igual período de 2021. Os dados são  da Pesquisa de Indicadores Industriais (Index), divulgada ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). 

Em fevereiro, na comparação com o mesmo intervalo do ano passado, o faturamento do setor industrial no Estado recuou 8,4%.  Por outro lado, no acumulado dos últimos 12 meses, o indicador apresenta alta de 8,9%.

O que justifica essa queda no acumulado de 2022, no entanto, é o período chuvoso, conforme explica a analista de estudos econômicos da Fiemg, Júlia Silper. As chuvas afetaram de forma significativa o Estado, afetando o escoamento da produção e paralisando boa parte das principais mineradoras em Minas. 

Para se ter uma ideia, com o fim das chuvas, a indústria extrativa registrou crescimento de 2,6% no faturamento na comparação com o período imediatamente anterior. 

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Dessa forma, o que puxou o resultado do setor em Minas foi a indústria da transformação. O faturamento do segmento recuou 3,9% em fevereiro, ante janeiro, segundo os dados da Fiemg.

“A indústria é composta pelas atividades extrativas e de transformação. A transformação tem um peso maior e caiu neste mês, o que puxou o resultado geral de queda. Mas eu destaco que o recuo de janeiro foi um problema pontual da chuva, porque muitas mineradoras não conseguiram exportar”, analisou Júlia Silper em relação à dificuldade das mineradoras em escoar as toneladas de materiais naquela época. 

Emprego e capacidade instalada 

A pesquisa também revelou que o emprego caiu 0,2% em fevereiro deste ano. É a primeira vez que o índice representa um resultado negativo nos últimos doze meses e no comparativo entre os meses de fevereiro de 2022 e 2021. A analista de estudos econômicos da Fiemg aponta, no entanto, que a entidade ainda percebe o resultado com um sinal de estabilidade, sendo que projeções sobre novas quedas dependem dos indicadores nacionais do emprego. 

Júlia Silper ressaltou, ainda, que a taxa de desemprego no País ainda é elevada, ainda que tenha tido algumas retrações nos últimos meses. “As perspectivas são de que os próximos meses serão desafiadores. Com as eleições chegando, as pessoas seguram um pouco mais os investimentos devido às incertezas”, afirma ela. 

Apesar do recuo do emprego, a massa salarial teve avanço de 3% em fevereiro, o que a entidade atribui à distribuição de lucros que ocorre nesse período do ano. 

Nova crise de insumos

Outro ponto de destaque nos resultados do faturamento da indústria está ligado à guerra na Ucrânia, o que é explicado por duas condições: a elevação do preço de commodities, com destaque para o combustível, e a escassez de matérias-primas de indústrias. De forma geral, a incerteza diante dos desfechos da guerra também assombra investimentos e impõe cautela no ritmo das indústrias. 

Essa realidade de insumos mais caros ou faltantes no mercado não é nova. Pelo contrário, a analista de estudos econômicos da Fiemg lembra que o fator traz impactos negativos para a indústria desde o início da pandemia da Covid-19. “O encarecimento dos combustíveis tende a tornar os custos das indústrias mais altos. A escassez de contêineres também tem elevado esses custos”, acrescenta Silper.

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